Seminário na Assembleia debate dificuldades de gestão nas áreas de PICs
O secretário municipal de Saúde de Florianópolis, Daniel Moutinho, e a representante da Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal, Soraya Coury, participaram de mesa-redonda na manhã de hoje (5) para discutir os desafios na implementação de Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no Sistema Único de Saúde (SUS).
A atividade integra a programação do II Seminário de Práticas Integrativas e Complementares da Região Sul, realizado no auditório Deputada Antonieta de Barros, no Palácio Barriga Verde. O evento é promovido pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa e realizado pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira.
Em Florianópolis, a inserção das PICs no SUS tem como foco o cuidado continuado, humanizado e integral em saúde. A ênfase é dada à atenção básica, área em que a cidade possui 90% de cobertura. Do total de 50 centros de saúde, 47 já oferecem práticas integrativas e complementares como opção terapêutica. Só em 2012 foram realizados mais de 6.500 atendimentos. “Nosso desejo é que se estenda a todos. Para ampliar esse cenário, é fundamental ter um planejamento com metodologia clara e estratégica, que inclua a capacitação permanente na área”, disse Moutinho.
Com essa proposta, foi criada em 2010 uma comissão especial. Ela é responsável por desenvolver um plano local de implantação de ações em PICs e realizar oficinas de sensibilização com profissionais da rede básica. De acordo com o secretário, hoje mais de 150 profissionais são habilitados em alguma dessas práticas. As mais procuradas são a acupuntura, a auriculoterapia e a homeopatia.
Para Moutinho, os principais desafios enfrentados pela gestão referem-se à continuidade, sustentabilidade e legitimação das PICs. “O maior entrave é o financiamento”, ressaltou. “Para demonstrarmos a efetividade dessas práticas e a necessidade de sua implantação no SUS, é importante traduzir as ações em resultados práticos, com avaliações de impacto”, complementou.
O secretário citou como exemplo uma pesquisa realizada de janeiro a junho de 2012 na unidade do bairro Saco Grande, que comprovou a redução de 30% na utilização de analgésicos e 50% de antiinflamatórios neste período. “Apesar de ser um prazo curto, são dados significativos em termos de qualidade de vida e redução de riscos. O estudo corrobora os benefícios aos usuários do SUS. Não é apenas uma questão de custo, mas também de evitar reações adversas por uso continuado de medicamentos”.
O trabalho desenvolvido em Florianópolis é, na opinião do moderador da mesa-redonda, o médico homeopata Hilton Sarcinelli Luz, um modelo a ser seguido por outras secretarias municipais. “É algo pioneiro, não é apenas uma intenção, é um plano em execução exemplar e motivador. Confio no sucesso dessa iniciativa”, salientou.
Assim como na capital catarinense, o Distrito Federal trabalha com um plano de ação para atingir suas metas. Conforme a representante da Gerência de Práticas Integrativas em Saúde (Gerpis) da Secretaria de Estado de Saúde do DF, Soraya Coury, no ano passado foi alcançado o objetivo de ter cerca de 50% das 195 unidades existentes com oferta de algum tipo de PI. Só neste período foram realizadas mais de 24 mil consultas de acupuntura e homeopatia.
A inserção de práticas integrativas no SUS do Distrito Federal teve início em 1986. “Temos 27 anos de história. Com o passar do tempo, houve uma evolução. Começamos como programa, depois passamos a serviço, em seguida a núcleo e hoje somos uma gerência. Iniciamos com fitoterapia e homeopatia e hoje temos ao todo 14 práticas implantadas”, destacou Soraya. Entre elas, a automassagem, a shantala, o reiki, a musicoterapia, o tai chi chuan, a arteterapia e a meditação. “Além de lidarmos com uma grande área de abrangência, o nosso maior desafio é a sensibilização dos gestores”, afirmou a nutricionista funcional e musicoterapeuta.
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