Seminário debate causas e formas de prevenção do suicídio
FOTO: Solon Soares/Agência AL
Um problema de saúde pública que causou mais de 7 mil mortes em Santa Catarina nos últimos dez anos, mas que ainda permanece como tabu, que as pessoas evitam comentar. Assim é o suicídio, mal que atinge gente de todas as faixas etárias, gêneros e classes sociais. Tirar o véu que encobre o assunto e trazê-lo para o dia a dia, ajudando na prevenção, é um dos objetivos do seminário “Viver, a melhor escolha: o desafio pessoal de sobreviver aos problemas da sociedade moderna”.
Na noite desta segunda-feira (18), a Câmara de Vereadores de Itajaí recebeu a terceira etapa regional do seminário promovido pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira e Comissão de Prevenção e Combate às Drogas da Assembleia Legislativa. Para o presidente da comissão e idealizador da série de seminários, deputado Ismael dos Santos (PSD), duas questões são importantes neste assunto.
“Uma é a proposta de conscientização, de sensibilizar atores, protagonistas, agentes públicos para que de fato esse tema não fique no silêncio. O silêncio é o grande adversário da questão da depressão e do suicídio”, afirmou o parlamentar. “A segunda é a conexão com a nossa proposta de comissão de prevenção e combate às drogas, que é a conexão droga-depressão-suicídio”, completou.
Para Ismael, a ideia é debater as situações que podem levar alguém ao suicídio. “A depressão acaba sendo uma antessala para o suicídio, mas há muitos fatores”, avaliou.
Outra intenção é falar das estratégias para identificar os sinais de risco de suicídio entre os jovens, pois as estatísticas mostram que o problema vem aparecendo cada vez mais cedo. “No Brasil, aumentou em 200% o suicídio em jovens menores de 17 anos. Na faixa etária de 17 a 29 anos, é a segunda causa de morte. A primeira é o acidente automobilístico”, revelou Ismael. “Quais são os sinais? O que fazer como meio de comunicação, família, igreja, escola? Quais são as estratégias de proteção que podemos dar à nossa criança, ao nosso adolescente?”, questionou.
Falar é essencial
O médico psiquiatra Rodrigo de Assumção revelou números assustadores sobre o suicídio. “A cada três segundos alguém tenta tirar a vida. A cada 40 segundos alguém consegue.” Para ele, falar sobre o assunto é essencial para a prevenção.
“Falando sobre o assunto, tenho certeza de que muitos dos preconceitos vão cair por terra. As pessoas vão saber que quando se procura um profissional – um psicólogo, um médico, um psiquiatra – não está louco, como se dizia antigamente. Doido é quem não procura nesse mundo alucinado, louco, que a gente vive”, afirmou.
De acordo com Assumção, se o suicida for ouvido, o primeiro impulso de se matar pode passar. “Quando a pessoa é ouvida e ela passa aquela fase de impulsionamento, em que ela está decidida, muitos dos casos a gente tem um resultado muito legal que é a desistência do planejamento dela”, disse. “É claro que ela pode voltar com os mesmos pensamentos se não cuidar, mas se ela for acolhida, se ela for revertida, a chance de reverter o quadro é muito grande”, completou.
A solução, para ele, é prevenir. “É se cuidar, se precaver, se prevenir, com boa alimentação, atividade física, psicoterapia, fé e espiritualidade é importante também. Enfim, tudo isso vai juntando, com medicação a pessoa vai encontrando uma estabilidade, um quadro emocional estável para, no futuro, quem sabe reduzir as medicações a voltar a suas atividades normais”, concluiu.
Triste liderança
O deputado Ismael dos Santos apresentou o ranking de suicídios em Santa Catarina nos últimos dez anos, com base em números da Polícia Civil. Florianópolis está em primeiro lugar.
Florianópolis | 396 |
Joinville | 381 |
Blumenau | 327 |
Criciúma | 202 |
Chapecó | 282 |
São José | 165 |
Itajaí | 163 |
Lages | 154 |
Palhoça | 137 |
Concórdia | 125 |
Brusque | 117 |
Balneário Camboriú | 113 |
Jaraguá do Sul | 103 |