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16/09/2009 - 17h25min

Seminário abordará as dificuldades de aprendizagem

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As estatísticas da educação apontam um alto índice de crianças, adolescentes e adultos que apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizagem. Diante deste quadro, Santa Catarina sediará, de 18 a 20 de setembro, no município de São José, o primeiro Seminário de Dificuldades de Aprendizagem – Dislexia em Foco. O evento resulta de uma iniciativa do Instituto Psicológico e Saúde da Família (Afamel) em parceria com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) e conta com o apoio do Hospital Infantil Joana de Gusmão e do Hospital Universitário, ambos de Florianópolis. O seminário vai reunir profissionais de Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul com atuação reconhecida nas áreas de psicologia, fonoaudiologia, neuropediatra e terapias alternativas. O objetivo é, a partir de uma programação científica, discutir e oferecer aos participantes conhecimentos teóricos e estratégias de práticas que possam resultar numa mudança de atitude com relação a esse distúrbio tão pouco conhecido no âmbito escolar. Além de proporcionar troca de experiências, reflexões e oportunidade de novos conhecimentos sobre o tema. De acordo com a Fundação Brasileira de Dislexia (FBD), a doença não tem como causa a falta de interesse, motivação, esforço ou de vontade. Antes de qualquer definição, dislexia é um jeito de ser e de aprender que reflete na expressão individual de uma mente que aprende de maneira diferente. Especialistas revelam que a doença é uma específica dificuldade de aprendizado da linguagem apresentados na leitura, soletração, escrita, linguagem expressiva ou receptiva, cálculos matemáticos, linguagem corporal e social, sendo que 80% dos disléxicos apresentam dificuldades no aprendizado, especialmente na leitura, em diferentes graus. Com três diferentes níveis - severo, moderado e leve -, a dislexia precisa que professores, pais e especialistas estejam atentos aos problemas de aprendizagem. Segundo os conceitos da FBD, é indispensável que todos os professores entendam as necessidades dos alunos disléxicos, dentro e fora da sala de aula, uma vez que as pessoas com dislexia, ainda que aprendam de uma maneira diferente, podem acompanhar o ensino convencional, desde que tenham apoio necessário para contornar suas dificuldades. Na visão da psicopedagoga e presidente do seminário, Lucimara Maia, a dislexia precisa ser amplamente discutida, pois cerca de 20% das crianças do mundo apresentam sintomas da doença. Porém, é necessário um acompanhamento e diagnóstico de profissionais especialistas, já que nem sempre uma dificuldade de aprendizado é dislexia. “A dislexia é uma desordem de linguagem que impede a aquisição de sentido por intermédio das palavras escritas, por causa de uma deficiência na habilidade de simbolização”, mencionou. Considerada uma doença genética, a dislexia, de acordo com Lucimara, se manifesta em crianças durante os primeiros anos escolares, com maior incidência em meninos. Os portadores apresentam insuficiência no processo fonológico, o que exige atenção especial na fase escolar. “Limitações na linguagem escrita são demonstradas por uma desconexão entre a obtenção real e a esperada. Essas limitações procedem de disfunções cerebrais manifestadas por perturbações na percepção e não devem ser atribuídas a impedimentos motores, sensoriais, intelectuais ou emocionais,” explicou. Ao falar sobre a importância do diagnóstico precoce, Lucimara ressaltou o trabalho realizado pelo Instituto Psicopedagógico e Saúde da Família (Afamel). A partir de uma perspectiva bio-pscico-social, fica comprovado que cada ser é único na sua forma de aprender e compreender o ser humano. Dentro dessa conotação, a instituição trabalha com a aprendizagem de crianças, adultos e idosos, resgatando o processo de aprendizagem de cada ser humano e atribuindo a ele o prazer de aprender. “Atuar com as dificuldades de aprendizagens em idade escolar é um desafio e requer muita responsabilidade, sendo que é necessário pensar, criar e recriar diferentes maneiras de auxiliar essas pessoas a resgatar o seu processo de aprender. Por isso a importância de um tratamento com profissionais”, destacou. Lei Estadual assegura Programa de Identificação e Tratamento da Dislexia De origem do Poder Legislativo, a Lei nº 14.658, sancionada em de janeiro deste ano pelo governo do Estado, teve procedência do Projeto de Lei nº 208/08, de autoria do deputado Gelson Merísio (DEM). Com a nova legislação, está para ser implantado o Programa de Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Estadual de Ensino. Segundo Merísio, a iniciativa proporciona, através do programa, a aplicação de exame nos alunos matriculados na rede estadual, em especial para o ensino fundamental, possibilitando identificar os sinais de dislexia e outros distúrbios que possam interferir no aprendizado. Pela lei, a execução do Programa de Identificação e Tratamento da Dislexia está sob responsabilidade das secretarias de Estado da Saúde e da Educação que, juntas, viabilizarão as equipes multidisciplinares de profissionais para a execução plena do trabalho de prevenção e tratamento. Saiba mais: Dislexia, uma doença ainda desconhecida Com casos relatados em países do mundo inteiro, a dislexia é vista como uma doença ainda desconhecida pela falta orientação e informações sobre como diagnosticar. É uma desordem de linguagem que impede a aquisição da leitura, escrita, soletração e ortografia. Alguns sintomas ajudam a identificar: Demora em aprender a ler e escrever; Lentidão nas tarefas que tenha escrita e leitura, mas sem dificuldades na parte oral; Dificuldades com cálculos, raciocínio lógico; Escrita incorreta, com muitos erros fonológicos; Lentidão para copiar. Muitas vezes precisa de apoio; Dificuldade em associar sons e letras ao símbolo que ela representa; Dificuldade em organizar-se o tempo/hora, no espaço antes/depois, e direção direita/esquerda; Persiste no mesmo erro; Apresenta desatenção e dispersão; Desorganização geral nos trabalhos escolares/deveres de casa; Diagnóstico O diagnóstico deve ser obtido através de uma equipe multidisciplinar formada por psicopedagogo, fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista e, se necessário, avaliações complementares com otorrinolaringologista, testes de audiometria, oftalmologista, geneticista e outras especialidades. Estas avaliações devem considerar o conjunto de sintomas combinados, não tendo, portanto uma característica padrão para todos os disléxicos; cada caso é um caso. Nem todo distúrbio de leitura e escrita é dislexia. A quem recorrer: Atualmente, o professor com formação ou informação efetiva em dificuldades de aprendizado é o principal instrumento para o encaminhamento de providências ao aluno disléxico. Porém, o psicólogo escolar é o profissional indicado para comunicar aos pais e familiares a necessidade de avaliarem o dia-a-dia dessas crianças, contribuindo para um diagnóstico definitivo. Com a iniciativa de congregar e treinar profissionais para essa difícil tarefa especializada de diagnosticar e orientar para o ensino e aprendizado em dislexia, a Fundação Brasileira de Dislexia possui um site atualizado sobre o assunto: www.dislexia.com.br Tratamento: O tratamento com disléxicos será indicado de acordo com suas dificuldades. Em casos acentuados, é indicada a reeducação, que pode incluir: aquisição fonética, leitura, soletração, vocabulário, escrita e interpretação. Pode ser estimulado por psicopedagoga, fonoaudióloga e psicóloga para melhorar sua autoestima, autoconfiança e a ansiedade que acompanham o quadro de dificuldades de aprendizagem. A intervenção psicopedagógica visa à busca dos talentos do disléxico, ajudando a descobrir modos compensatórios de aprender. Jogos, leituras compartilhadas, atividades específicas para desenvolver a escrita e habilidades de memória e atenção fazem parte do processo de intervenção. À medida que o disléxico perceber sua capacidade de produzir poderá avançar na aprendizagem e iniciar o resgate de sua autoestima. (Tatiani Magalhães/Divulgação Alesc)
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