SC planeja criação de redes de urgências e emergências para atendimento hospitalar
Oferecer atendimento hospitalar por meio de uma rede interligada composta por hospital, Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Unidades Básicas de Saúde, Samu, Salas de Reabilitação e pequenos hospitais, de acordo com a gravidade do paciente, é a nova modalidade do Sistema Único de Saúde (SUS), em planejamento e testes em Santa Catarina. O modelo pode servir de referência nacional, de acordo com especialistas da Secretaria Estadual de Saúde ouvidos na tarde desta quarta-feira (8), durante a reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Catarinense, realizada no Plenarinho Paulo Stuart Wright, da Assembleia Legislativa.
De acordo com a médica Lisiane Tuon Bitencourt, superintendente de Serviços Especializados e Regulação da Secretaria de Estado da Saúde, o estado foi dividido em nove macrorregiões para estudo e implantação desta modalidade. “Em três regiões, Norte, Nordeste e Grande Florianópolis, o projeto está em execução e deve receber a visita de técnicos do Ministério da Saúde nos próximos dias”, explicou. As outras seis regiões estão em fase de construção do plano de ação.
“Até o dia 10 de junho, queremos concluir este processo para a análise final do Ministério da Saúde”, planeja Lisiane. O projeto testado em Santa Catarina poderá servir de modelo para todo o país. A rede de atendimento será gerenciada por uma central de regularização, que cuidará da ocupação de leitos, exames e consultas, de acordo com as demandas da região, distribuindo os pacientes levando em conta suas necessidades e a estrutura disponível.
Os hospitais de referência, com pelo menos 100 leitos e UTI, atenderão casos prioritários de urgências com traumas, cardiologia e neurologia. Outra inovação é no repasse de valores pelo SUS, que serão distribuídos de acordo com as complexidades e tempo de internação. “É necessário ainda um estudo da atuação de pequenos hospitais de uma mesma região, que hoje sofrem com problemas financeiros e de médicos especialistas”, destacou a especialista.
Reajuste da Tabela SUS
O presidente da Frente, deputado José Milton Scheffer (PP), expôs durante a reunião a crise vivida por “todos os hospitais filantrópicos do estado” que dependem do repasse financeiro do SUS. Scheffer relatou que diariamente os parlamentares em todo o país recebem apelos de dirigentes dos pequenos hospitais para que os repasses do governo federal sejam reajustados. “Há 16 anos não temos reajuste. A inflação no período ultrapassa 200%, enquanto os hospitais recebem os mesmos valores e não dão conta das despesas para o atendimento à população”, argumentou.
Além da campanha Saúde+10, que pretende recolher 2 milhões de assinaturas em todo o país para um projeto de lei de iniciativa popular, para obrigar a União a investir 10% dos recursos em saúde, a Assembleia Legislativa passou a apoiar o movimento Tabela SUS, Reajuste Já. Para o deputado Jorge Teixeira (PSD), todo este movimento pretende sensibilizar o governo federal sobre o caos nos hospitais brasileiros. “Queremos que o governo acorde de uma vez”, disse.
Hospital em Tijucas pede socorro
Irmã Enedina Sacheti, diretora presidente da Sociedade da Divina Providência, que mantém quatro hospitais no estado, relatou a situação de dívidas do Hospital São José de Tijucas, na Grande Florianópolis, que corre o risco de fechar as portas por falta de recursos do governo federal, que não cobrem os custos dos pacientes do SUS. “Temos um custo de R$ 300 mil e só recebemos R$ 150 mil”, lamentou.
Segundo irmã Enedina, outro problema enfrentado é a cobrança dos profissionais pela hora-plantão, além do que recebem pelos serviços. “Não encontramos mais profissionais especialistas. Todos querem receber o sobreaviso”, disse. Enquanto a Tabela SUS não é reajustada, a Sociedade da Divina Providência arca com o prejuízo financeiro.
Scheffer informou que, há 20 dias, a Unale (União Nacional dos Legislativos Estaduais) encaminhou requerimento à Presidência da República, solicitando reunião entre a presidente Dilma Rousseff (PT), o ministério do Planejamento, e todos os presidentes das assembleias legislativas do país, para o relato da situação vivida nos estados e a cobrança de soluções. “Mas até agora não recebemos resposta. Parece que a nossa presidente não quer tocar neste assunto”, concluiu.
Rádio AL