07/10/2009 - 08h30min
Saúde masculina é tema de encontro na Assembleia Legislativa
A saúde masculina e temas como disfunção erétil, hiperplasia prostática benigna (HPB), prostatites, problemas de ejaculação, câncer de próstata e seus métodos cirúrgicos foram o tema da palestra do médico urologista Ivan Moritz. O encontro aconteceu na noite de ontem (6), no Plenarinho da Assembleia Legislativa.
De forma descontraída e com um amplo domínio do assunto, Ivan Moritz discorreu sobre diversos problemas que abalam a saúde do homem. De acordo com estudos, os homens vivem oito anos menos, em média, do que as mulheres. O especialista apontou como um dos motivos a despreocupação dos homens com a própria saúde e, principalmente por não procurarem os serviços de saúde e não seguirem os tratamentos recomendados.
Citando pesquisas recentes da área, o médico destacou que as mulheres vão ao médico relacionado ao tema no mínimo três vezes ao ano e, satisfatoriamente, retornam para apresentar exames. Já os homens, apenas a metade frequenta o urologista uma vez ao no, sendo que 50% retornam para apresentação de exames. Para ele, “é importante que os homens tomem consciência do que pode acontecer com eles ao longo da vida”.
Utilizando dados do Instituto Nacional do Câncer, Moritz afirmou que são previstos 50 mil novos casos de câncer de mama para as mulheres no próximo ano, número equivalente para os homens em relação ao câncer de próstata. Em compensação, apenas a próstata, e nenhum outro órgão do corpo, possui um exame preventivo semelhante como o antígeno prostático específico, também conhecido como PSA. O exame é uma prova química útil como complemento no diagnóstico do câncer prostático e para valorizar a resposta ao tratamento deste. Aliado e utilizado com o toque retal contribui para uma descoberta precoce da doença na ordem de 90%.
Outra abordagem da palestra foi em relação à hiperplasia prostática benigna (HPB), que atinge 60% dos homens com mais de 45 anos. Destes, apenas 18% desenvolverão câncer de próstata. “Sua causa pode ser genética, mas ocorre principalmente em consequência de uma dieta rica em gordura saturada. Daí a alta incidência nos Estados Unidos. Lá, para cada 100 mil homens, 184 casos são diagnosticados, enquanto no Brasil este número diminui para 54 e, no Japão, cai para apenas 1”, informou o médico.
A HPB representa o crescimento nodular de uma das regiões da próstata. Sua incidência aumenta progressivamente com a idade, ocorrendo em 40% dos homens a partir dos 50 anos e em 90% depois dos 80 anos. O crescimento da próstata comprime a uretra, causando obstrução mecânica ao fluxo da urina, o que leva à dificuldade para urinar. A urina estagnada na bexiga favorece o surgimento de infecção urinária e formação de cálculos.
“Problemas para urinar, como jato fraco ou urinar mais vezes que o normal, são um aviso da possibilidade de HPB, doença que produz problemas que molestam a vida social, o trabalho e o lazer. Porém, 80% dos casos são tratados com remédios”, argumentou Moritz. Entre os remédios possíveis para o tratamento está a finasterida.
O palestrante aproveitou para dar algumas dicas de alimentação que “agradam a próstata”: Tomate, goiaba e melancia, que contêm licopone. Também amendoim, castanha, nozes e avelã, ricos em zinco e selênio. E acrescentou chá verde, vinho tinto e carnes brancas.
Sobre a finasterida, utilizada contra a HPB e também para combater a calvície, ele salientou que pode provocar outro problema, a disfunção erétil. “A partir dos 40 anos surgem no homem falhas naturais. E uma delas é a diminuição da testosterona. Ele perde 1% ao ano de testosterona, seu combustível. A falta deste combustível pode ser identificada pela diminuição da memória, do raciocínio, da libido, das ereções, da fraqueza muscular e de menor volume do líquido espermático.”
A disfunção erétil é a circulação insuficiente de sangue e pode ter como origem também doenças como diabetes, pressão alta, medicamentos para hipertensão, cirurgia de câncer de próstata e doenças neurológicas. “Cerca de 50% dos homens com mais de 50 anos apresentam algum grau de disfunção, mas apenas 17% procuram o urologista”, avaliou.
Divididas em disfunção leve, moderada e grave, o urologista defendeu o uso de medicamentos que provoquem a ereção. Em sua avaliação “estes medicamentos são vasodilatadores e, ao contrário do que se apregoa, fazem bem ao coração. Só não pode ser utilizado com outros vasodilatadores, o que provocaria uma dilatação além da necessária. Daí a necessidade de precauções neste sentido”.
Para os casos mais graves deste problema, Ivan salientou que existem ainda remédios injetáveis e cirurgias de prótese peniana. “É preciso desmistificar alguns equívocos como o fato de que cirurgias de prótese peniana ou para retirada da próstata acarretam a perda de prazer”, afirmou.
Para concluir, Moritz enfatizou as diferenças entre homens e mulheres, destacando que muitas delas são fisicamente explicáveis pelas diferenças hormonais de ambos. A palestra foi uma iniciativa da Assembleia, através da Diretoria de Recursos Humanos e da Coordenadoria de Saúde e Assistência, em parceria com a Escola do Legislativo. (Rodrigo Viegas/Divulgação Alesc)