Santa Catarina se mobiliza para combater o mosquito Aedes aegypti
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) promoveu, na manhã desta terça-feira (8), em São José, uma mobilização para deflagrar a operação de combate ao Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, da febre de chikungunya e do zika vírus, causador da microcefalia. Neste ano, até o dia 1º de dezembro, foram identificados 6.590 focos do mosquito em 112 municípios catarinenses. Atualmente 57 cidades no estado estão em alerta, por serem consideradas infestadas ou em situação de risco.
Durante o evento foram anunciados novos investimentos por parte do governo estadual, no valor de R$ 1,7 milhão, para medidas de combate ao Aedes aegypti. Também foram repassadas informações sobre ações de controle vetoriais e o fluxo de atendimento para microcefalia que serão adotados em todo o estado.
A mobilização contou com a presença de parlamentares, secretários estaduais, prefeitos, secretários municipais, gerentes regionais da Saúde, dentre outras autoridades. Participaram do encontro os deputados Ana Paula Lima (PT), Antonio Aguiar (PMDB), Dalmo Claro (PMDB), Dr. Vicente Caropreso (PSDB) e Neodi Saretta (PT). "Essa reunião emergencial é importante, o momento é de alertar autoridades e gestores sobre esse problema que estamos vivenciando. Deve ser um esforço coletivo", ressaltou a presidente da Comissão de Saúde da Alesc, deputada Ana Paula.
O governador Raimundo Colombo (PSD) e o vice Eduardo Pinho Moreira (PMDB) destacaram que a prevenção é de responsabilidade de todos. "É uma ameaça grande e não podemos relativizar a situação. Temos que enfrentar com toda a força. Estamos discutindo um trabalho conjunto e permanente para que possamos ser eficientes no combate ao mosquito e proteger as pessoas", disse Colombo. "Nenhum órgão isolado vai conseguir vencer esse desafio. É necessário que todos estejamos envolvidos, atuando em parceria, com a participação da sociedade", frisou Pinho Moreira.
12 de dezembro é dia de mobilização
O secretário de Estado da Saúde, João Paulo Kleinübing, convocou todos a participarem de uma mobilização de combate ao Aedes aegypti no próximo sábado (12). De acordo com ele, 80% dos focos do mosquito identificados no estado estão localizados em terrenos privados. "A intenção é sensibilizar a sociedade. Precisamos de apoio nessa batalha. Eliminar o mosquito é a única forma de evitar que tenhamos possibilidades de surtos em Santa Catarina. Fica o chamamento."
O superintendente de Vigilância em Saúde, Fábio Gaudenzi, salientou que a principal medida para evitar as três doenças - dengue, zika e chikungunya- é a eliminação dos criadouros potenciais do mosquito transmissor. "Os órgãos governamentais e a população, em ação conjunta, precisam estar continuamente observando o entorno das casas, dos locais de trabalho, dos terrenos baldios, para retirar o que chamamos de reservatório ou criadouro, locais que podem acumular água da chuva e permitir a proliferação do mosquito."
Segundo Gaudenzi, a chegada do verão impõe a necessidade de intensificar as ações de controle do Aedes aegypti . "Nesse período existe uma concentração grande de chuvas e, além disso, o aumento da temperatura favorece a proliferação do mosquito."
Atendimento em casos de gestantes com zika
Os participantes do encontro também foram informados sobre o fluxo de atendimento a ser adotado se forem detectados casos de gestantes com zika. De acordo com o superintendente de Vigilância em Saúde, as grávidas serão encaminhadas para ambulatórios de referência, que realizarão um acompanhamento com exames, segundo o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde. A partir do nascimento do bebê, o monitoramento será feito em hospitais de referência em pediatria. "A rede de atendimento conta com 15 centros regionais e dois centros de referência para a criança, inicialmente em Florianópolis e Joinville, com previsão de expansão para Itajaí e Chapecó", acrescentou Kleinübing.
Casos de dengue, zika e chikungunya
O Aedes aegypti é o transmissor dos vírus que causam a dengue, a zika e o chikungunya. As três doenças apresentam sinais e sintomas parecidos, mas têm níveis de gravidade diferentes e não há tratamento específico.Recentemente, o Ministério da Saúde confirmou a relação do vírus Zika com os casos de microcefalia em bebês, já registrados em 18 estados do país.
De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde, foram notificados 10.659 casos de dengue em Santa Catarina de 1º de janeiro a 1º de dezembro de 2015. Desses, 3.593 (34%) foram confirmados (2.358 por critério laboratorial e 1.235 por clínico-epidemiológico), 6.178 (58%) foram descartados e 888 (8%) casos suspeitos estão em investigação.
Do total de casos confirmados, 3.274 (91%) são autóctones (transmissão dentro do estado), 260 (7%) são importados (transmissão fora do estado) e 59 (2%) estão em investigação para definição do local provável de transmissão. Em relação ao boletim publicado no dia 11 de novembro, foram confirmados mais cinco casos de dengue, sendo um autóctone, de um residente no município de Orleans, com local de infecção indeterminado, e quatro importados.
De 20 de outubro (quando a vigilância sobre o zika foi implantada) até 1º de dezembro de 2015 foram notificados cinco casos suspeitos de febre do vírus em Santa Catarina, todos informados pelo município de Itajaí. Destes, três foram descartados pelo critério laboratorial, e dois aguardam resultado laboratorial. Não há, até o momento, caso autóctone confirmado de zika vírus no Estado.
A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) também monitora casos suspeitos de zika vírus oriundo de outros estados, com o objetivo de desencadear ações oportunas de controle vetorial. A ação permitiu a identificação de 27 casos suspeitos importados de outros estados, dos quais 20 foram descartados por apresentarem resultado positivo para dengue ou outras doenças, ou por não se enquadrarem na definição de caso.
Sete casos de zika vírus foram confirmados no estado pelo critério clínico-epidemiológico. Eles foram identificados em Laguna, Florianópolis, Bombinhas e Gaspar. A suspeita é que a infecção tenha ocorrido nos estados do Maranhão, Bahia, Pará e Paraíba.
Dive também informou que foram notificados 68 casos de febre do chikungunya em 2015, dos quais três foram confirmados. Dois deles foram importados da Bahia e um foi autóctone, do município de Itajaí. Em relação ao último boletim, divulgado em 11 de novembro, nenhum novo caso foi detectado.
Investimentos
O governo estadual anunciou, em 19 de agosto deste ano, o repasse de R$ 1,7 milhão para 57 municípios em alerta como parte do plano de contingência de combate ao mosquito da dengue e zika para o período de 2015 e 2016.
Para a destinação de verbas, a Secretaria de Estado da Saúde definiu um termo de compromisso com os municípios. Foram estabelecidos metas e indicadores a serem alcançados em cada cidade contemplada para minimizar o risco de uma epidemia em Santa Catarina.
As metas compreendem um número mínimo de agentes de acordo com a população de cada cidade, a quantidade de armadilhas a serem implantadas e a frequência das atividades de controle nas áreas de maior risco, como borracharias e ferros-velhos. Treze das 57 cidades ainda não aderiram ao pacto.
57 municípios catarinenses em alerta (infestados ou em situação de risco)
Balneário Camboriú, Itajaí, Chapecó, Itapema, Cordilheira Alta, Joinville, Guaraciaba, São Miguel do Oeste, Anchieta, Guarujá do Sul, Pinhalzinho, Serra Alta, Coronel Freitas, Nova Itaberaba, Planalto Alegre, União do Oeste, Coronel Martins, Novo Horizonte, Princesa, Xanxerê, Florianópolis, Palmitos, São Bernardino, Xaxim, Guatambu, Passo de Torres, São Lourenço do Oeste, Blumenau, Cunha Porã, Mondaí, Penha, Tijucas, Brusque, Dionísio Cerqueira, Navegantes, São Bento do Sul, Porto União, Caçador, Ipuaçu, Nova Erechim, São Domingos, Canoinhas, Jaraguá do Sul, Palhoça, São José, Concórdia, Maravilha, Palma Sola, Sombrio, Balneário Piçarras, Luís Alves, Bombinhas, Ilhota, Camboriú, Porto Belo, Criciúma e Tubarão.
A Secretaria de Estado da Saúde esclarece que o valor a ser repassado para cada cidade é calculado de acordo com o número de habitantes. Dessa forma, garante valores maiores para as cidades mais populosas.
Preocupação em Itajaí
Presente no evento, o secretário de Saúde de Itajaí, Osvaldo Gern, detalhou as ações desenvolvidas no município para combater a proliferação do mosquito e evitar a dengue, a chikungunya e a zika. Em 2015 a cidade registrou mais de 3 mil casos de dengue. "Passamos de 20 agentes para 76. Além disso, capacitamos toda a rede de atenção básica do município por meio das equipes da estratégia da Saúde da Família, em que temos mais 320 agentes comunitários trabalhando", comentou.
As medidas contam com o apoio das Secretarias de Educação e de Desenvolvimento Social. "Também temos 23 mil crianças e cerca de 5 mil idosos participando de um trabalho de alerta a toda a comunidade."
Para o secretário municipal, a participação da população é fundamental . "Sozinhos não vamos dar conta. Só tem um jeito: cada um precisa fazer a sua parte. Se cada cidadão observar o ambiente em que vive e fizer a eliminação dos possíveis focos, vamos conseguir ganhar essa batalha. Caso contrário, é muito difícil."
Orientações para evitar a proliferação do Aedes aegypti
- Evite usar pratos nos vasos de plantas. Se usar, coloque areia até a borda
- Guarde garrafas com o gargalo virado para baixo
- Mantenha lixeiras tampadas
- Deixe os depósitos para guardar água sempre vedados, sem qualquer abertura, principalmente as caixas d’água
- Plantas como bromélias devem ser evitadas, pois acumulam água
- Trate a água da piscina com cloro e limpe uma vez por semana
- Mantenha ralos fechados e desentupidos
- Lave com escova os potes de comida e de água dos animais no mínimo uma vez por semana
- Retire a água acumulada em lajes
- Dê descarga no mínimo uma vez por semana em banheiros pouco usados
- Mantenha fechada a tampa do vaso sanitário
- Evite acumular entulho, pois podem se tornar locais de foco do mosquito da dengue
- Denuncie a existência de possíveis focos de Aedes aegypti para a Secretaria Municipal de Saúde
- Caso apresente sintomas de dengue, chikungunya ou zika vírus, procure uma unidade de saúde para atendimento
(Com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde)
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