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Salto Veloso debate futuro do meio ambiente em evento da Assembleia
Uma ampla programação, composta por palestras e exposição de experiências regionais, marcou o 4º Seminário “Meio Ambiente e Sociedade 2019”, nesta sexta-feira (20), no município de Salto Veloso, no Meio-Oeste. Promovido pela Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, em parceria com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, o debate faz parte de um ciclo de sete encontros regionais.
Voltado para a importância da pratica de ações corretas no que tange a relação sociedade e natureza, o seminário propõe uma reflexão sobre a preservação e o futuro do meio ambiente, pontuando a necessidade de políticas públicas que possam favorecer a harmonia entre a população e o ecossistema. Em Salto Veloso, com as dependências do Centro de Eventos Antônio Ferronato lotadas, aproximadamente 300 pessoas acompanharam o debate, que além do aprendizado oportunizou troca de conhecimentos.
O deputado Padre Pedro Baldissera (PT) destacou a importância da temática. Na condição de propositor do seminário e presidente do Fórum para Preservação do Aquífero Guarani e das Águas Superficiais, ele explicou que a iniciativa visa fortalecer a educação ambiental junto a crianças e adolescentes.
Para o deputado, um dos principais caminhos é despertar na juventude uma consciência que priorize a preservação e a sustentabilidade do planeta em todas as suas dimensões. “É fundamental que ocorra esse trabalho de conscientização paralelo à educação, só assim teremos uma convivência atuante e saudável na conservação da natureza”, argumentou.
A prefeita de Salto Veloso, Ana Rosa Zanela (MDB), ressaltou a importância do debate. Segundo ela, estão cada vez mais evidentes a necessidade e a urgência de ações alternativas para assegurar a preservação do meio ambiente. Ela acredita, que além de políticas públicas, todos podem contribuir de alguma maneira no processo de preservação.
“Essa oportunidade de debater diferentes temáticas que abrangem o meio ambiente enriquece o nosso conhecimento e deve ser repassada para o maior número de pessoas. Precisamos fazer com que boas ideias apresentadas aqui cheguem aos demais municípios da região. A partir desta conduta iniciamos uma pequena contribuição em prol da preservação do meio ambiente de maneira consciente”, pontuou.
A magia da água
Com a palestra Ciclo da Água, Aquíferos, Energia e Gás de Xisto, o professor Luciano Augusto Henning, do Projeto Rede Guarani/Serra Geral, destacou que 97% da água no planeta é salgada e apenas 3% doce, sendo 69% congelada, 30% subterrânea e apenas 1% em rios, lagos e pântanos. Esse 1% possui um ciclo curto, que está sempre se renovando, considerada a melhor água para consumo.
Henning pontuou que aquífero Serra Geral é mais importante que o Guarani para o estado, por cobrir 51% de Santa Catarina. Trata-se de uma água, limpa e boa, localizada no subsolo catarinense, nas fraturas das pedras de ferro, que precisa ser preservada e utilizada conscientemente. Ele explica que as águas do aquífero Guarani estão a mais de 1,5 mil metros de profundidade e que as águas do Serra Geral são mais acessíveis, por isso a divulgação da sua existência e a preocupação ambiental com ela é importante.
Com mestrado e doutorado pela UFSC na área de Geografia, Henning participou de pesquisas na Queen´s University, no Department of Global Development Studies, em Kingston, no Canadá. Além de pesquisador do projeto Rede Guarani/Serra Geral, ele integra a equipe de investigadores do Laboratório de Análise Ambiental (LAAm) do Departamento de Geociências da UFSC, com ênfase na área de recursos hídricos.
Os desastres remetem à prevenção
A segunda palestra, Energia e Desastres Ambientais, ministrada pelo professor Marcos Aurélio Espíndola, evidenciou a relação entre o modelo de geração de energia no país e as consequências ambientais e sociais para as populações. Mestre em Geografia pela USP, doutor em Geografia Humana pela UFSC e pós-doutor pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, Área de Concentração Sociedade e Meio Ambiente (Desastres Ambientais e Políticas Públicas), também pela UFSC, Espindola aponta que é visível perceber que os desastres se repetem ao longo da história, tornando-se decorrentes.
Para ele, além de ações voltadas para evitar os desastres ambientais, é fundamental focar na presença de risco. “É preciso colocar a natureza em evidência, despertar essa consciência ecológica para evitar os desastres.”
Segundo o professor, o trato natural das relações socioeconômicas entre os homens não pode mais ser regido pela premissa de que a natureza é apenas o ponto de partida do processo de produção.
Energias renováveis e o uso das tecnologias sociais
O seminário teve, ainda, a palestra do professor Marcio Antônio Nogueira Andrade, com o tema Energias Renováveis e Tecnologias Sociais, com foco no desenvolvimento de formas alternativas de geração de energia e sua interação com a sociedade.
Na visão do professor, que é mestre e doutor em Engenharia Civil na área de Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos, da USP, e pós-doutor no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (Núcleo de Engenharia Sanitária do Departamento de Hidráulica) em Lisboa, Portugal, e na Cornell University (Department of Biological and Environmental Engineering) em Ithaca, Nova Iorque (EUA), os investimentos em tecnologias sociais são fundamentais para que a população possa sobreviver às adversidades. Ele defende que a tecnologia sustentável pode diminuir os problemas de convivência harmoniosa com os recursos naturais. Na ocasião, mencionou a utilização das águas da chuva como recurso hídrico, a utilização da biomassa residual, como dejetos de animais, para produção de biogás como fonte de energia.
Dentro do contexto da tecnologia e energia, o professor destacou que na Alemanha um terço da energia que é gerada na usina de Itaipu é produzida por essa biomassa residual. Andrade ressalto que a era do carvão e do petróleo está no fim e enfatizou necessidade do uso da biomassa, da energia solar e da eólica, disponíveis no Brasil. "Precisamos investir em tecnologia sociais para que a população possa sobreviver as adversidades", comentou.
Experiências regionais
O seminário em Salto Veloso também teve a apresentação de exemplos voltados ao meio ambiente e à sustentabilidade, como o projeto de revitalização do Rio do Peixe, apresentado pelo presidente do Comitê do Rio do Peixe, Andrei Godback.
Ao destacar a importância da revitalização do rio, Godback explicou que o Rio do Peixe corta Santa Catarina de norte a sul. Com uma extensão de 299 quilômetros, suas águas passam por 28 municípios catarinenses, beneficiando 400 mil pessoas. Considerando que a existência do rio está ligada à colonização e ao desenvolvimento da região, ele ressalta a influencia no desenvolvimento da região.
“Além de preservar, queremos zelar pela qualidade do rio, uma vez que, entre os anos 1980 até 2000, sofreu com a poluição do setor industrial, hoje é ameaçado pela poluição da comunidade”, revelou.
Segundo ele, o maior responsável pela poluição atual do rio são as prefeituras. “Precisamos pressionar os órgãos públicos para que todas as cidades tenham o tratamento de esgoto residencial. Só assim vamos conseguir preservar os rios”, frisou.
Já a coordenadora do Projeto Rios Salto Veloso, Silvana Kafer falou sobre a iniciativa que envolve a comunidade no processo de diagnóstico e recuperação de trechos dos rios. Membro do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema), ela explicou que o projeto surgiu na Europa e está sendo desenvolvido no estado desde 2015, sendo há um ano em Salto Veloso, com apoio da Diocese de Caçador e entidades do município.
Para a coordenadora, Salto Veloso é um rio em boa recuperação, com mata ciliar, já que projetos ambientais são desenvolvidos há muitos anos. No entanto, ainda ocorrem muitos problemas com lançamento de dejetos no rio e lixo em suas margens.
“Para tentar sanar esse problema estamos atuando em parceria com escolas, cooperativas, associação comercial, Cras, Secretaria de Saúde, proprietários de áreas rurais às margens do rio, empresas e entidades civis organizadas, num amplo sistema de fiscalização e limpeza do nas margens do rio. Cada grupo parceiro adotou um trecho do rio para fazer a limpeza e o monitoramento, pelo menos uma vez por mês”, explicou.
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