Palestra: Os remédios produzidos pelo corpo humano
FOTO: Rodolfo Espínola/Agência AL
A real possibilidade de se alcançar uma qualidade de vida melhor utilizando hormônios produzidos pelo corpo humano foi o tema central de mais uma atividade da agenda especial da Assembleia Legislativa para celebrar o Mês da Mulher. A palestra “SEDO – Farmácia da mente: o remédio está em você”, realizada em modo híbrido na noite desta quarta-feira (9), apresentou o método criado pela psicóloga e especialista em neurociência Fernanda Bornhausen.
A palestrante é empreendedora de negócios e social, idealizadora, co-fundadora e presidente voluntária do Social Good Brasil, vice-presidente do Conselho da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) e conselheira de empresas, além de ter sido secretária de Estado do Desenvolvimento Social e da Família. Graduada em psicologia pela UFSC e com especialização em neurociências e comportamento pela PUC-RS, ela dedicou o ano de 2021 ao estudo da medicina do estilo de vida, passando pela Harvard Medical School e American College of Lifestyle Medicine, nos Estados Unidos.
De acordo com Fernanda, ela tinha uma vida totalmente sedentária, se alimentava mal, era workaholic, chegando a sofrer um episódio de stress agudo. “Mas eu consegui fazer uma cura natural. Resolvi estudar e descobrir como a gente consegue ter essa cura e passar a ter uma vida saudável, ativando os hormônios serotonina, endorfina, dopamina e ocitocina, criando uma farmácia da mente”, contou.
De acordo com ela, esse conjunto de neurotransmissores são remédios naturais e gratuitos, que estão na nossa mente que nos proporcionam uma vida melhor. “Se a gente souber usar, consegue ter mais momentos assim e entrar em um estilo de vida melhor”, afirmou. São hormônios capazes de gerar sensações como alegria, recompensa e bem estar. Produzidos pelo corpo humano, eles são liberados na prática esportiva, com a prática da alimentação saudável, meditação, risadas com amigos, no canto, na dança, nas relações sexuais saudáveis, dentro da rotina diária, naquilo que a palestrante chama de “farmácia da mente”.
“Quem já não sentiu a dor de manter um estilo de vida saudável e não conseguir os objetivos se perdendo no labirinto de tanta informação, de tanta coisa que dizem para a gente sobre o que é ou não saudável, o que se come, o que se faz, como dorme? Parece que a gente nunca vê a saída de um labirinto”, disse Fernanda. E, muitas vezes, nós todos desistimos. Na visão da psicóloga é uma “dor do planeta” e não de apenas um indivíduo. “A gente fica confortável, pois se é de todo mundo, vamos ser também muito generosos conosco. Mas há formas de montar esse quebra-cabeça, sair do labirinto e com mais facilidade”, garantiu.
Os neurotransmissores citados regulam o humor, sono, apetite e as relações sexuais, por exemplo. “Hormônios vitais que nós podemos produzir cada vez mais. Elevando esses quatro, baixamos o cortisol, que é o hormônio do stress. A seratonina é um antidepressivo natural e a endorfina é um analgésico natural. A dopamina funciona como um hormônio de motivação e a ocitocina é um hormônio que promove sentimentos de amor e da empatia, que as mulheres produzem, por exemplo, quando estão amamentando”, explicou.
O conceito farmácia da mente, relatou a palestrante, foi criado pela cientista Candance Perth, na Universidade Jhon Hopkins, nos anos 1970. Fernanda aprendeu mais sobre o tema ao ler o livro “Use seu cérebro para mudar sua idade”, de Daniel Amen, psiquiatra, que mostra o que acontece no cérebro, quando se tem um estilo de vida não saudável.
A partir do momento que passou a se dedicar ao assunto e colocar em prática, Fernanda começou a ver mudanças positivas em sua vida. “Isso começou a clarear como a gente faz isso de modo natural, para elevar os quatro hormônios, baixar o cortisol e, ao mesmo tempo, criar novos hábitos e mantê-los”, citou.
Em 2020 ela criou um perfil no Instagram – @sedo.farmaciadamente – para divulgar o assunto de modo voluntário. “Não só para compartilhar meu conhecimento, mas porque estávamos fechando aquele ano pesadíssimo. Tínhamos não só a pandemia, mas uma pandemia de saúde mental declarada pela OMS. As pessoas estavam totalmente desestruturadas e com dificuldade de ter um mínimo de vida saudável, pois estávamos em casa, vivendo em solidão, com falta de prática de exercícios. Tudo estava desregulado”, destacou.
Após começar a dar dicas diárias, ela foi trazendo mais conhecimento, aumentando uma equipe que inclui, por exemplo, uma nutricionista, uma médica e uma dentista, entre outras profissionais. “Hoje temos mais de oito mil seguidores muito engajados e temos muito feedback das pessoas que passaram a seguir o método e vêm tendo melhora na vida”, comemorou.
O método desenvolvido por Fernanda inclui os quatro hormônios e os seis pilares da medicina do estilo de vida: bom sono, alimentação saudável, atividades físicas, controle do stress, relacionamento saudáveis e controle de substâncias tóxicas. “Em oito semanas a pessoa cria novos caminhos. É uma mudança de módulo mental e motivação interna, para mudar os conjuntos de crenças, por exemplo, sobre alimentação e sobre comportamentos. Quando a pessoa passa a retreinar o cérebro, começa a adquirir os novos e bons hábitos”, assegurou.
Para comprovar isso, a palestrante mostrou dados de um estudo feito com mais de 25 mil pessoas em todo o mundo. “Mudando quatro estilos de vida por alguns anos, 78% delas não desenvolveram doenças crônicas, enquanto 93% reduziram as chances de contrair diabetes tipo 2,81% reduziram o risco de ter um infarto, 50% diminuíram a possibilidade de sofrer um derrame e 36% de evitar todos os tipos de câncer”, revelou. Segundo ela, os participantes do estudo deixaram de fumar, passaram a fazer 3,5 horas de atividade física por semana, mantiveram o índice de massa corporal no limite saudável e adquiriram o hábito da alimentação adequada.
Segundo Fernanda, após 45 dias repetidos, as rotinas viram hábitos “O cérebro acostuma. Para montar esse quebra-cabeça é necessário retreinar o cérebro, abrir ou reabrir caminhos neurais”, ensinou. Para ativar os hormônios citados, Fernanda deu uma série de dicas. No caso da serotonina, desfrutar a natureza, demonstrar gratidão, relembrar momentos especiais, meditar, tomar sol e ingerir alimentos ricos em ômega 3, são o caminho. Para a endorfina: rir com amigos, atividade física, hobbies, cantar, dançar e ouvir música. Já a dopamina é ativada com a definição metas de curto prazo, atingir objetivos, ter sono de qualidade, fazer treinos resistidos (musculação, por exemplo) e celebrar pequenas conquistas. Por fim, a ocitocina surge em hábitos como abraçar, falar a palavra amor, acariciar animais de estimação, ter relações sexuais saudáveis e ser generoso.
Reflexão
Promovida pela Bancada Feminina da Alesc, a programação inclui ainda apresentações artísticas, exposições e dois lançamentos literários e o encontro dos 37 conselhos municipais e do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher. Os eventos acontecem até o próximo dia 31, no Parlamento catarinense.
Para a deputada Ada de Luca (MDB), março é um mês para reflexão sobre a questão da mulher. “Creio que temos algum avanço, mas muito pouco. Somos 52% da população desse país. Temos que ter cabeça aberta e participar de eventos como esse”, avaliou.
Coordenadora da Bancada Feminina, a deputada Marlene Fengler (PSD) comentou que é necessário inserir e incluir cada vez mais as mulheres, não só na política. “Esta palestra é mais um evento muito importante, com um exemplo muito bom para ajudar as pessoas em geral, mas hoje especialmente para as mulheres, a cuidarem de si, a ter uma atenção especial com elas mesmas e como uma forma de fazer essa transformação que precisamos. No dia a dia somos mães, profissionais e precisamos encontrar caminhos para fortalecer nossa mente e nossa saúde. A história da Fernanda vai contribuir para toda a sociedade”, concluiu.