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01/06/2023 - 21h37min

Região Serrana aponta prioridades para prevenir violência escolar

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Encontro do Comseg Escolar foi realizado em Lages, na tarde desta quinta-feira (1º)
FOTO: Rodolfo Espínola/Agência AL

Com o auditório da Associação Empresarial de Lages (Acil) lotado, o Comitê de Operações Integradas de Segurança Escolar (Comseg Escolar) ouviu, na tarde desta quinta-feira (1º), as sugestões da região Serrana para o enfrentamento da violência nas escolas catarinenses. O evento integra um ciclo de audiências públicas nas macrorregiões do estado para a elaboração de um projeto na Assembleia Legislativa que aprimore a segurança no ambiente escolar. Nesta sexta-feira (2), a audiência será em Chapecó, a partir das 19 horas.

Em Lages, a maior parte dos participantes reivindicou a melhoria das condições estruturais das unidades de ensino, a contratação de psicólogos e assistentes sociais e a construção de uma cultura de paz.

A vereadora de Lages, Katsumi Yamaguchi, defendeu a aplicação dos conceitos de justiça restaurativa dentro das escolas como estratégia para prevenção. Ela também pediu a disponibilização de psicólogos, de uniforme escolar, além da criação de um Proerd para estudantes de maior faixa etária.

O secretário da Educação de Videira, Luiz Felipe Zanella, destacou a necessidade de uma política de segurança única para as escolas. Já o professor Roger Robert também defendeu a contratação de psicólogos, o cumprimento da LDB e condenou a militarização das escolas.

O estudante Christopher de Liz pediu mais cuidados com a saúde mental dos alunos e a atuação dos núcleos de prevenção à violência. Para a advogada Denise Paes, que representou a OAB de Lages, além de questões estruturais, a saúde mental deve ser tratada como prioridade.

O conselheiro do Conselho Regional de Educação Física Irineu Furtado defendeu a disponibilização de uniformes e a presença de especialistas em segurança dentro das escolas. O diretor-geral do Colégio Santa Rosa, Alderi Oldra, disse que as escolas não podem ser transformadas em presídios e que precisam ser acolhedoras. “Educar a mente sem coração não é educação”, afirmou.

Milena Santos, representante do Conselho Regional de Psicologia, reforçou a necessidade de psicólogos para a promoção da cultura de paz dentro das escolas. A professora Joana Antunes também defendeu a cultura de paz e criticou a militarização do ambiente escolar.

A vereadora de Lages Elaine Cristina de Moraes concordou com a necessidade de psicólogos e assistentes sociais nas escolas. “Todo esse atendimento precisa de profissionais valorizados e qualificados".

Especialista
O encontro contou com a participação do professor Stacy Scott, da Universidade de Boston, que desenvolveu estratégias para enfrentamento da violência escolar no estado de Massachusetts. Ele destacou que qualquer ação na área só será bem-sucedida com o envolvimento de toda a sociedade.

“Trouxemos os índices de violência para praticamente zero. Isso só aconteceu porque toda a comunidade foi ouvida e participou dessa construção”, disse.

Ele considera que o enfrentamento da violência passa por questões simples, como o funcionamento das portas das escolas, até aspectos mais complexos, que passam, por exemplo, pela melhoria da comunicação dentro do ambiente escolar. “É preciso saber ouvir os estudantes. Se um aluno está se sentindo mal, é preciso que alguém ouça esse aluno.”

Presenças
Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público e Tribunal de Justiça participaram da audiência em Lages. As forças de segurança apresentaram as ações que já estão sendo realizadas no município para enfrentamento da violência.

A Polícia Civil, segundo a delegada regional Luciana Rodermel, lançou um projeto com ênfase no combate ao cyberbulling que tem como público alvo os estudantes adolescentes. Já a PM, de acordo com o major Luiz Borges Filho, reforçou a ronda na escola, colocando 36 policiais que estavam em trabalho administrativo para visitas diárias às escolas.

O promotor da Infância e da Juventude de Lages, Giancarlo Oliveira, considerou que boa parte dos casos de violência está relacionado a alunos que não se sentiam pertencentes ao ambiente escolar. Já o juiz da Vara da Infância e Juventude de Lages, Ricardo Fiuza, defendeu o foco na prevenção para o enfrentamento da violência.

O presidente da Alesc e coordenador do Comseg Escolar, deputado Mauro de Nadal (MDB), fez um balanço positivo da audiência em Lages. “Foi uma audiência com muita participação. Percebemos o sentimento das pessoas, que esperam a construção de um grande plano de segurança, e a participação delas nesse processo nos dá a segurança para oferecer o que a comunidade escolar realmente precisa”, disse Nadal.

As deputadas Luciane Carminatti (PT) e Paulinha (Podemos), além dos deputados Lucas Neves (Podemos), Marcius Machado (PL) e Mário Motta (PSD), participaram da audiência. Luciane ressaltou a necessidade da promoção da cultura da paz nas escolas, uma vez que boa parte dos ataques está relacionada a casos de bullying. Já a deputada Paulinha afirmou que o fim da violência passa pelo combate à intolerância, muitas vezes observada nos dias atuais.

O deputado Lucas Neves defendeu os cuidados com a saúde mental de professores e alunos como ação de enfrentamento da violência. Para Marcius Machado, o desafio do combate à violência é complexo e demanda a participação da sociedade.

Já Mário Motta entende ser necessário compreender se a problema da violência está realmente nas escolas. “O problema não é na educação, ele explode na educação”, comentou.

Marcelo Espinoza
Agência AL

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