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26/02/2014 - 16h08min

Quase mil pacientes com deficiência aguardam na fila por órteses e próteses em SC

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Deputados visitaram o Centro Catarinense de Reabilitação nesta quarta-feira (26). FOTO: Solon Soares/Agência AL

O Centro Catarinense de Reabilitação (CCR), referência no tratamento de deficientes físicos, tem o registro de 591 pacientes aguardando na fila por órteses e outros 386 que esperam por próteses não cirúrgicas. Os equipamentos, utilizados respectivamente na recuperação e substituição de partes do corpo humano, são produzidos na única oficina ortopédica de Santa Catarina que funciona dentro do CCR, que busca atender as necessidades dos pacientes do Sistema Único de Saúde no estado.

Em média, 30 órteses e 30 próteses são fabricadas por mês, número insuficiente para atender as demandas dos novos pacientes e a revisão dos equipamentos utilizados pelos pacientes em tratamento. Os dados foram apresentados aos deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa durante visita realizada ao CCR, na manhã desta quarta-feira (26).

O centro de reabilitação funciona em Florianópolis desde 1969 e atende pacientes de todas as regiões. A denúncia sobre o grande número de pacientes na fila do CCR chegou aos deputados por meio de um documento do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conede/SC).

Problemas estruturais e principalmente a falta de mão-de-obra técnica especializada contribuem para que a fila de espera por órteses e próteses cresça no estado. A solução apontada pelos técnicos do CCR seria a aquisição de um software que faria a leitura tridimensional do paciente para a projeção da peça.

Empresas terceirizadas credenciadas e licitadas pelo SUS fabricariam os membros mecânicos que apenas seriam ajustados na oficina ortopédica do CCR. “Poderíamos acabar com a fila em menos de um ano”, afirmou o médico ortopedista Juliano Manozzo, que coordena a oficina no CCR.

Outro agravante é a capacitação de profissionais. Não há cursos técnicos no Brasil e apenas no último ano o Ministério da Saúde começou a estruturar o currículo do curso. “Hoje, a Abotec (Associação Brasileira de Ortopedia Técnica) exige a participação em sete capacitações que custam dois, três, sete mil reais; além da experiência mínima de cinco anos em oficina, para a habilitação técnica”, criticou a chefe da oficina do CCR, Denise Lopes Oliveira.

Atendimento em rede
O Centro Catarinense de Reabilitação foi credenciado pelo Ministério da Saúde, em julho do ano passado, para o tratamento de pacientes com deficiência física e mental, dentro da Rede de Proteção das Pessoas com Deficiências. Jaqueline Reginatto, que coordena esta rede em Santa Catarina, explicou que o estado terá nove centros de atendimento – um em cada região.

“Pedimos também a liberação para mais uma oficina ortopédica. Mas, pelo tamanho da população, o Ministério da Saúde não liberou”, disse Jaqueline.

O deputado Volnei Morastoni (PT), presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, acredita que o atendimento em rede proposto pelo governo federal e em implantação no estado deve dar conta da demanda.

“Com o modelo de atendimento em rede, vislumbramos um novo momento, também com os novos centros de reabilitação. Precisamos ampliar a velocidade de atendimento para diminuirmos as filas. Com esse novo modelo isso será possível”, acredita o deputado. Os centros regionais ainda não têm data para iniciar o atendimento. E não previsão para uma nova oficina ortopédica.

Problemas em rede
Os dirigentes do CCR criticam as primeiras instâncias do tratamento. Fisioterapias inadequadas ou ineficientes e coitos (partes que recebem as próteses) mal preparados pelos cirurgiões dificultam a continuidade da recuperação. “Se tivéssemos condições de zerar a fila hoje, apenas 30% dos pacientes poderiam receber as próteses”, acusou o ortopedista Juliano Manozzo.

O deputado Sargento Amauri Soares (PSOL) acompanhou a visita ao CCR e se disse perplexo com a falta de qualificação e cursos técnicos na área de fabricação ortopédica. “Fiquei triste ao descobrir que uma associação de empresas privadas controla a formação técnica no Brasil. Isso indica o nível de engessamento do sistema público de saúde em nosso país”, disse Soares.

O deputado Serafim Venzon (PSDB) também participou da visita, ao lado do vice-presidente do Conede/SC, José Augusto Meier, e de representantes do SindSaúde. A Comissão de Saúde do Parlamento deve produzir um relatório da visita ao CCR e cobrar providências da Secretaria Estadual de Saúde.

Rony Ramos
Rádio AL

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