Protecionismo, barreiras sanitárias e greve derrubam exportações de SC
FOTO: Solon Soares/Agência AL
Uma nova onda de protecionismo comercial, barreiras sanitárias e a greve dos caminhoneiros derrubaram as exportações catarinenses no primeiro semestre de 2018. Segundo dados da Fiesc, de janeiro a junho o estado registrou uma queda de -4,16% em relação ao mesmo período do ano passado.
As exportações de soja (-21,2%), carne suína (-19,7%) e carnes de aves (-11,9%) registraram as maiores quedas. Por outro lado, as vendas de motores elétricos e de partes de motores cresceram, respectivamente, 8,4% e 15,1%.
“A queda se deve a basicamente três fatores: um mundo mais protecionista, com os EUA de Trump e uma política de fechamento da economia; as barreiras para carnes em vários países da Europa; e a greve dos caminhoneiros, que afetou toda a cadeia produtiva. Isso tem impactado as nossas exportações”, avaliou Glauco José Corte, presidente da Fiesc, que conversou com a Agência AL na tarde de sexta-feira (27).
Já as importações totalizaram US$ 7,4 bilhões, um crescimento de 28,8% comparado com janeiro a junho de 2017, gerando um déficit na balança comercial de US$ 3,4 bilhões.
Os principais itens importados foram cobre refinado (+28%), polímeros de etileno (+8,2%), fios de filamentos sintéticos (+24,5%), pneus (+9,4%) e carros (+180%).
“Sempre que a economia do país se contrai, as importações caem, mas na medida que o país volta a crescer, a tendência é aumentar as importações, porque o trade se motiva. Isso é muito nítido, sobretudo nas matérias-primas e insumos utilizados no processo produtivo. Isso não é ruim, obriga a uma concorrência no mercado interno”, ponderou Glauco Corte.
Segundo o presidente da Fiesc, nem tudo o que é importado fica em Santa Catarina.
“O que fica no estado é insumo, os bens intermediários e bens de capital se destinam principalmente a outros estados, majoritariamente ficam insumos e matérias-primas”, afirmou o líder empresarial, referindo-se, por exemplo, aos produtos utilizados pela indústria de motores (cobre refinado) e têxtil (fios de filamentos sintéticos).
2019 mais favorável
Para Glauco Corte, o cenário para 2019 é promissor, uma vez que que há espaço para o estado aumentar suas vendas globais.
“Podemos ser melhores, mas para isso temos que manter a sanidade das carnes e incentivar a participação das micro e pequenas empresas. Precisamos somar às grandes, as vendas das micros, que precisam se preparar para um mercado diferente”, observou o empresário, acrescentando que as pequenas empresas podem contar com o auxílio da Fiesc e do Senai.
Gargalo rodoviário
O líder empresarial destacou que os próximos cinco anos serão fundamentais para as exportações catarinenses.
“Dependemos do modal rodoviário, por isso o investidor está olhando para o Norte, para Joinville, Jaraguá do Sul, além da proximidade dos portos, tem transporte aéreo. Daqui (de Florianópolis) para São Miguel do Oeste tem de ir para Chapecó, mas o aeroporto fecha muito, é acanhado, nossa infraestrutura é básica”.
“O estado precisa do modal ferroviário, que interligue os portos com a malha nacional. Os próximos cinco anos serão decisivos para apontar se o estado seguirá diferenciado no crescimento ou se corremos o risco de perder a força baseada na agroindústria em função da dificuldade de infraestrutura”, alertou o dirigente.
Diálogo com os presidenciáveis
Questionado pela Agência AL sobre o diálogo com os presidenciáveis e o compromisso deles com a solução dos problemas logísticos que minam a competitividade dos produtos catarinenses, Glauco Corte informou que apenas dois visitaram a Fiesc.
“Foram só dois até agora, a Marina Silva (Rede) e o Álvaro Dias (Podemos). Eles se comprometeram, mas a grande questão é que o governo não tem dinheiro, acabou o dinheiro, então tem de partir para as parcerias público-privadas (PPPs), mas aí tem esta questão da segurança jurídica. O aeroporto (Hercílio Luz) foi um sucesso, já se veem as transformações, vai ficar pronto antes do previsto”.
O dirigente da Fiesc também defendeu uma reforma fiscal que estimule as exportações. “Muitos países não têm impostos sobre exportações”.
Agência AL