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27/09/2024 - 16h36min

Projeto na Capital inclui pessoas com deficiência na prática do surfe

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Projeto atende de 25 a 30 pessoas com algum tipo de deficiência com aulas de surfe adaptado
FOTO: Agência AL

Um acidente de moto que resultou na perda total dos movimentos do braço esquerdo não foi impedimento para Fidel Teixeira Lopes deixar de seguir as suas paixões. Assim também a amputação dos dois pés não foi motivo para Maria do Sol Vasconcellos desistir de seus sonhos. Ambos têm algo em comum: convivem com uma deficiência e são apaixonados pelo surfe.

Fidel é idealizador do projeto Associação Surf Sem Fronteiras (ASSF). Maria do Sol é aluna do projeto. Eles se encontram toda semana na praia da Barra da Lagoa, em Florianópolis, para uma aula de surfe adaptado. “A ASSF foi fundada em 2016 com o objetivo de empoderar as pessoas com deficiência através do surfe, a partir da oferta de aulas gratuitas com uma equipe altamente treinada”, explica Fidel.

Hoje, são entre 25 e 30 alunos com algum tipo de deficiência atendidos pelo projeto. “E sempre tem fila de espera”, conta o idealizador da ASSF. Conforme disse, para poder ter mais vagas, é preciso que mais pessoas se voluntariem para atender os alunos. Esses voluntários atuam em quatro grupos: o que presta apoio na sede, com a organização das aulas e distribuição dos equipamentos. “Os outros três são divididos conforme o aluno vai avançando no mar. Tem os que acompanham o mais longe possível, atrás da arrebentação, tem os que ficam na parte intermediária, e os que permanecem com os alunos na parte mais rasa, na beirola do mar”, afirma Fidel.

A guarda-vidas Marisa Moreira Pacheco é voluntária da Associação Surf Sem Fronteiras desde 2018. Ela conta que fazer parte da ASSF mudou a vida e a visão que ela tinha sobre as pessoas com deficiência.

“A gente começa a ver que os nossos amigos cadeirantes, por exemplo, têm dificuldade para se locomover na praia, para chegar na beira do mar, e que as pessoas com deficiência precisam superar obstáculos para ter acesso às mesmas coisas que a gente. Então, a experiência na associação me trouxe a oportunidade de conviver com pessoas com deficiência e entender as dificuldades que elas enfrentam.”

Aluna da ASSF desde 2018, Maria do Sol hoje é surfista profissional. É campeã brasileira da modalidade e vai disputar o Campeonato Mundial de Surfe Adaptado, em novembro, nos Estados Unidos. A deficiência acompanha a terapeuta desde quando tinha 45 dias de vida.

“Uma vela caiu acidentalmente em cima do cobertor e queimou os meus pés. Com isso, foi preciso amputar os dois. Desde então, e em toda a minha vida, tive que passar por uma série de adaptações. A forma de praticar o surf foi uma delas”, conta.

Capacitismo
Adaptação. É disso que precisa uma pessoa com deficiência para conseguir realizar determinadas tarefas. Não é de piedade, nem dizer que foi superação. Aliás, discriminar uma pessoa com deficiência tem nome: é o capacitismo.  

O capacitismo consiste na discriminação e no preconceito contra pessoas com deficiência. Esse preconceito pode ser consciente ou inconsciente, mas sempre reflete a ideia de que há um corpo padrão, sem deficiência, que é considerado “normal”. A partir dessa ideia, muitas pessoas subestimam a capacidade e a aptidão de pessoas com deficiência e as colocam em posição de inferioridade.

E a Assembleia Legislativa de Santa Catarina entrou na luta contra o capacitismo. Os deputados estaduais aprovaram o Projeto de Lei que institui a Semana Estadual de Combate ao Capacitismo, a ser celebrada anualmente no período que compreende o dia 21 de setembro - Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. O objetivo é promover e difundir o conhecimento desse tema, que é de suma importância para as pessoas com deficiência.

“Nós viemos de uma cultura imposta há algum tempo de que as pessoas com deficiência são colocadas como ‘coitadas’. E isso não condiz com a realidade. Penso que algumas atitudes podem proporcionar ambientes adequados e condições para que essas pessoas se desenvolvam. É importante que cada um se coloque no lugar das outras pessoas antes de tomar algumas atitudes”, defende Fidel.

A proposta aprovada na Alesc depende ainda da confirmação do governador Jorginho Mello para se tornar lei.

Daniela Legas
AGÊNCIA AL

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