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24/11/2016 - 12h16min

Projeto reconhece poeta catarinense Cruz e Sousa como promotor público

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Assinatura do projeto que reconhece Cruz e sousa como promotor público

O deputado Dirceu Dresch (PT), acompanhado de autoridades e de representantes do movimento negro, assinou na manhã desta quinta-feira (24), nas dependências do Palácio Cruz e Sousa, junto ao mausoléu do poeta, em Florianópolis, um projeto de lei que o reconhece simbolicamente como promotor público, direito que lhe foi negado em 1883 devido à cor da sua pele. A data foi escolhida em função do aniversário do poeta, o mais importante escritor do período simbolista.

A sugestão de reconhecer simbolicamente o poeta como promotor público, cargo que foi impedido de assumir, partiu de integrantes do movimento negro da cidade. Em 1883, durante a monarquia, o então presidente da Província de Santa Catarina, Francisco Gama Rosa, nomeou João da Cruz e Sousa promotor público de Laguna, mas ele não pôde tomar posse do cargo devido à pressão de  políticos locais, que não aceitaram um negro ocupando o cargo. Pesou ainda o fato de que, na época, Cruz e Sousa já se destacava como fervoroso conferencista em prol da abolição da escravatura.

O ato de assinatura do projeto foi precedido de uma cerimônia na Praça XV de Novembro, em frente ao busto do poeta, onde anualmente são depositadas flores para celebrar o aniversário do “cisne negro”, como é conhecido Cruz e Sousa. O autor da iniciativa disse que o reconhecimento póstumo é um ato de justiça. “Mesmo tarde, precisamos fazer justiça a quem está aqui hoje, a todos os negros e negras que precisam ter seu espaço respeitado”, disse Dresch. Para ele, “a discriminação que Cruz e Sousa sofreu continua todos os dias, com a vitimização da juventude pobre e negra deste país”.

O procurador-geral de Justiça, Sandro Neis, parabenizou o deputado pela iniciativa. Ele considerou que o projeto promove um reconhecimento histórico. “Apesar de ser um gesto simbólico, o projeto reconhece um equívoco da história e mostra que precisamos trabalhar para ter uma sociedade mais justa e mais igualitária. Cruz e Sousa, que deixou de ser promotor de Justiça em razão da discriminação, representa os mesmos ideais que o Ministério Público tem na sua atuação, que é a luta pela aplicação da justiça, pela igualdade e, especialmente, pela fraternidade social.” O promotor frisou que Cruz e Sousa foi um homem à frente de seu tempo, pois “difundia valores pelos quais ainda estamos lutando hoje”. “Ele não foi reconhecido porque era negro, não podemos usar outras palavras porque foi isso que aconteceu. Sempre é tempo de reconhecer um erro”, defendeu o representante do Ministério Público.

Cruz e Sousa
Filho de escravos alforriados, Cruz e Sousa nasceu no dia 24 de novembro de 1861 e faleceu  pobre  em 1898, no interior de Minas Gerais, vítima de tuberculose. Foi criado junto à família do marechal Guilherme Xavier de Sousa, por isso teve acesso a uma educação refinada – aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu matemática e ciências naturais.

O projeto
Após a cerimônia de assinatura, o projeto será oficialmente protocolado na Assembleia Legislativa. O deputado Dirceu Dresch espera contar com o apoio dos demais deputados e com o respaldo do Ministério Público e da sociedade para aprovar a proposta na Assembleia Legislativa.

Lisandrea Costa
Agência AL

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