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12/12/2019 - 17h42min

Professores acreditam em aumento da evasão com novo ensino médio

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Novo ensino médio foi discutido em audiência pública na Alesc, na tarde desta quinta-feira (12)
FOTO: Bruno Collaço / AGÊNCIA AL

Os professores que participaram de audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Desporto (CECD), realizada na quinta-feira (12), no plenarinho da Assembleia Legislativa, manifestaram ceticismo e temor de aumento da evasão com o novo ensino médio apresentado pela Secretaria de Estado da Educação (SED). De acordo com a gerente de Ensino Médio e Profissional da SED, Maria Tereza Paulo Hermes Cobra, o novo ensino médio será implementado em 120 das 713 escolas catarinenses já em 2020. 

Segundo a gerente, as escolas já escolhidas optaram por um dos três modelos a seguir: a) turno único de seis horas diárias, com um dia com sete horas e com almoço, ou de cinco horas semanais com um dia de dez horas; b) jornada de 35 horas-aula, com dois dias de tempo integral; c) tempo integral com 50 horas semanais, sendo quatro dias com 11 horas.

A reação dos professores foi de desconforto. “Sem politica econômica decente tudo isso é ilusão. Em Itajaí tem um projeto de ensino integral com alunos pobres, mas as famílias precisam que trabalhem. A quantidade de alunos diminuiu e de duas turmas de 30, estamos terminando com uma de 20 alunos”, relatou Tiago Mazzetti, professor de Sociologia em Itajaí.

“Nossa preocupação com a evasão só aumenta, falta material, há dez anos não recebemos material de educação física, falta política pública para os alunos, nossos alunos da noite vêm direto do trabalho, sem comer, agora que começam 18h45”, ponderou a professora de educação física Katiane Golin, de Maravilha.

“E os alunos que trabalham? Aumentou carga horária, maravilhoso, mas onde eles vão estudar? Esses jovens que estão trabalhando, para onde vão, para o Ceja? Não vejo inclusão. A escola Dom Jaime, no Sul da Ilha, na capital, virou piada, só o filho da diretora não saiu. Quem vai dar aulas para o ensino noturno?, questionou o professor Ricardo Cunha, de São José.

“Existem muitas incertezas, teremos três mil horas, sendo que 1,8 mil vão ser da base comum, que hoje é 2,4 mil horas, então vamos ter uma diminuição de tempo. E a composição dos temas nos itinerários informativos não vão contemplar todos os professores. Sou professora de Filosofia, vou dar uma aula no primeiro ano do ensino, mas não sabemos qual a matriz dos segundos e terceiros anos”, argumentou a professora Cássia Regina da Costa.

“Temos muitas dúvidas sobre o projeto, temos estudado e acompanhado os debates e a gente não percebe como será financiado”, alertou Luiz Carlos Vieira, presidente do Sinte, o sindicato que representa os professores.

“Os governos vêm com promessas, as escolas se animam, vem dinheiro no primeiro semestre e depois se vira nos trinta, todo mundo some. Sou muito cética, não acredito mais nos iluminados, vai sobrar para os professores e para os alunos. Não se tem dinheiro para fazer educação de qualidade”, avaliou a professora aposentada Janete Jane da Silva, de Criciúma.

Luciane Carminatti (PT), presidente da Comissão de Educação da Alesc, concordou com o diagnóstico da evasão, sugeriu bolsas de estudos para manter o aluno que precisa trabalhar em sala de aula,  lamentou o pessimismo de alguns professores e lembrou que a educação mudou para melhor ao longo dos anos.

“Por favor, se preocupem com evasão, não vejo saída para enfrentar a evasão se não tiver bolsa. Com a bolsa amplia a carga horária e põe o trabalhador para dentro da escola”, defendeu Carminatti.

A gerente da SED reconheceu o abandono da escola por causa da ampliação da carga horária e admitiu que não tem uma resposta para o problema. “Se pensou em bolsa, mas não tenho resposta. De fato precisa olhar a juventude no contexto econômico, com jornada ampliada é preciso que tenha um mecanismo para oferecer aos alunos. Mas o índice de evasão não é por conta da metodologia, abandonam pela dificuldade de permanecer em tempo integral, a escola de Itajaí poderá rever sua matriz para voltar a atender a comunidade”, registrou Maria Tereza. 

O deputado federal Pedro Uczai (PT), que participou de parte da audiência, alertou que o novo ensino médio foi construído para “contratar serviço privado para a escola pública, para tirar dinheiro do Fundeb para pagar vaga na escola privada e para reduzir a jornada de trabalho e o salário dos professores.

Vítor Santos
Agência AL

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