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09/06/2017 - 12h29min

Professor faz ressalvas à base nacional curricular e critica Escola sem Partido

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O palestrante Elsio Corá, durante o Seminário Estadual de Educação, que ocorre nesta sexta (9), em São Miguel do Oeste
FOTO: Solon Soares/Agência AL

Mais de 400 professores e educadores do Extremo Oeste catarinense participam, nesta sexta-feira (9), do Seminário Estadual de Educação, no Clube Comercial, em São Miguel do Oeste. O evento é organizado pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa e pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, com o objetivo de discutir diversos temas ligados à educação, entre eles a Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e os planos nacional, estadual e municipais de educação.

No período da manhã, os participantes acompanharam a palestra do professor doutor Elsio José Corá, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Ex-integrante do Ministério da Educação (MEC), ele abordou o BNCC e sobre o projeto Escola sem Partido. O professor fez críticas à atual versão da base, que ainda não foi aprovada, e afirmou que não existe escola sem ideologia.

Corá lembrou que a base nacional não é o currículo em si, mas, sim uma referência para que as escolas e os sistemas de ensino elaborem seus currículos, levando em conta as particularidades de cada estado e município. Ele apontou alguns pontos centrais da BNCC, como a formação inicial e continuada dos professores; as novas tecnologias e os livros didáticos para dar conta do novo currículo; e as avaliações de larga escala da educação, lenvando-se em conta a realidade brasileira, bastante diversificada e complexa.

O palestrante destacou a atual versão da base nacional é a terceira e suprimiu alguns aspectos que ele considera importante nas duas primeiras versões. "Na atual versão, a base está ancorada em habilidades e competências, enquanto nas duas primeiras a ancoragem era em direitos e objetivos de aprendizagem", explica Corá. "Isso restringe mais o currículo. Não se olham questões importantes que fazem parte do cotidiano, que são as questões sociais", considera.

Ele acredita que a ênfase em habilidades e competências oferecerá um tratamento desigual aos estudantes, uma vez que boa parte das escolas estão em municípios sem a infraestrutura necessária para a aplicação desses conceitos. "Isso favorece um lado, mas exclui outros lados que não têm um acesso a um conhecimento escolar mais forte."

Nesse ponto, o professor também fez críticas ao novo currículo do ensino médio, que prioriza as habilidades e competências. Para ele, as pequenas cidades, onde os colégios de ensino médio têm pouca estrutura, tendem a ser prejudicadas. "É algo que já conduz o estudante para o mercado de trabalho. Há todo um interesse por traz dessa formação profissional e tecnológica."

Corá reconhece que a terceira versão da BNCC ainda enfatiza a questão do território como referência curricular, a exemplo do que ocorria nas versões anteriores. Isso é importante, na avaliação do professor, para uma educação humana integral, uma das propostas centrais da base. "Trabalhar o espaço onde o aluno se encontra, a partir da sua realidade, é essencial para que ele possa incorporar elementos para ascender a uma educação mais formal e buscar seu direcionamento na vida e na formação profissional", explica.

Escola sem partido
O professor afirmou que a proposta de uma escola sem ideologia, como defende o projeto Escola sem Partido, é infundada. "Quem de nós consegue ser professor sem trazer todas as suas vivências para a sala de aula?", questionou. "Não existe professor neutro em sala de aula. Somos resultado de tudo que aconteceu em nossas vidas."

Corá lembrou que a ideologia estará sempre presente. "Ao negar uma escola sem ideologia, você já está defendendo uma ideologia", disse. Ele ressaltou que a escola é o local para proporcionar ao aluno novos olhares sobre o mundo. "Se tirarmos alguns temas, o espaço ecolar vai ficar menos rico."

Presenças
Além dos professores e educadores, o evento foi prestigiado por autoridades da área de educação de diversos municípios do Extremo Oeste, como São Miguel do Oeste, Guaraciaba, Iporã do Oeste, Belmonte, Guarujá do Sul, Barra Bonita, Anchieta, Santa Helena, Tunápolis e Itapiranga.

O presidente da Associação dos Municípios do Extremo Oeste Catarinense (Amoesc), Claudio Weschenfelder, que é prefeito de Guarujá do Sul, destacou a importância do seminário para a construção de uma base curricular que contemple a realidade dos municípios. "A educação não muda o mundo, ela muda as pessoas que podem mudar o mundo", ressaltou.

A secretária municipal de Educação de São João do Oeste e coordenadora do Colegiado de Secretários da Educação da Amoesc, Silvane Baumgarten, lembrou que o seminário é uma oportunidade para a discussão de questões que, na maioria das vezes, não estão no cotidiano do professor em sala de aula. "Mas são assuntos que precisamos debater para que a educação, de fato, aconteça", disse.

Moacir Martello, da Gerência Regional de Educação de São Miguel do Oeste, afirmou que as discussões no seminário são fundamentais para que o Brasil posssa superar, entre outras coisas, a descrença nos políticos. "A educação é o instrumento para resgatar e formar cidadãos que tenham compromisso com o país. A formação de novas lideranças, por meio da educação, está nas nossas mãos."

Também participaram a vereadora de São Miguel do Oeste Maria Tereza Capra; o diretor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) em São Miguel do Oeste, Diego Albino Martins; e o coordenador estadual do Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Rede Pública de Ensino do Estado de Santa Catarina, Aldoir Kraemer.

O Seminário Estadual de Educação em São Miguel do Oeste tem sequência na tarde desta sexta-feira, com palestras sobre os planos nacional, estadual e municipais de educação, o financiamento da educação, os desafios para o setor em Santa Catarina, além da Emenda Constitucional 95.

 

Marcelo Espinoza
Agência AL

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