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03/04/2017 - 12h12min

Presidente da Cidasc prevê 1º semestre difícil para o setor de carnes de SC

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Enori Barbieri, presidente da Cidasc
FOTO: Solon Soares/Agência AL

O presidente da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), Enori Barbieri, previu um primeiro semestre difícil para o setor de carnes, em função dos efeitos da operação Carne Fraca da Polícia Federal. “Começaram os reflexos, antes você não sabia aonde ia chegar, mas agora acreditamos que as consequências vão até junho. Todos vão perder até metade do ano, depois as atividades retornam à normalidade”, projetou Barbieri, que recebeu a reportagem da Agência AL na tarde de sexta-feira (31), na presidência da Cidasc, no Itacorubi, em Florianópolis.

Como as agroindústrias catarinenses só têm capacidade para estocar seis dias de produção, a tendência é redução de preços. “As carnes terão de ir para o mercado de qualquer jeito. Semana passada 30% dos bovinos não foram abatidos, os frigoríficos do estado que abateram para vender, não venderam, com isso represou boi no campo e aumentou o estoque de carne. Como desafogar? Vendendo mais barato”, ponderou o dirigente da Cidasc.

Segundo Enori, a queda no preço da carne bovina pode provocar redução no consumo de suínos. “Se a carne bovina for mais barata, vou aproveitar para comprar, diminuindo o consumo de carne de porco, então a crise pode chegar na suinocultura”, argumentou Enori, acrescentando que as receitas do estado e dos municípios também serão alcançadas pelas consequências.

“Vejam o que aconteceu com as cotações das empresas envolvidas na Bolsa de Valores, caíram mais de R$ 10 bilhões, mas essas empresas nasceram aqui e muitos catarinenses possuem ações”, descreveu Barbieri, indicando que o prejuízo já chegou no bolso de alguns catarinenses. “Também perdi dinheiro com ações, valiam R$ 50 e hoje valem R$ 35”, lamentou o presidente da Cidasc.

Ambiente favorável para sair da crise
Por outro lado, Barbieri avaliou que o ambiente é favorável para o estado sair da crise fortalecido. “Começamos 2017 dobrando as exportações em relação ao ano passado, havia muita euforia, os preços do milho e soja caindo, todo mundo ampliando a produção. Essa euforia virou pesadelo, mas o estado sairá fortalecido”, garantiu.

A confiança do dirigente da Cidasc baseia-se principalmente no sinal verde das empresas para projetos de aumento de produção e no fato de que 95% dos mercados externos voltaram a comprar carne brasileira. “Um produtor que tem um plantel de 500 fêmeas estava aumentando para 680 e ficou preocupado achando que a empresa ia suspender. Não suspenderam. Outro produtor que tem 2,5 mil fêmeas vai dobrar a produção. O projeto é não parar, o mundo está demandando muita proteína animal”, justificou.

Além disso, com milho e soja mais baratos, os produtores terão condições de suportar os animais no campo ou nas granjas por alguns dias a mais que o costumeiro. “Hoje o produtor encontra ração mais barata, então pode ficar mais um pouquinho com os animais”, pontuou Barbieri.

Inspeção modelo
O chefe da Cidasc explicou que em Santa Catarina há três tipos de inspeção de carnes e derivados. A inspeção federal, que autoriza a comercialização de produtos para todo território nacional e exportações; a estadual, que autoriza a comercialização dentro do estado; e a inspeção municipal, que libera o comércio dos produtos no município.

No caso da inspeção estadual, cerca de 500 médicos veterinários terceirizados atuam dentro dos frigoríficos. “Eles analisam antes e durante o abate, depois pegam o produto final e mandam para o laboratório”, descreveu o chefe da Cidasc, explicando em seguida que estes profissionais são contratados por 11 instituições parceiras da Cidasc para fiscalizar cerca de 600 empresas. O salário inicial é de R$ 9,4 mil.

Além dos terceirizados, o sistema conta com 40 veterinários efetivos da Cidasc. “O papel desses 40 é fiscalizar o trabalho dos terceirizados. Este é o melhor modelo de inspeção animal. Tanto é assim que Santa Catarina é o estado com menos produto clandestino no mercado. Nos últimos 30 anos não houve problema de saúde ocasionado por alimento inspecionado, não tem porque temer o consumo dos produtos feitos aqui”, explicou Barbieri.

 

Vítor Santos
Agência AL

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