Presidente da Celesc será convocado para explicar reestruturação da empresa
O presidente da Celesc, Cleicio Poleto Martins, será convocado para falar sobre a reestruturação da empresa no Plenário da Assembleia Legislativa. Esta foi uma das decisões tomadas na audiência pública que debateu o tema na manhã desta quarta-feira (24).
A ausência dele no evento gerou críticas de deputados e funcionários da empresa, que veem no processo de mudança da estrutura da Celesc um claro sinal de privatização. Outros encaminhamentos do evento indicaram a apresentação de duas moções ao governador Carlos Moisés (PSL) – uma em favor da manutenção das agências regionais da Celesc e outra de repúdio à reestruturação –, além da solicitação de uma audiência com o chefe do Executivo estadual para debater a polêmica.
“Lamento muito que o presidente da Celesc, ou um representante dele, não estejam aqui. Essa é uma grande falha por parte da empresa”, criticou o deputado Ismael dos Santos (PSD). “Aprovamos aqui em 2018 um empréstimo de um bilhão para que não chegássemos ao estado em que chegamos”, citou. Valdir Cobalchini (MDB) também lembrou da decisão tomada pela Alesc que aprovou a ação junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no ano anterior. “O financiamento deveria ser suficiente para não se falar em privatização. Não há espaço para tratar sobre isso”, argumentou.
Para o deputado Neodi Saretta (PT), a Celesc é uma das melhores empresas de Santa Catarina. “Não há razão para que ela deixe de ser pública”, comentou. José Milton Scheffer (PP) destacou que a Alesc já colocou barreiras na Constituição Estadual para evitar a privatização de outras empresas semelhantes. “É muito importante tratarmos desse assunto justamente hoje, quando estamos instalando a Frente Parlamentar em Defesa das Empresas Públicas”, afirmou.
Proponente da audiência na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, o deputado Fabiano da Luz (PT) informou que Martins apenas encaminhou um ofício à presidente do colegiado, deputada Paulinha (PDT). No documento, o presidente listou investimentos previstos para 2019 e reafirmou que o foco é “permanecer o governo do estado com mais de 50% das ações ordinárias da empresa, cujo capital é de economia mista.”
Sobre a reestruturação, o ofício informou que a diretoria propôs a medida, pois a antiga estrutura jamais passou por uma revisão desde sua implementação, há 10 anos. “Ocorre que, neste período, houve um incremento de 50% no número de unidades consumidoras atendidas pela empresa, o que, por si só, demonstra a necessidade de adequação à nova realidade do estado no setor elétrico nacional”, justificou a direção da Celesc no documento.
De acordo com o ofício, a nova estrutura passa a ser feita por oito núcleos com oito unidades associadas tendo como base os critérios de “racionalização da estrutura de agências regionais, reforço da presença nos núcleos, melhoria dos processos internos, padronização de procedimentos e ganho operacional com foco em indicadores técnicos.” O texto afirma que os 16 polos atuais da Celesc continuarão, deste modo, “em pleno funcionamento”.
Para os representantes dos trabalhadores, a realidade é outra. A mudança representa uma perda de autonomia, o que eles avaliam como o “início do processo de privatização”. Leandro Nunes, representante dos empregados no Conselho de Administração da Celesc, destacou a importância da participação da Alesc no assunto, de acordo com ele, sem fazer aquilo que a diretoria da empresa estaria fazendo ao “politizar o debate” e entender que as críticas dos colaboradores têm como objetivo único a melhoria da prestação de serviços para a sociedade. “Tivemos aqui deputados de cinco partidos dos mais diferentes posicionamentos político-ideológicos. Aqui não se trata de ser esquerda, direita ou centro. Aqui se trata de quem tem a capacidade e responsabilidade de defender a Celesc pública”, concluiu.