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25/10/2019 - 11h39min

Pouso Redondo se mobiliza contra plano de construir duas barragens no município

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Comunidade marcou presença na audiência pública para manifestar opinião contrária a barragens. FOTOS: Raffael do Prado/Divulgação

Cerca de 800 pessoas, entre lideranças políticas e empresariais, representantes de entidades sociais e associações de agricultores de Pouso Redondo, se reuniram na noite de quinta-feira (24), no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora de Fátima, para manifestar contrariedade aos planos do governo do Estado de construir duas barragens no município, localizado no Alto Vale do Itajaí.

Durante o evento, promovido pela Comissão de Turismo e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, além dos sucessivos discursos contra a construção das estruturas, foram apresentados um manifesto, uma moção, um abaixo-assinado com cerca de 7 mil assinaturas, todos no mesmo sentido, além de um estudo do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu. O governo do Estado não enviou representantes para o debate.

A construção das barragens em Pouso Redondo integra um planejamento realizado em 2013 pelo governo, baseado em estudos da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), com o objetivo de diminuir os riscos provocados pelas cheias do rio Itajaí-Açu.

Para tanto, está prevista a construção de sete estruturas na região – Botuverá, Petrolândia e Mirim Doce recebem uma, enquanto Agrolândia e Pouso Redondo receberiam duas de cada. O Vale do Itajaí já conta com barragens em Ituporanga, José Boiteux e Taió.

Em Pouso Redondo as contenções seriam implantadas no leito do Rio das Pombas, sendo a primeira com 750 metros de comprimento e 17 metros de altura e a segunda, 3 quilômetros rio abaixo, de 520 metros de comprimento e 33 metros de altura. A área alagada prevista no total é de 150 hectares.

O presidente da Associação dos Atingidos por Barragens de Pouso Redondo, Bruno Amancio, afirmou que a população do município não foi ouvida pelo governo por meio de audiências públicas prévias, a exemplo do que ocorreu nos outros municípios apontados para receber as obras.
Segundo ele, cerca de 50 famílias teriam as terras cobertas pelas águas das barragens, que também afetariam parte significativa da tubulação de água e esgoto, cabeamento de energia elétrica e estradas do município.

Além disso, comerciantes e moradores de zonas urbanas também estão temerosos com a perspectiva de desvalorização das suas propriedades, tendo em vista que uma delas chegaria a 1,5 km do centro da cidade. "O projeto proposto é muito próximo do centro da cidade, então além do impacto econômico, há o social e o psicológico. Por isso, realizamos esse abaixo-assinado, que já conta com cerca de 7 mil assinaturas, para que o governador entenda o posicionamento da nossa população e cancele totalmente esse projeto."

O presidente da Câmara de Pouso Redondo, vereador Ailton Sardo (MDB), também falou sobre o clima de insatisfação dos moradores do município, cuja principal atividade econômica é a produção de arroz, leite e cerâmica. "Todos os dias nós, vereadores, recebemos reclamações da população quanto a esse projeto, que não nos auxilia em nada e só vai atrapalhar o nosso desenvolvimento econômico, por isso a câmara, como um todo, tem se posicionado de forma contrária a ele."

O prefeito da cidade, Oscar Gutz (PDT), observou que as barragens enfrentam tamanha rejeição porque não visam atender às necessidades da população local, mas às de outros municípios. "Aqui não há enchente. Inclusive nesse rio, para onde as barragens estão projetadas, é captada água para consumo humano e às vezes até falta. Acredito que os recursos previstos para essas obras deveriam ser aplicados em coisas mais importantes, como nas áreas da saúde e da educação."

Conforme um estudo realizado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Itajaí-Açu, divulgado durante a audiência, em caso de eventos extremos, como alagamentos de grandes proporções, as barragens de Pouso Redondo contribuiriam para diminuir em 10 centímetros o nível da água em Rio do Oeste e 5 centímetros em Rio do Sul.

Prazo para acompanhamento
Ao final, o deputado Ivan Naatz (PV), que preside a Comissão de Turismo e Meio Ambiente e foi o proponente do evento, destacou a aprovação pelos presentes de uma sugestão da Associação dos Atingidos por Barragens de Pouso Redondo, para a realização de um novo encontro sobre o tema, em novembro de 2020.

"Nosso objetivo é acompanhar durante este ano o que vai evoluir, o que vai acontecer, até porque estamos com um novo governador e não sabemos o que ele pensa sobre esse projeto. Acho que é um tempo suficiente para a gente acompanhar, observar os encaminhamentos que o governo vai dar e reunir novamente a comunidade para falar o que de fato pode acontecer futuramente."

Alexandre Back
Agência AL

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