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08/04/2014 - 13h52min

População quer auditoria independente no Hospital Regional de Araranguá

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Moradores de Araranguá lotaram auditório para acompanhar audiência da Comissão de Saúde. FOTO: Carlos Kilian/Agência AL

Os araranguaenses que lotaram o Centro Cultural Célia Belizária na noite desta segunda-feira (7) para participar de audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia para avaliar a transparência no uso do dinheiro público no Hospital Regional de Araranguá (HRA) decidiram cobrar do governo do estado uma auditoria independente para contrapor o custo operacional aos serviços prestados à população.

Além disso, a comunidade, com a mediação da Assembleia, optou por ampliar a participação de entidades civis na Comissão e Avaliação e Fiscalização (CAF), órgão de controle previsto no contrato de gestão celebrado entre a Secretaria de Estado da Saúde (SES) e a Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), que administra o HRA.

De acordo com relatório elaborado pelo assessor da Comissão de Saúde, o médico Celso Dellagiustina, o Hospital Regional de Araranguá recebia até meados de 2013 R$ 2,5 milhões por mês e depois passou a receber R$ 3,4 milhões, fruto de um aditivo de R$ 900 mil mensais ao contrato firmado entre a SES e SPDM.

Segundo o estudo, depois de firmado o termo aditivo, o número de exames como raio X, eletrocardiograma, endoscopia, tomografia e outros, previstos no Plano Operativo Anual (POA), aumentou de 1.600 para 2.653 mensais e as consultas especializadas pularam de 1.200 para 2.610 por mês. “São metas abaixo da necessidade da população”, estimou Dellagiustina, que ponderou que “a SPDM reivindica mais dinheiro, mas que é preciso saber o custo operacional, porque o aumento em serviços é muito pequeno”.

Mário Silva Monteiro, diretor da SPDM, contestou o relatório e disse que a previsão de exames e consultas no POA são metas atingíveis, que podem ser ultrapassadas, conforme a demanda. “O hospital funciona com portas abertas, os exames podem chegar a 5 mil”, argumentou, acrescentando que a SPDM adquiriu um gerador, regularizou o atendimento pediátrico, está instalando telas nas janelas e pretende reformar o telhado do nosocômio.

Para Verlaine Siqueira, diretora do Hospital, desde que a SPDM assumiu a gestão houve melhora significativa. “Não tínhamos nenhum equipamento no centro cirúrgico para monitorar os operados, não tínhamos um respirador infantil, só não vê que melhorou quem não entra no hospital”, argumentou. Todavia, a população usuária demonstrou ceticismo e preferiu, por esmagadora maioria, a instauração de uma auditoria externa, com possibilidade de reivindicar uma CPI para os hospitais públicos, a despeito de sindicância instaurada na SES para apurar denúncias acerca da gestão da SPDM no HRA.

Recados ao governador
O padre Antonio Machado Madeira, ovacionado pelo povo e elogiado pelas autoridades locais e regionais, mobilizou grande parte dos cidadãos presentes e mandou um recado ao governador Raimundo Colombo através dos deputados Volnei Morastoni (PT) e José Milton Scheffer (PP). “Levem ao governador a notícia de que este ano é ano eleitoral, se não mudar, haverá coleta de assinaturas por todo o Vale, com os padres das paróquias da região”, declarou.

Já o presidente da Comissão de Saúde da Câmara local, vereador Lourival João, responsabilizou o governador pelo clima de confronto entre a comunidade e a SPDM. “O culpado é o governador João Raimundo Colombo, que assumiu o compromisso na rádio Araranguá de lançar o edital para HRA conforme a sociedade pedia”, afirmou, referindo-se à intenção das instituições civis regionais de administrar o HRA.

Para o prefeito de Araranguá, Sandro Roberto Maciel, a SPDM pecou em se enclausurar nos gabinetes e não dialogar com a comunidade. “Houve uma pequena melhora no pronto-socorro, melhoraram os exames e as consultas, mas há muito que fazer”, explicou, acrescentando, porém, que a SPDM não tem mais clima para permanecer em Araranguá. “Sugiro com muito respeito que a SPDM saia e a SES faça outro processo”, concluiu.

Autoridades contra a parede
Os araranguaenses demonstraram que a tolerância com políticos e administradores municipais, estaduais e federais está se esgotando. José da Silva, professor de Educação Física e morador de Araranguá, surpreendeu a todos quando pediu que as autoridades presentes se levantassem e ficassem de frente para o público. Quando estavam enfileirados contra a parede perguntou quem deles teria coragem de se internar no HRA. Vários vereadores, secretários e outros integrantes da estrutura estatal sinalizaram que não optariam pelo HRA. “No dia em que vocês tiverem a coragem de serem atendidos nos serviços públicos como nós somos, os serviços vão mudar”, discursou exaltado, com o dedo em riste e sob o delírio da plateia.

Celso de Souza, também de Araranguá, argumentou que os serviços não funcionam porque não são priorizados pelo estado. “Trabalhamos quatro, cinco meses só para pagar impostos, dizem que vão aplicar na saúde, educação, transporte e segurança, mas não têm solução para os nossos problemas, os legislativos são casas de negócios”, defendeu.

Vítor Santos
Agência AL

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