Pesquisa de regeneração de pele aguarda ok de comitê para iniciar testes humanos
O Laboratório de Células Tronco e Regeneração Tecidual (Lacert) da UFSC aguarda autorização do Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos para iniciar os testes de regeneração de pele em queimados. “O primeiro estudo clínico será realizado no Hospital Infantil”, revelou a professora Andréa Trentin, que conversou com a Agência AL na tarde desta segunda-feira (11). A pesquisa atua em duas frentes, reduzindo tempo do tratamento e testando materiais de suporte alternativos aos importados.
“Um dos objetivos é substituir o auto-enxerto”, explicou Andréa, referindo-se ao uso de partes de pele do paciente queimado para substituir as áreas destruídas. Uma das técnicas testadas para acelerar a regeneração, de acordo com a pesquisadora, consiste em aplicar células tronco da derme, camada mais interna da pele, para acelerar a regeneração da camada mais externa, a epiderme.
Segundo a pesquisadora, no caso de enxerto de pele a janela de êxito no tratamento é de 15 a 20 dias.“Cada dia a menos representa diminuição de custos para a SUS e dos riscos para o paciente”, declarou a professora, enfatizando que os testes em animais mostraram redução de cerca de 40% no tempo do tratamento. Entretanto, a pesquisadora destacou que a regeneração em animais é mais rápida do que em humanos.
Novos biomateriais
Os pesquisadores do Lacerte também testam novos biomateriais de suporte para as culturas de tecidos. Hoje esse material é importado principalmente do Japão e dos Estados Unidos e custa cerca de R$ 20 mil cada 10 cm2. Segundo a Andréa, as pesquisas nesta área estão avançando. “Os materiais se mostraram aplicáveis como curativos”, revelou a pesquisadora, enfatizando a importância de substituir os materiais importados para reduzir os custos do tratamento de queimados pelo SUS.
Parceria para continuar
Apesar do Lacert estar pronto para a segunda fase da pesquisa, os testes clínicos, a execução deles depende de parceria com grupo de pesquisa do Rio Grande do Sul, que possui as licenças e as ISOs exigidas pela Anvisa. “A gente não tem essas licenças, nem dinheiro para obter as ISOs”, justificou a pesquisadora, explicando que a parceria “está em fase de negociação”.
O Lacert foi criado em 2003, depois que a professora Andréa Trentin retornou do pós-doutorado. Atualmente os custos do projeto são bancados pelo Ministério da Saúde e CNPq. “Perdemos o financiamento da Fapesc em 2013, que financiava o projeto desde 2008”, lamentou a professora, esclarecendo que a contribuição da fundação representava cerca de 15% do custo da pesquisa.
Agência AL