Personalidades do Parlamento: Ernesto Meyer Filho
A Galeria de Arte Ernesto Meyer Filho, fundada em novembro de 1999, localizada no hall da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), em Florianópolis, é uma das galerias catarinenses mais importantes e respeitadas da cena de arte contemporânea, moderna, clássica, e se destaca por desempenhar um papel crucial na construção e consolidação de carreiras de artistas catarinenses.
O espaço homenageia um dos artistas mais conhecidos do Estado, Ernesto Meyer Filho, o primeiro artista plástico moderno de Santa Catarina que expôs, individualmente, em galerias profissionais e museus do Rio de Janeiro (Galeria Penguim, 1960), Belo Horizonte (Museu de Minas Gerais Pampulha, 1961) e São Paulo (Casa do Artista Plástico, 1963 e 1964).
Anualmente, artistas catarinenses e de outros estados aguardam ansiosos o edital que seleciona as dez exposições que ocupam o espaço cultural da Alesc, normalmente lançado em dezembro pela Gerência Cultural da Casa. As obras selecionadas por meio do edital dividem o espaço com mostras institucionais convidadas durante o ano. O acesso é gratuito e a Casa fica aberta de segunda a sexta-feira, sempre das 7h às 19h. O prédio que abriga a galeria é o principal polo da política catarinense, com a presença diária de políticos e visitantes de todo Estado, do Brasil e até do exterior.
Autoditada e cosmopolita
Ernesto Meyer Filho nasceu em Itajaí, no dia 4 de dezembro de 1919, e faleceu em Florianópolis, no dia 22 de junho de 1991. Conhecido por se considerar “embaixador de Marte”, suas obras destacavam quintais, galos fantásticos e extraterrestres, os temas preferidos do artista, que buscava inspiração no ‘planeta vermelho’. Era filho da escritora Rachel Liberato Meyer, autora do livro (póstumo) “Uma menina de Itajaí”, e de Ernesto Meyer, que exerceu entre outras, a atividade de fazendeiro, exportador de arroz e banana, contador e representante comercial.
Meyer Filho foi autodidata nos estudos do desenho e da pintura, bem como nos da história da arte. Começou sua trajetória profissional como ilustrador e chargista de revistas e jornais. Bacharel em Ciências Contábeis e funcionário aposentado do Banco do Brasil, participou como ilustrador do Movimento Revista Sul e foi um dos fundadores e presidente do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis (GAPF), responsável pela organização dos dois primeiros salões de artes de Santa Catarina e pela primeira coletiva de artistas catarinenses fora do estado, em Curitiba.
Atuante dinamizador cultural de sua época, organizou em 1958 e 1959 os dois primeiros salões de arte moderna de Santa Catarina. Meyer Filho foi, também, um dos maiores dinamizadores da arte moderna do estado, e sua história está intimamente relacionada com a do Museu de Arte de Santa Catarina (primeiro museu de arte moderna no País criado em 1949 por decreto de lei do governo estadual). Sua exposição, em 1958, foi a primeira individual de artista catarinense no mesmo museu.
Em 1957, realizou a primeira exposição de Pinturas e Desenhos de Motivos Catarinenses, com o artista plástico Hyedi de Assis Corrêa /Hassis. A obra de Meyer Filho, especialmente registrada entre os anos 1950 e 1980, não encontra similar no circuito dos artistas, nem na Ilha-capital onde viveu, nem nos poucos interlocutores modernistas que encontrou no eixo Rio-São Paulo. Seguindo na contramão do realismo, em suas obras há todo um imaginário que vão desde galos fantásticos, quintais catarinenses e seres extraterrestres, além de paisagens catarinenses, todas com um olhar diferenciado.
Meyer Filho possui obras nos museus de arte de Florianópolis, Belo Horizonte, Joinville, Pinacoteca de Porto Alegre, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (Coleção Theon Spanoudis) e em coleções particulares no Brasil e exterior.