Parlamento celebra Campanha da Fraternidade com tema tráfico humano
As galerias do Plenário Osni Regis ficaram lotadas, na noite de segunda-feira (17), para a sessão especial alusiva à Campanha da Fraternidade 2014, que aborda o tráfico humano no Brasil. “É um evento que parece simples, mas é um grande apoio nesta causa”, disse o arcebispo metropolitano de Florianópolis, dom Wilson Tadeu Jönck.
Por meio do tema “Fraternidade e Tráfico Humano”, a Igreja Católica quer chamar atenção aos diversos tipos de exploração do ser humano, como tráfico de crianças, trabalho escravo, aliciamento de mulheres e comércio de órgãos. “Podem parecer coisas muito distantes de nós e estão tão próximas. Em Santa Catarina, temos muitos casos”, alertou o arcebispo.
O deputado Padre Pedro Baldissera (PT), propositor da homenagem, disse que o tema deve repercutir na sociedade, devido à seriedade do problema. Por isso o envolvimento da Assembleia Legislativa. “Precisamos sensibilizar e engajar as pessoas.”
Dados de organismos internacionais apontam que pelo menos 20,5 milhões de pessoas por ano no mundo são vítimas de exploração do trabalho ou do corpo, em favor do lucro de terceiros. No Brasil, são 2,5 milhões de vítimas anualmente. “E muitas delas são de Santa Catarina”, observou Padre Pedro. “Em nome do dinheiro, uma pessoa é capaz de entregar a vida de um irmão ou de uma irmã.”
O presidente em exercício da Assembleia Legislativa, deputado Joares Ponticelli (PP), fez a abertura da sessão, prestigiada por diversas autoridades pastorais da igreja e pelos deputados federais Luci Choinacki (PT) e Pedro Uczai (PT). Além de representantes de entidades em defesa dos direitos humanos no estado e de grupos que buscam pessoas desaparecidas.
Ponticelli destacou uma das principais bandeiras do Parlamento que é o engajamento na campanha “Onde está você?”, promovida pelo Programa SOS Desaparecidos da Polícia Militar. "A partir de setembro do ano passado, esta causa pautou a Mesa diretora desta Casa. Temos que juntar forças para sensibilizar a sociedade em relação a esta causa”, observou Ponticelli.
Testemunho
Elenilde Alves da Silva é membro do Grupo de Apoio aos Familiares Desaparecidos. Em 1980, o filho Mikelângelo, na época com quatro anos, sumiu após o almoço. Depois de 34 anos, nenhuma notícia sobre o filho, conforme testemunhou na tribuna durante a sessão especial. “Agora, mais do que nunca, a esperança é que ele me encontre”, disse Elenilde.
Ela pontuou ainda que além da tecnologia, o papel do jornalismo que investiga e divulga muitos casos é fundamental nos casos de desaparecimentos. “Na época a gente não tinha nada. Uma criança sumia e ninguém dava importância”, resumiu. (Rony Ramos)
Homenageados:
- Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB Regional Sul 4 – arcebispo dom Wilson Tadeu Jönck
- Ministério Público Do Trabalho de Santa Catarina - procuradora-chefe Ângela Cristina Santos Pincelli (recebida em Gabinete)
- Comissão Pastoral Da Terra – coordenador padre Cildo Inácio Rockembach
- Conferência dos Religiosos do Brasil - Irmã Elisabete Perondi
- Polícia Civil de Santa Catarina - Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas - agente de Polícia Marcia Hendges
- Polícia Militar de Santa Catarina - Programa S.O.S Desaparecidos - major Marcus Roberto Claudino
- Polícia Federal -Superintendência Regional de Santa Catarina Delegacia Institucional - Delegados Roberto de Oliveira Cardoso, Clyton Eustáquio Xavier e Ildo Raimundo Da Rosa
- Portal Da Esperança - Gerson Rumayor
- Grupo De Apoio Aos Familiares Desaparecidos - Elenilde Alves Da Silva
- Associação Desaparecidos do Brasil - Ingrid Amanda Boldeke
- Movimento Nacional de Direitos Humanos Em Santa Catarina – Dra. Erli Camargo
- Movimento Catarinense De Busca Da Criança Desaparecida - Renato Amaral
- Grupo RBS - jornalista Eurico Meira da Costa
- Jornal do Almoço da RBS TV - jornalista Graziane Ubiali
- Jornal Diário Catarinense - Jornalista Mônica Foltran
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