Parlamentares geram embate ideológico no plenário
Um embate ideológico entre parlamentares marcou a sessão da manhã desta quinta-feira (27) na Assembleia Legislativa. Críticas do deputado Fabiano da Luz (PT) ao governo federal provocaram discursos de repúdio da deputada Ana Campagnolo e do deputado Jessé Lopes, ambos do PSL.
O duelo de argumentos iniciou quando o líder da bancada petista fez dois elogios ao governador Carlos Moisés (PSL). O primeiro, pelo rápido atendimento a um pedido seu sobre a contratação de um professor de química para reabrir um laboratório de uma escola estadual em Abelardo Luz. O segundo, pelo decreto que mudou a distribuição de ICMS das exportações catarinenses, deixando 90% dos tributos para os municípios sede das empresas que vendem para o exterior e 10% para as cidades onde estão instalados os portos. Segundo ele, com essa atitude, o governo faz “justiça com quem produz e merece.”
Luz, no entanto, despertou a ira dos colegas ao dizer que há uma diferença entre os governos federal e estadual, apesar de ambos terem a mesma linha ideológica. “Temos o pior presidente da história. Estamos com o mercado imobiliário em queda, montadoras fechando, o presidente não quer ir para o G20 com medo de ser criticado pelo que o pais está se tornando”, comentou, destacando ainda a prisão do militar da aeronáutica por traficar 39 quilos de cocaína utilizando uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) que escoltava a comitiva presidencial em viagem ao Japão.
A deputada Campagnolo reconheceu a gravidade do episódio com o militar preso na Espanha, durante escala do voo, mas criticou o sargento detido e citou que o fato não teria nada a ver com o chefe do Executivo. Ao classificar a fala de Luz como “mais um ataque do PT”, ela respondeu que o sargento já “viajou com três presidentes em mais de 30 viagens ao exterior”, passando pelos governos Lula, Dilma e Temer. “Realmente, é muito grave que qualquer tipo de droga seja transportada em um avião. O que impressiona é que isso [crítica] venha de um deputado petista. Pois o PT é amigo das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as FARC, a maior produtora e distribuidora de cocaína da Colômbia”, disse a parlamentar.
Campagnolo ainda mostrou no telão do Plenário imagens mostrando a lista do 9º encontro do Foro de São Paulo, que inclui a presença de representantes do PT, PSB e PCdoB, além das FARCs. “O PT e as FARC têm amizade de longa data. Quando [o ex-presidente] Lula foi encarcerado, as FARC se solidarizaram por nota. E em 2009, Lula sugeriu que o grupo fundasse um partido para concorrer nas eleições”, acusou.
O também pesselista Jessé Lopes retrucou Luz criticando a participação do PT no Foro de São Paulo. “O assunto foi tratado como uma teoria da conspiração, mas é inconstitucional por contrariar o artigo primeiro da Constituição, que fere a soberania do país. É uma reunião comunista que queria dominar a América Latina”, assegurou. Lopes ainda questionou as críticas sobre o desempenho do governo Bolsonaro citando que o país vive um “recorde histórico nas bolsas de valores.”
Os deputados Maurício Eskudlark (PL) e Jair Miotto (PSC) também saíram em defesa de Bolsonaro. O primeiro falou em “destruição do respeito, da moral, que aconteceu com mais vigor nesses últimos 20 anos”, período em que o PT esteve por quatro mandatos no comando da nação. O segundo elogiou o atual presidente por ter em sua equipe os ministros Sérgio Moro, Paulo Guedes e Damares Alves, “que tem colocado temas importantes [para serem discutidos]”. “É início de governo, precisamos dar um crédito, como em Santa Catarina, onde o governo Moisés tem adotado medidas que merecem aplausos. O PSC se posiciona independente, mas não fica contrário só para ser contrário.”
Tribuna
Em um segundo discurso na tribuna, Ana Campagnolo mostrou uma reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” sobre a determinação do governo federal, por meio do Itamaraty, de orientar os diplomatas brasileiros que gênero não existe, é apenas uma nova palavra para sexo biológico. Ela sugeriu que tanto a Assembleia quanto o governo estadual adotem o mesmo procedimento. A parlamentar criticou a teoria de gênero, que classificou como “teoria cientificamente marginal, não aceita pela maior parte dos pensadores.”
Rodovias
Outra sugestão ao governo estadual foi apresentada por Volnei Weber (MDB). O deputado propôs que a gestão para recuperação da malha rodoviária estadual e a construção de novas estradas seja feita em parceria com os municípios. “O governo, por mais boa vontade que tenha, tem um cobertor curto para fazer frente às necessidades.” O parlamentar citou como exemplo sua cidade natal, São Ludgero, onde “há obras para todos os lados” com baixo custo. “É um sistema de viés diferente, aproveitando recursos naturais da região e utilizando o maquinário existente nas cidades, deixando para o governo apenas a compra da camada asfáltica, que nos moldes tradicionais custa R$ 1,5 milhão por quilômetro”, enquanto o modelo colocado em prática na cidade seria de R$ 300 mil por quilômetro.
Parlamento Jovem
Em seu discurso, Maurício Eskudlark parabenizou a Escola do Lesgilativo Deputado Lício Mauro da Silveira pelas atividades do Parlamento Jovem realizadas nessa semana na Alesc. “Vamos estudar as demandas apresentadas pelos estudantes. É bom quando o aluno vem participar. Vem com novas ideias, quer mudar o mundo, traz seus sonhos, seus anseios para termos um estado e um país melhor. Aqui o objetivo é fazer Santa Catarina cada vez melhor, mas esbarramos em dificuldades legislativas e impedimentos legais e nem sempre conseguimos fazer o que desejamos. Vamos estudar os projetos e tudo o que for possível transformaremos em realidade.” Em aparte, a deputada Ada de Luca (MDB) comentou que, no dia anterior, ela e as deputadas Paulinha (PDT) e Marlene Fengler (PSD) ficaram entusiasmadas com a vontade dos jovens. “Daqui alguns anos vários estarão aqui”, avaliou.
Acesso à capital
Quando foi à tribuna, Jair Miotto recordou aos colegas que nesta terça-feira (25) destacou os problemas sobre o acesso à ilha de Santa Catarina apesar da terceira faixa da Via Expressa, inaugurada com 90 dias de antecedência. “Mas desde que o poder público mudou os acessos pela Ivo Silveira e Gaspar Dutra, além da Max de Souza, afunilam em um acesso apenas. Toda a parte continental de Florianópolis está com um congestionamento enorme, pior do que quando não havia a terceira faixa”, criticou. A expectativa do representante do PSC era que uma solução surgisse em reunião marcada para a tarde desta quinta entre o DNIT, a prefeitura e a Secretaria de Infraestrutura. O Coronel Mocelin (PSL) destacou que a obra inicialmente melhorou a entrada na capital catarinense. Mas, na opinião dele, é necessário se debater a possibilidade de um outro acesso à cidade.
Sem recesso
Jessé Lopes fez um apelo à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alesc para dar celeridade a um projeto de sua autoria. O deputado destacou que cumpriu promessa de campanha ao propor o fim do recesso parlamentar no mês de julho. “Peço que a CCJ agilize a tramitação da matéria para que se possa fazer o debate. Não vejo necessidade de um só dia de recesso, período que não é férias, que não é para viajar com a família, mas para trabalhar na base. Vejo que é hora de mostrar para o povo catarinense que somos diferentes. Na iniciativa privada, as pessoas não têm direito a recesso remunerado no meio do ano.”