Parlamentares e secretários estaduais manifestam-se sobre onda de ataques
Com seis novos casos entre a noite de terça e a madrugada desta quarta (06), chegam a 60 os ataques registrados em todo o estado desde o início das ocorrências, no dia 30 de janeiro. O número é o mesmo da onda de atentados ocorrida em novembro do ano passado, supostamente também a mando de líderes de facções criminosas diretamente de dentro dos presídios. Presentes à leitura da Mensagem Anual do governador, realizada na tarde de ontem, parlamentares e autoridades do setor de segurança manifestaram-se sobre o assunto.
Sobre a informação de que os crimes teriam sido desencadeados por abusos cometidos contra detentos do Presídio Regional de Joinville, a secretária da Justiça e Cidadania, Ada Faraco de Luca, afirmou que as responsabilidades já estão sendo apuradas e alguns agentes envolvidos já foram afastados. “Sou veemente contra torturas físicas ou psicológicas e as pessoas responsáveis estão sendo averiguadas e punidas. Temos certeza que iremos contornar esta situação”, disse Ada.
Ela destacou que iniciativas vêm sendo implementadas para o aprimoramento do sistema penitenciário, como a reforma dos presídios e o sistema de ressocialização de apenados. “Aproximadamente 6 mil, dos 17 mil detentos do estado, já trabalham dentro dos presídios, cujas estruturas também passam por um processo de reforma. O dever de casa está sendo bem feito”.
Sobre os ataques, o secretário de Segurança, César Grubba, afirmou que as corporações policiais vêm intensificando sua atuação no sentido de prevenir as ações criminosas. “Destacamos todo o nosso efetivo policial para a prevenção, repressão e investigação deste tipo de irregularidade, e estamos conseguindo nos antecipar a uma série de casos”.
De acordo com o secretário, a transferência dos líderes de facções criminosas para presídios federais também deve contribuir para a normalização da situação. A transferência vai ser acertada ainda nesta quarta-feira, em Brasília, entre o governador Raimundo Colombo e ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Colombo também irá reivindicar a liberação de recursos visando aumentar o número de viaturas de transporte de presos perigosos e de armamentos de maior calibre e ainda um maior compartilhamento de informações entre a Polícia Federal, a Agência Brasileira de Inteligência e as instituições de segurança de Santa Catarina.
Parlamentares cobram mais ação do governo
Para o deputado Nilson Gonçalves (PSDB) a onda de atentados apenas evidencia a piora da segurança pública no estado. Recém eleito 2º secretário da Mesa da Assembleia, ele qualificou os atentados como “a gota d’água que faltava” para que a sociedade despertasse para o problema. “Não dá pra dizer que a tortura aos presos levou a isso. Foi uma série de fatores que contribuíram para o agravamento da situação, como a superlotação dos presídios e o afrouxamento da lei referente a pequenos delitos”.
Integrante da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa e presidente da Associação de Praças do Estado de Santa Catarina (Aprasc), deputado Sargento Amauri Soares (PDT), afirmou que a onda de violência é reflexo da “desestruturação” pela qual os serviços públicos vêm passando nas últimas duas décadas. “É preciso fortalecer todos os serviços públicos e, em especial, o da Segurança Pública, para que o Estado possa ter uma presença mais forte nas comunidades pobres. De outra forma, continuaremos reféns da marginalidade”.
Já o deputado Maurício Eskudlark (PSD), que já atuou como delegado da Polícia Civil e como diretor do Combate ao Crime Organizado da Secretaria de Segurança Pública, ressaltou que o todo o modelo do sistema prisional deve ser revisto para que os movimentos existentes dentro das penitenciárias possam ser apaziguados. “A situação já passou dos limites toleráveis. Precisamos implementar medidas urgentes, como o aprimorando os serviços de inteligência do Estado”.
Legislativo integra grupo permanente
Na última segunda-feira (04), o presidente do Legislativo, deputado Joares Ponticelli (PP) reuniu-se com o presidente do Tribunal de Justiça e representantes do Executivo, da Polícia Militar e da Deic para discutir ações de combate aos atentados. "O objetivo é proteger e tranquilizar a população catarinense”, afirmou Ponticelli. Foi definido que a Assembleia Legislativa irá integrar o grupo permanente de atuação, formado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública, para combater os atentados.
Agência AL