Pandemia se agrava e deputados de SC falam em auditar atestados de óbitos
Com recorde de mortes e centenas de pessoas nas filas por uma vaga de UTI em Santa Catarina, deputados sugeriram auditar os atestados de óbitos relativos às mortes causadas pelo coronavírus durante a sessão de quarta-feira (24) da Assembleia Legislativa.
“O senhor Emmanuel Dias de 72 anos foi ao hospital particular em Joinville e o médico disse ‘pega paracetamol e volta para casa’. Dois depois voltou com fortes dores nas costas e o médico disse ‘procura um massagista’. Ele voltou para São Francisco do Sul e dois dias depois retornou, foi intubado, levado para UTI em Itajaí e quatro dias depois morreu”, descreveu Kennedy Nunes (PSD).
Segundo o parlamentar, a Covid não está sendo tratada convenientemente e parte da fila de mais de 400 pessoas esperando vaga de UTI tem causa no primeiro tratamento ofertado aos contaminados.
“Faço um pedido à Comissão de Saúde para criar uma comissão formada por membros desta Casa, Ministério Público (MPSC), Conselho Regional de Medicina (CRM), Secretaria de Estado da Saúde (SES), secretários municipais e associações dos hospitais para analisar todos os atestados de óbito por Covid. Cadê o teste, qual tipo de tratamento, quantos dias intubado? Possíveis erros médicos estão sendo acobertados e colocados dentro de um saco”, denunciou o parlamentar.
“O que o médico Kennedy Nunes tem para receitar?”, perguntou Maurício Eskudlark (PL), informando em seguida que, contaminado pelo vírus, o médico receitou-lhe dipirona.
“É a medicação para ver se o caso fica mais grave ou não. Acho injusto dizer que estão escondendo coisas, botando dentro de um saco, nunca os profissionais da saúde foram tão exigidos e merecem o nosso reconhecimento quanto agora”, garantiu Eskudlark.
Jessé Lopes (PSL) acompanhou Kennedy e criticou Eskudlark.
“Se (a cloroquina e ivermectina) não têm cientificidade nenhuma, qual cientificidade que tem a dipirona ou qualquer outra droga? Esperam para ver se vai agravar e muitos morreram assim”, lamentou Jessé.
Neodi Saretta (PT) defendeu mais restrições de circulação e auxílio financeiro para bares, restaurantes e empresas de eventos optantes pelo Simples Nacional.
“Todos os esforços têm sido feitos, mas tem de diminuir a velocidade de contaminação, porque não se dará conta, são dias com recordes de mortes, de internação, de filas por leitos de UTI, de mortes nas filas”, declarou Saretta, que anunciou o protocolo de um projeto de lei para conceder auxílio emergencial aos estabelecimentos que optaram pelo Simples Nacional.
Doutor Vicente Caropreso (PSDB) chamou a atenção para o esgotamento físico e mental dos trabalhadores da saúde e elogiou a Federação Catarinense de Municípios (Fecam) pela compra de vacinas.
“Os médicos e enfermeiras começam a dar sinais de cansaço extremo e o cansaço produz algo extremamente comum, o erro. Considero que os profissionais merecem mais que os parabéns, erros existem, mas no meio de quantos acertos?”, discursou Caropreso, que parabenizou a Fecam pela aquisição de 4,7 milhões de doses da vacina russa Sputnik.
Contágios nas escolas
Luciane Carminatti (PT) confessou sua angústia com a situação das escolas públicas estaduais e municipais, à mercê do coronavírus.
“Foram dois óbitos de professores em Itapema e três óbitos em Itajaí. Têm escolas burlando casos de Covid por causa de professores com medo de perder o emprego, as máscaras não são adequadas, falta álcool em gel e tanto o ensino híbrido, quanto remoto e o presencial estão em precaríssimas condições”, relatou Carminatti.
De acordo com a parlamentar, há salas de aula com dois, quatro alunos. “Como o professor dá aula para dois alunos e remotamente para os outros alunos?”, perguntou a deputada, acrescentando que tem escola incentivando aula presencial porque as plataformas não funcionam.
Carminatti pediu apoio para projeto de sua autoria que permite a aquisição, pela Secretaria de Estado da Educação (SED), de computadores para os alunos das escolas públicas.
“São mais de 500 mil estudantes, em um pregão o custo vai lá para baixo”, garantiu a parlamentar.
Moacir Sopelsa (MDB) apoiou a iniciativa da representante do PT.
“Peguei R$ 2 mi daquelas emendas (impositivas) e deixei R$ 1 mi em Concórdia, o prefeito entra com mais R$ 1 mi e compra um tablete para cada aluno”, revelou Sopelsa, que também destinou R$ 500 mil para Seara e R$ 500 mil para Irani para o mesmo fim.
Carminatti na Câmara dos Deputados
A representante de Chapecó contou aos colegas que foi convidada pela Câmara dos Deputados para participar, em nome das comissões de educação dos legislativos estaduais, de debate sobre a vacinação dos trabalhadores da educação.
Joares Luiz Nogara
Vicente Caropreso lamentou a morte do médico Joares Luiz Nogara, de Blumenau.
“Tinha 85 anos e mais de 50 anos de medicina, é muito mais que apenas um número. Vocês podem imaginar a dor e a falta que faz um profissional desses? Quantos outros profissionais de saúde poderíamos conviver por mais 10, 20 anos? Minhas condolências à família e ao corpo clínico do Hospital Santa Izabel. Joares era o médico que todos precisamos e procuramos”, declarou Caropreso.
“Nossa homenagem a esse profissional que tanto fez pela saúde dos catarinenses”, afirmou Ismael dos Santos (PSD).
Auxílio emergencial
Luciane Carminatti defendeu o pagamento de auxílio emergencial pelo Executivo estadual para que as pessoas fiquem em casa, diminuindo, assim, a transmissão do vírus. Por outro lado, a parlamentar criticou o baixo valor do auxílio que será para pelo governo federal, com previsão entre R$ 150 e R$ 375.
“Um auxílio minúsculo, cruel e covarde. Só um governo genocida para propor isso”, avaliou a deputada, que defendeu auxílio de R$ 600 até o final da pandemia.
Jessé Lopes (PSL) discordou.
“Auxílio não salva economia, só de aluguel pagam R$ 1,5 mil, então R$ 1 mil é no máximo para não morrer de fome”, opinou Jessé, que ponderou o custo para o erário de um auxílio de quatro parcelas de R$ 250.
“Quantos bilhões custarão para os cofres públicos?”.
Dom José Gomes
Padre Pedro Baldissera (PT) destacou as celebrações alusivas ao centenário de nascimento de Dom José Gomes, mitológico bispo de Chapecó que nasceu em Erechim (RS) e foi um dos principais responsáveis pelo sucesso do modelo cooperativista implantado pioneiramente no Grande Oeste.
“Um líder único que era mestre e aprendiz do povo, desde os primeiros passos caminhou junto de todos e fez de sua trajetória exemplo de luta, repleta de protagonismo revolucionário”, ressaltou Padre Pedro, acrescentando que inúmeras lideranças dos movimento sociais “se qualificaram e se preparam durante o tempo de Dom José Gomes”.
Reintegração de posse
Sargento Lima (PSL) avisou as forças de segurança de Joinville que amanhã estará presente na reintegração de posse de uma área de preservação permanente (APP) ocupada por quatro famílias.
“Por que faz essa reintegração agora, no meio da crise, com pais desempregados, com prazo de 48 horas para sair? Amanhã estarei lá, vão ter o prazer de prender um homem lá, vão poder contar para os filhos de vocês, prendi um homem”, ironizou Lima.
Afastamento do líder do governo do julgamento
Ivan Naatz (PL) informou que solicitou ao presidente do Tribunal de Justiça (TJSC) a suspeição do líder do governo, José Milton Scheffer (PP), no julgamento do governador Carlos Moisés pelo caso da compra ilegal dos respiradores, que acontecerá sexta-feira (26).
“Ocupa o cargo de líder do governo e, pasmem, o deputado vai votar no processo de impeachment, é um processo completamente viciado. Gostaria que o deputado se afastasse, um magistrado tem que se dar por impedido, é uma aberração jurídica”, sustentou Naatz, que trouxe ao plenário um bolo e balões com o número 33.
“Solta todo mundo”
Ricardo Alba (PSL) sugeriu que o Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou suspeito o julgamento de Lula presidido pelo ex-juiz Sérgio Moro, não libere apenas Lula, mas todos os presos da operação Lava-Jato.
“Há cinco anos atrás, em 2015, eu e todo Brasil saímos às ruas em apoio à Lava Jato, para que colocasse atrás das grades o Eduardo Cunha, Sérgio Vaccari, Renato Duque, o Sérgio Cabral e o chefe da quadrilha, Luiz Inácio Lula da Silva”, lembrou o deputado, que lamentou a decisão do STF. “É o Supremo rindo da cara do povo, então solta todo mundo”.
Vacinação a partir de abril
Maurício Eskudlark informou que os membros da segurança pública deverão ser vacinados contra a Covid em abril.
“Eles não têm parado um dia sequer e têm de receber a vacina como grupo prioritário para que se possam se proteger, já perdemos diversos policiais”, revelou.
Educação domiciliar
Bruno Souza (Novo) defendeu novamente a aprovação de projeto de sua autoria que regulamenta o ensino domiciliar em Santa Catarina.
“São mais de mil famílias e o Plenário teve oportunidade de aprovar requerimento para que o projeto tramitasse com mais rapidez, mas o requerimento foi rejeitado. Agora duas famílias foram assediadas e estão sendo processadas pelo MPSC porque não existe legislação para protegê-las”, lastimou Souza.
Sistema à margem da lei
Bruno Souza denunciou outra vez que as empresas de ônibus que operam linhas intermunicipais atuam à margem da lei.
“Estão atuando de forma precária e ilegal porque em 1980 se criou o sistema atual e se deu licenças para um grupo de empresas sem licitação e estamos até hoje sem licitação no sistema de ônibus intermunicipal”, reclamou o deputado.
Agência AL