Palestra com Frei Betto encerra seminário sobre imigração realizado na Alesc
A palestra do escritor e jornalista Frei Betto encerrou, na noite desta quarta-feira (7), o 1º Seminário "Migrações Contemporâneas e Direitos Fundamentais de Trabalhadores e Trabalhadoras em Santa Catarina", realizado pela Comissão de Direitos Humanos do Parlamento, em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), Observatório de Migrações da Udesc e Grupo de Apoio aos Imigrantes e Refugiados de Florianópolis. Durante dois dias, foram debatidas políticas públicas de acolhimento aos imigrantes. O evento reuniu dezenas de pessoas envolvidas com o tema no Auditório Antonieta de Barros da Assembleia Legislativa
O palestrante, que é autor de mais de 60 livros e é reconhecido internacionalmente pela militância na área dos direitos humanos, apontou os motivos que levam as pessoas a migrarem, entre eles a fome, a opressão, as guerras, o tráfico de pessoas, entre outras. “A fome, por exemplo, é uma questão política, não culpa da natureza. Há algo de muito errado quando a espécie humana consegue pousar na lua, mas não consegue fazer pousar na barriga de milhões de crianças os nutrientes necessários”, comentou.
No caso específico do Brasil, que tem sido destino nos últimos anos principalmente por imigrantes haitianos e senegaleses, Frei Betto considera que o poder público tem aprimorado a atuação no acolhimento aos imigrantes, mas ainda faltam ações, como a criação de secretarias do Migrante pelos estados e resolver as contradições entre Polícia Federal, Ministério do Trabalho e Ministério das Relações Exteriores nessa questão.
“É preciso também criar abrigos de acolhimento, facilitar o acesso aos postos de trabalho e ao ensino do português. Temos também que ter cuidado especial com crianças e idosos”, afirmou.
Frei Betto também criticou durante o preconceito contra os imigrantes, o qual classificou como “inumano e burro”. “Os preconceitos existem, mas não se justificam. Temos que abrir o coração e reconhecer os direitos que os imigrantes têm, afinal todos os brasileiros são descendentes de imigrantes. Por isso, é nosso dever como ser humanos acolhe-los, criar condições para que eles tenham uma vida descente.”
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, deputado Dirceu Dresch (PT), participou do encerramento do seminário. Para ele, o evento colheu sugestões importantes para a elaboração de políticas públicas em prol dos imigrantes, principalmente nas áreas da educação e do trabalho.
“Percebemos também que a legislação federal sobre imigração precisa mudar. Ela é antiga, da época da ditadura, e hoje vivemos num regime democrático”, disse Dresch. “O importante é que todas essas ações atinjam um objetivo principal: acolher os imigrantes e tratá-los com respeito e dignidade.”
Agência AL