Operação Carne Fraca recebe chuva de críticas na tribuna da Assembleia
A operação “Carne Fraca” deflagrada pela Polícia Federal na última sexta-feira (17), que atingiu em cheio o mercado de carnes e derivados, recebeu uma chuva de críticas dos deputados catarinenses. “Onde já se viu dois anos preparando uma ação, por que não agiu antes ou denunciou apenas os envolvidos? Para aparecer na mídia? Quero repudiar a ação da Polícia Federal”, declarou Altair Silva (PP) na abertura da sessão da tarde desta terça-feira (21) da Assembleia Legislativa.
Para Altair, trata-se de uma história mal contada. “O agronegócio representa a maior fonte de empregos do país, mas fiscalizaram 0,4% dos frigoríficos e jogaram na vala comum 99,6% do setor que trabalha corretamente”, explicou o deputado, que elogiou a reação dos governos estadual e federal. “Foi uma ação rápida e oportuna, o governo do Estado reuniu todos os integrantes do agronegócio”, descreveu o representante de Chapecó.
Luciane Carminatti (PT) lembrou que a região Oeste é grande produtora de alimentos. “Uma região que persegue a qualidade, que defende a inspeção dos produtos, que tem preocupação com segurança alimentar”, pontuou a parlamentar, que referendou a manifestação dos colegas. “A impressão que passou é que todos nós estamos consumindo papelão, mas depois vai interpretar as falas e não é papelão, estavam falando de embalagens”, lamentou a deputada, que pediu à PF mais cuidado com setores e pessoas para não cometer abuso de autoridade.
Kennedy Nunes (PSD) criticou duramente a Justiça Federal. “Um juizinho arrebentar uma nação com base em dois laudos e depois pedir explicações para a PF?”, questionou Kennedy, que cobrou da PF uma operação com 1,1 mil policiais para combater o narcotráfico. “Isso eles não fazem”, disparou o representante de Joinville, que também não poupou a reação dos brasileiros. “Vi espetinho com papelão, piadinha no zap zap arrebentando aquilo que segura este país, a própria imprensa faturou milhões com os comunicados das empresas e o produtor, ó, top, top, top”, comparou Kennedy.
Valdir Cobalchini (PMDB) avaliou que a má condução da operação causou um desastre ao país. “Ninguém tem o direito de fazer isso com a imagem do país, uma pessoa, um grupo ou uma instituição, por mais respeitada que possa ser, não tem o direito de fazer isso com o Brasil”, afirmou o representante de Caçador, que destacou os milhões perdidos com a suspensão de importações. “As bolsas estão caindo, alguns milhões já fugiram pelo ralo, têm empresas dando férias coletivas, tem cargas nos portos e em navios indo para a China, para a Coreia, é um desastre para o país e para o estado”, admitiu Cobalchini.
Neodi Saretta (PT) ponderou a dedicação dos trabalhadores que atuam nos pequenos, médios e grandes frigoríficos do estado. “Nenhum operário compactuará em colocar algum produto que poderia prejudicar um ser humano, o que não quer dizer que não se tenha de verificar, mas não podemos aceitar a generalização”, advertiu Saretta.
Para Maurício Eskudlark (PR), a Polícia Federal errou ao jogar todos os frigoríficos na vala comum. “É um fato gravíssimo, tem de agir com coerência”, defendeu o ex-chefe da Polícia Civil barriga-verde, ressaltando a cautela necessária para pedir a prisão ou busca e apreensão. “Tem de medir muito o ato que está praticando, faltou cuidado e faltou zelo”, enfatizou Eskudlark.
Mário Marcondes (PSDB) também ocupou a tribuna para tratar do assunto. Ele considerou sensacionalista a cobertura da imprensa sobre o assunto e criticou a atuação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal no caso. "O MPF e a PF não necessitam de holofotes para desempenhar seu papel na sociedade. Denegrir um setor importante como o de carnes não parece um gesto responsável", disse.
Agência AL