Opções para tratamento de resíduos orgânicos e efluentes em debate
O segundo painel da programação da manhã desta sexta-feira (23) do Sustentar 2014 abordou o tratamento dos resíduos orgânicos e de efluentes. Foram apresentadas experiências técnicas e um panorama da implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos nos municípios de Santa Catarina.
O palestrante Marcos José de Abreu, coordenador dos Projetos Urbanos do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), trouxe para o debate a experiência da "Revolução dos Baldinhos" desenvolvida em comunidades carentes da capital. O projeto é baseado na capacitação das pessoas para o processo da compostagem, desde a separação dos resíduos orgânicos, a preparação das leiras e a utilização da terra adubada.
"Nosso objetivo é que o conhecimento possa se transformar num modelo de desenvolvimento social", definiu Marcos. De acordo com ele, o projeto vai além do aspecto técnico como solução para os resíduos orgânicos, é uma proposta que valoriza o conhecimento popular e aponta para uma modelo que valoriza as pessoas. A principal crítica citada pelo coordenador foi a falta de apoio público. "Os governantes precisam assumir sua responsabilidade nesse modelo que é positivo para a sociedade. Transformamos um passivo que ia para o lixão em um ativo para a produção de alimentos", defendeu.
Gisele Pessi Legramanti, engenheira de bioprocessamento e biotecnologia, demonstrou como é o processo biológico de tratamento de efluentes. Através da técnica de biorremediação, lagoas, reservatórios e até mesmo caixas de gorduras caseiras, podem ser tratados sem a utilização de agentes químicos, apenas com microorganismos ambientais. O processo utiliza-se de bacilos retirados do solo e da água que são isolados e tratados para serem disponibilizados na forma de pó ou líquido. Este tipo de bactéria alimenta-se diretamente de compostos orgânicos em decomposição, utilizando o carbono e liberando moléculas menos complexas que não prejudicam o meio ambiente.
SC e a política de resíduos sólidos
O representante da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam), André Miquelante, apresentou os indicadores utilizados pela entidade para monitorar a implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Na avaliação do assessor há um longo caminho a percorrer para que os índices tornem-se mais satisfatórios. "O principal problema dos municípios ainda é o investimento necessário para a implantação das políticas e planos de tratamento dos resíduos. Já existe um convênio assinado com o estado, mas é preciso que os repasses sejam feitos", esclareceu André.
Ele apresentou os dados do Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Municipal Sustentável, da própria Fecam, que pode ser acessado no endereço: indicadores.fecam.org.br. A ferramenta trabalha com dados estatísticos e mede o coeficiente de aplicação de medidas que favoreçam o desenvolvimento com equilíbrio.
Agência AL