Oficinas de bruxaria, escrita feminina, cerâmica, aquarela. Interessado? Na Faferia tem
Não sabe o que fazer? Que tal uma oficina de bruxaria nas quartas-feiras, às 19 horas? Não curtiu? Tem outras opções: cerâmica, aquarela, bordado contemporâneo, interpretação, narrativa, fotografia, francês, escrita feminina. Tudo na Faferia DNA da Arte, na rua Fernando Machado, centro de Florianópolis, um espaço multicultural que abriga uma galeria de arte, oficinas, ateliês livres e grupos de discussão. “Acho que microcentros culturais são uma tendência, atualmente existem seis em Florianópolis”, afirmou o produtor cultural Fifo Lima, idealizador e diretor da Faferia.
Se a opção for cerâmica, o encontro será com Marcoliva Lives, que ensinará técnicas de modelagens e todo processo de produção, desde amassar a argila até a pintura com esmalte. “O aluno vai sair com uma peça que fez com as próprias mãos”, destacou Marcoliva.
Outra oficina que está chamando a atenção é a de escrita feminina, coordenada por Rafaela de Moraes, mestre em Letras pela UFSC, e Eleonora Mihailova Castelli, mestre em teoria literária, também pela UFSC. “Escrita feminina é um nome temporário, mas em todos os textos a temática central é a mulher”, explicou Rafaela. “Vamos abordar o feminino de várias formas, pode estar no homem também”, ponderou Eleonora Casteli.
O primeiro texto da oficina será “Outros jeitos de usar a boca”, da indiana radicada no Canadá Rupi Naur. “Ela fala de ser mulher na cultura indiana, muito machista, uma cultura do estupro, literalmente”, informou Eleonora, acrescentando que a leitura “é um soco no estômago”, escolhida para provocar discussão.
Já o segundo livro, “Homens sem mulheres”, como o nome sugere, foi escrito por um homem, o japonês Haruki Murakami. “São relatos de homens sem mulheres e em todos os casos abandoná-los foi uma escolha delas, escolheram levar outra vida”, explicou Eleonora.
Uma palinha da escrita feminina
Para que o leitor tenha ideia do que pode ser objeto de análise da escrita feminina, a reportagem escolheu o sobrenome russo de Eleonora, “Mihailova”, que significa filha de Mihail. A primeira coisa que se deduz é que as mulheres russas carregam o nome do pai e são identificadas pelo sobrenome como filhas do fulano ou do sicrano.
Outro detalhe, este menos perceptível, está na letra “a” do final do nome, que identifica a pessoa como mulher. “Podem ver a tenista Anna Kournikova, o sobrenome do irmão dela é Kournikov, sem a letra “a”. A língua carrega o que for colocado nela, inclusive o machismo”, advertiu Eleonora.
Aberta de segunda a sábado
A Faferia DNA da Arte permanece aberta de segunda a sexta-feira, das 10 às 19 horas, e aos sábados, das 9 às 17 horas. Também é possível contatar e conhecer a programação mensal de oficinas, workshops, palestras e ateliês livres na página https://faferia.wordpress.com, ou https://www.facebook.com/faferia/. “Não temos muito a cultura de consumir arte, mas estamos aí com nosso trabalho formiguinha”, declarou Fifo Lima.
Agência AL