Obras inéditas de Rodrigo de Haro estão expostas na Fundação Badesc
Rodrigo de Haro rompe os limites do moralismo na exposição “Sem Repetir uma Única Estrela”, em cartaz na Fundação Cultural Badesc, no centro da capital, até 19 de outubro. Bailes, cabarés, jogos masculinos, representações femininas, entre elas a imagem de um transexual, estão expostas nas paredes onde já foi a casa do ex-governador Celso Ramos.
Com curadoria de Fabrício Tomazi Peixoto e Eneléo Alcides, a mostra reúne mais de 60 obras, algumas inéditas e grande parte nunca expostas (a maioria de colecionadores particulares), de um período de 60 anos de produção. Os trabalhos selecionados têm relação com os temas preferidos do artista: a Ilha de Santa Catarina e seus personagens, os mitos, o sagrado, o desejo, as mulheres, os bailes e os cabarés. “Entre os destaques da mostra estão os originais e a reprodução em vídeo de três livros manuscritos inéditos do artista: Idílios Vagabundos, Lanterna Mágica e Poesia para Recitais”, comenta Eneléo, diretor da Fundação.
Rodrigo de Haro é um dos grandes ícones da pintura de Santa Catarina e também um dos poetas mais conhecidos, com uma produção especial. Aos 79 anos, ocupa a cadeira nº35 da Academia Catarinense de Letras e continua produzindo, à medida que sua saúde permite. Para Eneléo, o que mais chama a atenção nas pinturas de Rodrigo são as personagens que ele cria. “Ele pinta como se estivesse escrevendo histórias. Se você olhar, principalmente aquela parte dos quadros que são festas, bailes é como se ele estivesse contando toda uma cena fílmica. São várias camadas que ele vai construindo, bastante sutis, com bastante ironia, onde ele relata uma Florianópolis onde ele viveu e que em grande parte imaginou, como ele mesmo fala.”
A visitação é gratuita, de segunda a sábado, das 12 às 19h. A Fundação Culural Badesc fica na Rua Visconde de Ouro Preto, fundos do Teatro Álvaro de Carvalho.
Quem é Rodrigo de Haro
Rodrigo nasceu em Paris em 6 de maio de 1939, às vésperas da segunda guerra mundial. O conflito forçou seus pais, Martinho e Maria Palma de Haro, a retornar ao Brasil. Até 1944 moraram em São Joaquim e, a partir desse ano fixaram residência em Florianópolis. Desde muito novo, Rodrigo trabalha como artista plástico e poeta.
Entre muitas obras plásticas que brotam de sua criatividade, um de seus trabalhos mais vistosos orna as paredes e a entrada da reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina. Suas obras também podem ser vistas na Igreja de Santa Catarina de Alexandria, em homenagem à padroeira de Florianópolis, e também em mural na escola municipal Doutor Paulo Fontes, na comunidade de Santo Antônio de Lisboa.
Na poesia tem sua obra associada ao surrealismo e ao conjunto de poetas que surgiu no início da década de 1960 em São Paulo, do qual podemos citar Roberto Piva, Claudio Willer, Carlos Felipe Moisés e Antonio Fernando de Franceschi dentre outros.
Agência AL