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08/10/2012 - 18h30min

O segredo das urnas: uma análise das eleições

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Eleições 2012

Por Vitor Santos

Reza um antigo dito popular que “da cabeça de juiz, do ventre das mulheres e da boca das urnas nunca se sabe o que vai sair”. Hoje não é bem assim. O ultrassom mostra o sexo da criança e as pesquisas eleitorais, quando bem feitas, revelam, dentro da margem de erro, a intenção precisa do eleitorado nos dias em que foram realizadas. Não foi o caso de Florianópolis e Blumenau.
Na Capital, embora as pesquisas colocassem Angela Albino (PCdoB/PT) no segundo turno, os últimos números do Ibope indicaram empate técnico com Gean Loureiro (PMDB). Portanto, a passagem do candidato do prefeito Dário Berger para o segundo turno com Cesar Souza Junior (PSD/PP), candidato do governador, não surpreendeu os pesquisadores.
A surpresa ficou por conta do professor Elson Pereira (PSOL). O Ibope previu que ele obteria 6% dos votos válidos. Faturou mais que o dobro, 14,42%.

Blumenau
Já na cidade da Oktoberfest, o Ibope tomou um chope a mais. No dia 25 de setembro, o instituto verificou na pesquisa estimulada que Ana Paula Lima (PT/PP) liderava com 32%, Jean Kuhlmann (PSD) tinha 31% e Napoleão Bernardes (PSDB) 22%.
Nove dias depois o Ibope cravou Ana Paula com 40%, Kuhlmann 26% e Napoleão 22%. Abertas as urnas os prognósticos se inverteram, Napoleão recebeu 38% dos votos, Jean 30% e Ana Paula 29%. Como pode uma pesquisa (bem feita) errar tão feio?

PT/PMDB x PSD
Antes do TRE divulgar os resultados, a Agência AL conversara com José Fritsch, delegado do Partido dos Trabalhadores. O ex-prefeito de Chapecó afirmou que o PT, caso Angela Albino e Carlito Merss rodassem no primeiro turno, apoiaria Gean Loureiro na Capital e Udo Döhler em Joinville, ambos do PMDB.
Esse apoio segue a lei da gravidade política. Tanto em Florianópolis quanto na Manchester catarinense o adversário do PMDB é o PSD do governador. Logo é natural o PT se posicionar na mesma trincheira do PMDB. Ainda que se diga que ambos são aliados em Brasília, o que conta mesmo para os petistas é derrotar o PSD e minar o relacionamento deste com os peemedebistas, enfraquecendo o projeto de reeleição de Colombo e fortalecendo o seu.
Essa circunstância também aumenta a dificuldade daqueles peemedebistas que trabalham para repetir em 2014 a aliança vitoriosa em 2002, 2006 e 2010. O embate nas duas maiores cidades do estado pode azedar de vez a relação. Os reflexos poderão ser sentidos já na primeira eleição após o pleito municipal, que elegerá o novo presidente da Assembleia, em fevereiro de 2013.

PMDB e PP
Não deu certo a aliança PMDB/PP em Tubarão. A união de rivais históricos – Edinho Bez (PMDB) e Joares Ponticelli (PP) – não foi absorvida pela população. O candidato do PT, Olávio Falchetti, percebeu a desaprovação popular e com um discurso anticoligações ganhou sozinho e com facilidade.
Resta saber o que farão os pepistas em Joinville. Apoiarão Kennedy ou se unirão aos petistas em torno do PMDB de Udo Döhler?

PSOL
A histórica votação do PSOL em Florianópolis acabou com o sonho do PCdoB e do PT de repetirem a eleição de 1992, quando Sérgio Grando derrotou os candidatos do PDS/PFL e do PMDB. A divisão na chamada “esquerda” tirou voto e a chance de Angela Albino disputar o segundo turno.
Apesar de uma campanha insossa na tevê, Elson foi bem nos debates, demonstrando conhecimento sobre os desafios da Capital, principalmente mobilidade urbana, sua área de pesquisa na UFSC. O marketing ficou por conta das redes sociais. Além de conquistar indecisos, os argumentos do professor mudaram o voto de muita gente.

AP 470
Não é possível dissociar o efeito do julgamento da ação penal 470 no STF do resultado eleitoral do PT em Santa Catarina. O desempenho em Chapecó, Joinville, Florianópolis e Blumenau ficou abaixo das expectativas.
Dos maiores colégios do estado, o PT elegeu o prefeito de Araranguá em aliança com o PDT e o DEM, Brusque (PT/PP), Capinzal (PT/PP/PSD), Concórdia (PT/PP), Itapiranga (PT/PP/PSD), Mafra (PT/PMDB), Pinhalzinho (PT/PMDB), Porto União (PT/PMDB) e São Lourenço d’Oeste (PT/PP).

Deputado eleito
Elizeu Mattos (PMDB) tem razões de sobra para comemorar a vitória em Lages. Ganhou uma eleição dura, contra a máquina do estado e do município e com a presença do governador aliado no palanque adversário.
Além de abrir espaço para o primeiro suplente da coligação PTB/PMDB/PSL/PSC/DEM/PTC/PRP/PSDB, deputado Maurício Eskudlark (PSD), Elizeu administrará uma cidade que tem a obsessão de eleger governadores.

Eleições sub judice
Em Criciúma, Palhoça, Campo Erê, Videira, Tangará e Presidente Nereu ainda não há prefeito eleito. Nesses municípios, os candidatos mais votados tiveram suas candidaturas indeferidas pelo TRE, mas permaneceram candidatos porque entraram com recursos no TSE contra as decisões da corte catarinense.
Aqueles candidatos que reverterem a decisão do TRE serão declarados eleitos. Se o TSE confirmar a decisão da corte local, assumem os segundos colocados. Entretanto, no caso de Criciúma, como o prefeito Clésio Salvaro (PSDB/PP) obteve mais de 70% dos votos, o indeferimento definitivo da sua candidatura implicará na realização de novas eleições.

Palhoça
A entrevista à Rádio CBN da juíza eleitoral da Palhoça confirmando que os votos destinados ao Coronel Ivon (PSDB) seriam considerados nulos gerou dúvida na cidade. A Agência AL questionou o presidente do TRE, Luiz César Medeiros, sobre a entrevista e os efeitos na eleição. Segundo Medeiros, a juíza cumpriu o que diz a lei. “Em Palhoça a proclamação dos resultados ficará condicionada à decisão do TSE”, declarou.
Todavia, Medeiros concordou que a comunicação dos efeitos da lei sobre o candidato do PSDB gerou dúvida e nem todo eleitor entendeu que o voto dado ao coronel pode ser reabilitado, desde que o TSE aceite os argumentos da sua defesa. Ivon obteve 29.721 votos, contra 24.260 de Camilo Martins (PSD/PP) e 17.378 de Ari Leonel (PMDB/PT/DEM).

Ficha Limpa
Para os juízes do TRE consultados pela Agência AL não será fácil a vida dos candidatos que tiveram seus registros indeferidos por causa da lei da Ficha Limpa. De acordo com esses julgadores, a rejeição de contas de prefeitos e de presidentes de câmaras pelo Tribunal de Contas foi o principal motivo de indeferimento de candidaturas.
Marcelo Peregrino Ferreira afirmou que o Tribunal não considerou os casos de rejeição por inépcia ou inabilidade do gestor e/ou ordenador de despesas. “Procuramos verificar em cada caso se havia traços de má fé”, declarou Peregrino, adiantando que a tendência no Tribunal é endurecer o entendimento para 2014.
No caso concreto, um ex-prefeito que teve suas contas rejeitadas pelo TCE porque não gastou o percentual mínimo em educação ou saúde obteve na Justiça Eleitoral o direito de candidatar-se novamente.
Para o juiz Júlio Schattschneider, a aplicação da Ficha Limpa vai popularizar os julgamentos do TCE. “Hoje a gente não vê o cidadão preocupado com o julgamento das contas dos prefeitos no Tribunal de Contas. Isto pode mudar”, avaliou.

Bastidores da apuração
Apesar do aparato tecnológico disponibilizado pelo TRE e a presença maciça da imprensa no Tribunal, apenas o vereador eleito Thiago Silva apareceu por lá. Obviamente monopolizou as atenções e concedeu entrevistas para todos os jornalistas, de todas as mídias. Estava eufórico, mas paciente. Thiago dedicou a vitória à mãe e à avó, empregadas domésticas e moradoras do Mocotó, em Florianópolis.

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