O autista na escola é uma realidade, aponta seminário sobre a síndrome
Mesmo com um auditório lotado de profissionais de diversas áreas que atendem pacientes autistas, a maioria dos professores, assistentes sociais e psicólogos admite que não estudou sobre a síndrome na faculdade. A falta de preparo e conhecimento técnico sobre o autismo foi uma das principais queixas dos mais de 300 participantes da terceira edição do Seminário Descentralizado de Estudo e Conscientização sobre Autismo, promovido pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina em Itajaí durante todo o dia de hoje (7).
O encontro, realizado no auditório da Secretaria Municipal de Educação, reuniu mais de 300 profissionais que atendem pacientes e estudantes autistas da região em associações e órgãos públicos. Apesar do apelo para que as crianças saiam de casa e recebam educação e o tratamento adequado, ainda falta estrutura física e capacitação profissional.
“Em Itajaí temos 90 pessoas na lista de espera por tratamento multidisciplinar”, alertou Paulo Cezar Prates, pai de autista e membro da Associação Humanity de Itajaí. O grupo existe há 18 anos e atende 35 autistas com apoio da prefeitura municipal. “Além de profissionais preparados, precisamos de mais voluntários para a causa”, pediu Prates.
As práticas pedagógicas e curriculares voltadas aos autistas foram o eixo central do seminário em Itajaí. “O autista na escola é uma realidade”, garantiu o psicopedagogo e jornalista Antônio Eugênio Cunha, que abordou o tema em duas palestras.
Ensino diferenciado
“Tudo passa a ter valor pedagógico, como o simples gesto de escovar os dentes”, comparou Cunha ao abordar as técnicas educacionais que devem ser utilizadas na educação dos autistas. “A escola tem de visar a autonomia, para depois chegar às estratégias criativas e colaborativas. A escola deve ser assim”.
A partir desta socialização do aluno autista, devem ser traçados os conteúdos a serem ministrados. Todo o corpo escolar deve participar do planejamento. “No entanto, não basta apenas a estrutura do estado e a capacitação, o professor deve ter um olhar diferenciado para esse estudante”, alertou o especialista.
Leis de proteção
Durante o seminário, também foi abordada a legislação nacional (Lei 12.764/12) e estadual (Lei 16.036/2013) que garantem o tratamento multidisciplinar a pessoa com transtorno do espectro autista. A lei catarinense ainda trata o autista como pessoa com deficiência para todos os efeitos legais.
Dados da Organização das Nações Unidas e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/EUA) indicam que uma em cada 68 crianças nascem com transtorno do espectro autista. Estima-se que no mundo haja pelo menos 70 milhões de autistas. No Brasil, são 2 milhões.
“Porém, apenas 10% têm o diagnóstico fechado e já receberam atendimento de um profissional especializado”, lamentou Janice Krasniack, assessora parlamentar da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Seminários em todo o estado
A série de seminários sobre o transtorno do espectro autista em todas as regiões do estado visa principalmente a informação da sociedade sobre a síndrome e a capacitação dos profissionais que atendem as crianças, jovens e adultos diagnosticados. Os eventos são promovidos pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa, em parceria com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira e apoio da Associação Catarinense do Autismo (ASCA) e Associações de Pais e Amigos dos Autistas (AMAs).
O próximo seminário será realizado em Balneário Camboriú (07/05), seguido das cidades de Florianópolis (13/05), Joinville (22/05), Imbituba (25/05), Fraiburgo (1º/08) e Jaraguá do Sul (16/09).
Rádio AL