Não corra, não amarre, não corte. Se picado por cobra, vá ao médico
Se você for picado por cobra, não amarre o membro ferido, não corte, nem chupe o local da mordida e, principalmente, não corra. “Sair correndo pode aumentar a circulação, fazendo com que o veneno circule mais no corpo. O correto é permanecer calmo, lavar com água, não se mexer muito, procurar um transporte e ir rapidamente para uma unidade de saúde”, recomendou Ademilson Rogério Ferreira, cardiologista, integrante da equipe médica do Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina (CIT), que conversou com a Agência AL na tarde desta segunda-feira (3), na sede do órgão, na Trindade, em Florianópolis.
Segundo dados do CIT, em 2017 já ocorreram 227 casos de picadas de jararacas, a mais comum das serpentes no território catarinense. “As picadas de cobras são mais frequentes no verão, quando as temperaturas elevadas fazem as cobras procurarem pedras ou locais com pouca vegetação para ter acesso à luz do sol e regular a temperatura do corpo”, explicou Ana Paula Rocha, aluna do curso de Biologia da UFSC, que também integra a equipe de atendentes do CIT.
Mas a campeã de picadas no estado é a aranha marrom. Pequena (cerca de 1 cm), tem pernas finas e longas, vive em locais escuros, quentes e secos como frestas, cascas de árvores, telhas, tijolos empilhados e lenhas. Em 2015 foram notificados 1.657 casos de picadas de aranha marrom, cerca de 48% do total de picadas de animais peçonhentos registradas em Santa Catarina. “Pode ocorrer necrose no local da mordida, com perda de tecido que, em alguns casos, pode demandar um implante”, informou o médico do CIT.
Cuidados especiais
Ana Paula pediu cuidado especial com sítios, trilhas e terrenos baldios. “Os animais peçonhentos não vêm ao nosso encontro, nós é que vamos ao encontro deles”, avisou a atendente do CIT. Já Ademilson Ferreira destacou a importância de usar “calça longa, calçados fechados e olhar muito bem para o chão”. Já se for colocar as mãos em frestas, tocas, lenhas, pedras, folhas secas, palhas ou hortaliças, “use sempre luvas de couro”.
Também requerem atenção crianças e idosos. “Uma mordida de cobra pode ser fatal, depende do tamanho da cobra (quantidade de veneno) e do tamanho da pessoa. Crianças e idosos estão no grupo de risco, assim como portadores de doenças que podem induzir complicações renais ou infecções graves”, alertou o médico do CIT.
Informações 24 horas
O Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina funciona 24 horas por dias há mais de 30 anos através do telefone 0800 643 5252. Instalado no andar térreo do Hospital Universitário (HU/UFSC), na Trindade, o CIT conta com médicos, farmacêuticos, biólogos e enfermeiros que prestam informações às vítimas, socorristas e profissionais de saúde.
“É um serviço bem acompanhado, se o atendente não tem certeza sobre a orientação ele pede um tempinho no telefone, conversa com o médico ou o farmacêutico e presta as informações corretas”, garantiu Ademilson, ressaltando a importância de fotografar ou filmar a picada e o animal. “A foto é muito importante, se a imagem é da lesão, podemos presumir quem mordeu, mas se a foto é da cobra ou da aranha, então podemos identificar se é jararaca ou coral e indicar o tratamento específico”, informou o médico do CIT.
Agência AL