Museu Histórico de Santa Catarina prorroga exposição que homenageia Cruz e Sousa
A exposição comemorativa "João da Cruz e Sousa: O Poeta da Ilha", que marca os 154 anos de nascimento do simbolista no mês de novembro, foi prorrogada pelo Museu Histórico de Santa Catarina (MHSC) até 15 de dezembro.
Composta por 24 banners, a mostra está exposta nos gradis dos muros do Palácio Cruz e Sousa, onde o MHSC está instalado, no Centro de Florianópolis. O material pode ser visto na Praça 15 de Novembro e nas ruas Tenente Silveira e Trajano. "A proposta do museu é aproveitar um espaço localizado num endereço privilegiado, por onde passam centenas de pessoas diariamente, como estudantes, trabalhadores e turistas. A ideia é usar a área externa do palácio como uma ponte de diálogo entre o museu e o entorno", disse o museólogo Renilton Roberto da Silva Matos de Assis.
A exposição aborda três eixos temáticos sobre a trajetória de João da Cruz e Sousa: "A vida", "A obra" e "O Poeta e o Palácio". Por meio de aspectos históricos e trechos de produções literárias, apresenta diversas facetas do homenageado - desterrense, negro, filho de alforriados, poeta, redator, arquivista, amante das artes, marido, pai e referência do Simbolismo brasileiro. "O primeiro trata desde o nascimento até a morte causada pela tuberculose, passando pela relação familiar, a esposa, os filhos, o emprego de arquivista na Estrada de Ferro Central do Brasil, a atuação na imprensa. Já o segundo retrata o perfil poético ligado ao Simbolismo, a campanha abolicionista", detalhou Assis.
O terceiro tema abordado faz uma relação entre o poeta simbolista catarinense e a edificação histórica que leva o seu nome. O Palácio de Governo passou a ser denominado Cruz e Sousa por meio da Lei 5.512, de 9 de março de 1979. Desde 1986, abriga o Museu Histórico de Santa Catarina. "O museu está instalado no palácio, um patrimônio histórico tombado, e tem a obrigação de zelar pela edificação e pela memória do poeta", ressaltou o museólogo.
Os interessados também podem visitar a sala que abriga a urna com os restos mortais de Cruz e Sousa. Ela foi entregue pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro ao MHSC em 29 de novembro de 2007. Em 6 de maio de 2010, foi transportada para o Memorial Cruz e Sousa, nos jardins do palácio. Removida para o interior do museu em 6 de junho de 2015, a urna permanecerá no espaço até a conclusão da reforma do memorial.
Um dos objetivos da exposição é propor uma reflexão sobre a vida e a obra do poeta desterrense. "Tem sido um sucesso. As pessoas param, observam, elogiam o museu pela iniciativa. Demonstram muito carinho pela memória de Cruz e Sousa, que teve um papel importante para a literatura brasileira. Alguns detalhes sobre a vida dele chamam a atenção. Hoje ele é reconhecido, mas teve uma vida sofrida, uma trajetória de muita luta pessoal e profissional", comentou Assis.
A mostra é realizada pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (SOL), com o patrocínio do Instituto de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica (IDIT).
Saiba mais sobre Cruz e Sousa
João da Cruz e Sousa nasceu na antiga Desterro, em 24 de novembro de 1861, filho de escravos alforriados. Criado no solar dos que foram senhores de seus pais, recebeu, em 1874, uma bolsa de estudo para o Ateneu Catarinense. Desde cedo voltado para a literatura, fundou com os amigos Virgílio Várzea e Santos Lostada o jornalzinho “Colombo” e mais tarde “Tribuna Popular”. Dirigiu o semanário “Moleque”. em 1881, viajou ao norte, como ponto da companhia dramática Julieta dos Santos, lá voltando em 1883, quando recebeu homenagens de grupos abolicionistas.
Em 1885, com Virgílio Várzea, publicou o livro “Tropos e Fantasias”. Em 1887, foi tentar a vida no Rio de Janeiro, mas pouco depois voltou, sem sucesso. Nova tentativa em 1889. Conseguiu emprego e passou a colaborar em jornais e revistas, fazendo-se o grande líder e a maior expressão do movimento Simbolista. Lançou, em 1893, os livros “Missal e Broquéis”; nesse mesmo ano casou com Gavita e foi nomeado arquivista na Central do Brasil.
Atingido pela tuberculose, buscou tratamento em Sítio, Minas Gerais, mas lá faleceu, em 19 de março de 1898. O corpo foi despachado para o Rio de Janeiro num vagão de trem para transporte de gado e enterrado no cemitério de São Francisco Xavier. Ainda em 1898, após sua morte, foi publicado o livro “Evocações”. Em 1900, saiu a coletânea “Faróis”. Gavita morreu em 1901, também de tuberculose, mal do qual acabaram morrendo três filhos do casal. Em 1905, foi editado em Paris o livro “Últimos Sonetos”. (Informações da Assessoria de Comunicação da FCC)
Confira o catálogo da exposição
Serviço
Exposição Cruz e Sousa: O Poeta da Ilha
Quando: de 3 de novembro a 15 de dezembro de 2015
Onde: Nos gradis do Museu Histórico de Santa Catarina
Palácio Cruz e Sousa, Praça 15 de Novembro, Centro, Florianópolis
Horário: de terça a sexta das 10h às 18h
Sábados, domingos e feriados das 10h às 16h
Informações: (48) 3665-6363
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