Mudança na aposentadoria de agricultores e policiais é criticada em plenário
A proposta do governo federal de alterar as regras da aposentadoria, aumentando a idade mínima e acabando com as modalidades especiais foi duramente criticada na Assembleia catarinense. “Os agricultores estão apreensivos sobre o que pode mudar com a reforma no meio rural, 65 anos é muito para quem está na lida do dia a dia, o trabalho no campo é diferente do trabalho urbano, começa mais cedo”, declarou Antonio Aguiar (PMDB) durante a sessão ordinária da tarde desta quarta-feira (8).
Segundo dados do Instituto Pesquisas Econômica Aplicada (IPEA) citados pelo deputado, 70% das mulheres e 78% dos homens começam a trabalhar no campo antes dos 14 anos. “O homem do campo que se aposentar pela idade terá trabalhado mais de 45 anos em média”, informou Aguiar, que lembrou que na maioria dos municípios do interior a renda derivada da aposentadoria supera as transferências federais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Dirceu Dresch (PT) concordou com o colega. “É importante somar forças, vereadores, prefeitos, vices, deputados, lideranças, todos nós fizemos campanha para um deputado federal”, explicou Dresch, que chamou a atenção para o custo da contribuição dos agricultores. “Será mil reais por ano pelo casal e, se não contribuir, joga para frente a aposentadoria, para 66, 67, 68 anos.”
Ana Paula Lima (PT) ironizou um ministro do governo Michel Temer que justificou o aumento da idade mínima para as mulheres pela circunstância de que vivem mais do que os homens. “Vivemos mais porque nos cuidamos, temos uma vida mais regrada”, disparou a representante de Blumenau.
Já Maurício Eskudlark (PR) reclamou do fim das aposentadorias especiais dos policiais, tanto civis como militares. “O governo quer rever as aposentadorias especiais. Ante à longevidade, que tem aumentado, é necessário fazer uma revisão, mas as categorias policiais têm uma aposentadoria policial e não especial. A média de vida de um policial é de 59 anos, enquanto a média do cidadão catarinense é de 78 anos, a mais elevada do país”, comparou o deputado.
Afetada ingenuidade
Ismael dos Santos (PSD) criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, pela defesa da descriminalização das drogas. “Para o ministro, descriminalizar quebra o poder do tráfico e se der certo com a maconha, deve-se passar para cocaína. É uma afetada ingenuidade! Qualquer um sabe que não basta legalizar uma ou outra droga para acabar com o tráfico, criaria um mercado paralelo, como a indústria do tabaco”, avaliou Ismael, que sugeriu ao ministros do STF guardar a Constituição ao invés de alterá-la.
Para o deputado, os homens púbicos não podem expor o que pensam sem antes pesar as palavras. Além disso, ele lembrou que no Uruguai, que liberou o uso da maconha, a criminalidade aumentou 30%. “Vamos investir na prevenção, na família, na escola e nos meios de comunicação”, sustentou.
Temer e a corrupção
Ana Paula Lima repercutiu a constatação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que a “solução Michel” tinha como objetivo barrar as investigações da Lava Jato. “A ‘solução Michel’ veio para proteger toda a quadrilha que há muito tempo vem roubando o país, seis ministros já caíram, quatro por escândalos na Lava Jato, o próprio temer foi citado 43 vezes”, afirmou Ana Paula.
A deputada frisou que o ministro das Relações Exteriores, José Serra, foi citado e acusado de receber R$ 23 milhões em contas no exterior e que Aécio Neves é “recordista em delações”. Para Ana Paula, as consequências da “solução Michel” são o desastre no PIB, o desemprego, a produção desabando e o comércio minguando.
Laboratório do leite
Dirceu Dresch defendeu a instalação no Oeste de um laboratório de análise do leite e dos seus subprodutos. “Logo a região vai ser a maior industrializadora de leite do mundo”, garantiu o deputado, que creditou o sucesso ao modelo produtivo da agricultura familiar. “Acreditamos na nossa pequena propriedade com crédito e recursos subsidiados, acompanhamento técnico e com laboratório para análise do leite”, insistiu.
PT, 37 anos
Dresch, líder da bancada petista, exaltou na tribuna a passagem de 37 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores. “O PT foi criado em 9 de fevereiro e sempre lutou pelos direitos dos trabalhadores e pela inclusão social, governou o Brasil por 13 anos com erros e acertos, mas com avanços sociais inquestionáveis”, argumentou.
Para o representante de Saudades, filiado ao partido desde 1985, o grande crime do PT foi melhorar a vida do povo. “O andar de cima não aceitou e veio com uma campanha de ódio contra o PT. E deu certo, Lula é hoje o homem mais rico do mundo”, ironizou o parlamentar, que ponderou que a divergência é salutar, mas que o ódio cega.
Acessibilidade em risco
Cesar Valduga (PCdoB) pediu o auxílio do poder público estadual e federal para que as micros e pequenas empresas de Chapecó cumpram regras de acessibilidade. “Falta parceria e neste cenário de instabilidade qualquer obstáculo pode dificultar”, admitiu Valduga, que cobrou dos governos uma política anticíclica, com participação direta na economia. “É preciso fazer a roda da economia gerar, criar um círculo virtuoso, governo, empresários e população operando na economia”, defendeu Valduga.
Violência em Joinville
Patrício Destro (PSB) falou sobre o aumento da violência na Manchester barriga-verde. “A situação é desesperadora, há cinco anos Joinville era a segunda cidade mais segura do Brasil, hoje estamos trancados dentro de casa”, relatou Destro, explicando em seguida que em 2011 foram registrados 57 homicídios e em 2016, 127. “São 11 mortes por mês, mais do que acidente de trânsito”, comparou.
Para o deputado, os números cobram uma conta aberta há anos. “Falta de investimento, que não foi feito nos últimos anos, agora os jovens fazem fila para entrar no crime”, lamentou Destro, que reconheceu que o problema não pode ser tratado separadamente da educação. “Temos de discutir segurança pública com o secretário de educação e com o secretário de esportes.”
Zero desmatamento
Altair Silva (PP) afirmou que desde 2010 não há desmatamento da mata atlântica no estado. “É um ponto positivo, o nível desde 2010 é zero, há um trabalho importante de recuperação da mata atlântica. Os produtores rurais e o agronegócio estão investindo no reflorestamento e conservando a mata, com recuperação das nascentes, como em Chapecó, com plantio de árvores nativas”, relatou Silva, que ensinou que “se produz água, plantando árvores”.
Visita a hospitais
Nilson Gonçalves (sem partido) descreveu as visitas que o secretário de Estado da Saúde, Vicente Caropreso, fez às três unidades de saúde de responsabilidade do estado em Joinville. “Os três hospitais consomem R$ 22 milhões mensais para manutenção, o secretário avaliou contratos em andamento, obras e tratou da redução de custos”, detalhou Gonçalves, que destacou a necessidade de reformar o telhado da maternidade Darci Vargas.
No caso do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, de acordo com o deputado, o secretário ficou satisfeito com a ampliação, mas concluiu que é preciso melhorar o relacionamento entre as unidades para aprimorar o serviço prestado à comunidade.
Agência AL