Mostra “Sopro de Eros” propõe reflexão sobre a poética na Arte Tumular
A mostra fotográfica Sopro de Eros, aberta na última terça-feira (20) no Hall da Assembleia Legislativa, apresenta 18 fotografias e nove fragmentos de sonetos do livro de poesias “Broqueis”, do poeta simbolista Cruz e Sousa, e sugere uma reflexão sobre a sensualidade e a poética presentes na Arte Tumular, abordando o poder de Eros, deus grego do amor e do erotismo, e sua importância em nossas vidas, exaltando a beleza da arte que resiste ao tempo.
A pesquisa da fotógrafa paranaense Ro Cechinel, radicada há 45 anos em Florianópolis, revela parte do patrimônio cultural dos séculos XIX e XX existente nos cemitérios de Staglieno em Genova e nos cemitérios da Consolação e Necrotério São Paulo, na capital paulistana. A intenção é realçar aspectos erótico-sensuais das esculturas, por meio de enquadramentos inusitados.
De acordo com a fotógrafa, “Eros, figura mitológica, se apresenta nos recortes fotográficos que dialogam com poesias de Cruz e Sousa, poeta catarinense precursor do Simbolismo, nascido em 24 de novembro de 1861 e contemporâneo ao surgimento destes cemitérios, considerados museus a céu aberto”.
A exposição é também uma homenagem ao poeta no mês de aniversário de seu nascimento. “A relação entre as imagens da arte tumular com as poesias de Cruz e Sousa surgiu quando li o livro Broquéis, publicado em 1893. Surpreendentemente, percebi que as fotografias e as poesias dialogavam entre si, personificando Eros em sentimentos carnais e míticos”, destaca.
As imagens carregam a leveza sinuosa do corpo voluptuoso e encontram eco nas estrofes erótico-sensuais do poeta. Aqui, os discursos da história, mitologia, literatura e arte são alinhavados pelo amor e pela sensualidade, questionando, segundo Ro Cechinel, o sentido da vida e fortalecendo a imagem de Eros diante da morte.
Agência AL