Missão catarinense conhece modelo de gestão da capital da Finlândia
Em missão oficial a Helsinque, capital da Finlândia, os parlamentares catarinenses foram recebidos pela presidente da Câmara Municipal da cidade, Mari Puoskari, ligada ao Partido Verde. A cidade, atualmente com 650 mil habitantes, conta com um orçamento anual de aproximadamente 15 bilhões de reais.. Mais de 50% desses recursos vão para investimentos em serviços sociais e saúde. As áreas de educação e cultura também recebem boa parte do orçamento.
Segundo Puoskari, todas as escolas são gratuitas, inclusive a universidade. E a arte está espalhada pelas ruas de Helsinque, com apresentações artísticas realizadas ao lado de prédios históricos bem conservados. O prédio da prefeitura, onde também trabalham os 85 membros da câmara municipal, foi o local onde os integrantes da missão oficial à Escandinávia foram recebidos. Segundo a presidente da Câmara, a sustentabilidade também está entre as áreas que recebem atenção especial. "Nós temos a meta de diminuir em 30% as emissões de gás carbono em até 2020. Para isso, estamos aumentando os investimentos em transporte público e também buscando alternativas em energias renováveis", disse.
O espírito de renovação também está presente na própria câmara municipal. São 43 vereadores homens, e 42 vereadoras mulheres. Todos foram eleitos diretamente pelo povo, sem política de cotas, e atuam em diferentes partidos políticos - os maiores são o conservador, o verde e o democrata, que juntos respondem por 67% das cadeiras. "É uma coalisão de jovens pessoas que está governando a cidade. A média de idade está na faixa dos 40 anos, e a própria presidente é muito jovem, com pouco mais de 30 anos. Ela deixou claro a questão do modelo de gestão. O município é o ente mais forte, e só existem ele e o governo federal. O orçamento grande é do município, e as áreas mais importantes, como saúde, educação e segurança, são de responsabilidade dos municípios", afirma o deputado Carlos Chiodini, do PMDB.
O deputado Aldo Schneider (PMDB) também ficou admirado com a forma de distribiução da receita pública na Finlândia, benefiando a esfera municipal. "No Brasil, a concentração de recursos na esfera federal é excessiva. Temos que trabalhar por um pacto federativo, talvez o momento de discutir seja durante as próximas eleições presidenciais. O dinheiro deve ficar próximo ao local onde as pessoas vivem. Temos que rediscutir no Brasil aonde ficará o imposto que todos pagamos", avalia Schneider.
Atualmente, o município de Helsinque conta 40 mil funcionários. São eles que fazem funcionar a máquina pública, já que são as prefeituras, e não o governo da Finlândia, que ficam com a maior parte do que a população paga em impostos. Também são elas que decidem o destino desses recursos públicos. Segundo o prefeito de Chapecó, a proximidade entre povo e governo facilita a execução de obras e serviços. "Nosso modelo brasileiro está em desacordo com o que os povos mais antigos já aprenderam. Ninguém está mais próximo do povo do que o gestor do município, seja prefeito, vice-prefeito, vereadores", afirma o prefeito de Chapecó, José Caramori (PSD).
Deluana Buss, de Helsinque - Finlândia