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31/07/2015 - 14h19min

Ministro do Desenvolvimento diz que pessimismo não corresponde à realidade

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Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior FOTOS: Miriam Zomer/Agência AL

“Preocupa muito no cenário atual o clima de pessimismo, que não encontra correspondência na dimensão real dos problemas”, declarou Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, durante palestra na sede da Fiesc, em Florianópolis, na quinta-feira (30). Segundo o ministro, (o pessimismo) “começa na cabeça antes de existir como fato físico, mas intervém na expectativa e na percepção dos agentes econômicos, deteriorando a confiança”.

Ele reconheceu que o clima de intranquilidade paralisa e posterga os investimentos. “Não quero minimizar, a transição (de ciclo econômico) impõe custos, mas talvez possa nos remeter a uma agenda que traduza melhor os desafios da economia”, declarou, criticando em seguida o modelo de ajuste fiscal. “Fazemos um ajuste de má qualidade, corta-se o investimento e aumenta a carga tributária”, justificou o ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria.

Para Monteiro, há “uma agenda desafiadora” esperando pelo entendimento da classe política. Ele comparou os cortes no orçamento à rigidez orçamentária. “Não pode cortar a folha, não pode deixar de fazer transferências, tem a previdência, saúde, educação, mais de 90% do orçamento está vinculado, como não há margem, o gestor corta investimento”, lamentou.

Monteiro também criticou as atuais políticas de incentivos, “nem sempre vinculadas a resultados”, e ponderou que a indústria também sofre com o descompasso entre ganhos de produtividade e ganhos salariais. “Talvez seja o momento de o Brasil encaminhar soluções estruturais que há muito deveríamos ter enfrentado e negligenciamos nesse período extraordinário que passamos”, confessou Monteiro, aludindo aos primeiros anos do século 21.

Referindo-se à operação Lava Jato, Monteiro recordou que os poderes são independentes. “As investigações seguem o curso”, observou, reclamando logo após o entendimento entre Congresso e governo. “Não pode haver dissonância entre o Legislativo e o Executivo”, avaliou, acrescentando que os governadores também “têm compromisso com a governabilidade”.

Para Monteiro, o custo da disfuncionalidade dos governos é imenso. “As decisões precisam ser tomadas, o Congresso tem corresponsabilidade, precisamos de uma agenda do bom senso”, concluiu o ministro.

Saída para a indústria local
Diante do ajuste fiscal do governo federal e dos repiques estaduais e municipais, Monteiro sugeriu aos industriais catarinenses que exportem. “As exportações são importantes para a retomada e sustentação da atividade econômica, elas representam 10% do PIB, mas poderia ser o dobro”, admitiu.

De acordo com Monteiro, há espaço para aumentar a inserção de produtos made in Brazil. “O câmbio oferece uma janela de oportunidade, um novo status ao comércio exterior”, afirmou, explicando que o ministério age para integrar de maneira mais efetiva o Brasil à rede de acordos internacionais. “Não podemos ficar isolados na economia global, precisamos de ações mais afirmativas e ofensivas, há espaços para serem explorados no curto prazo”, ensinou.

O ministro ressaltou a negociação com os EUA, principal destino das exportações catarinenses, para harmonizar as normas técnicas. “A presidente Dilma Rousseff assinou um acordo de convergência regulatória, levamos o Inmetro e a ABNT, e os resultados virão no curto prazo”, prometeu o ministro, garantindo que os setores cerâmico, têxtil, de máquinas e luminárias serão beneficiados.

Monteiro informou que o governo está ampliando o acordo comercial com o México, passando de 800 para mais de 4 mil produtos. “Renovamos o acordo automotivo e estamos preparando uma desgravação tarifária”, avisou. Ele ainda enumerou a União Europeia, os países da bacia do Pacífico (Chile, Peru e Colômbia) e a África como potenciais mercados para alavancar as exportações brasileiras.

Auxílio aos exportadores
Monteiro citou três ações do governo federal para estimular as exportações.

1. Financiamento seguro: “Se o exportador não oferecer condições de financiamento, não vende”.

2. Facilitação do comércio: “Vamos instituir um portal único para desburocratizar o processo aduaneiro, o usuário encaminha os dados uma única vez e eles serão compartilhados por todos os órgãos intervenientes na exportação”. 

3. Promoção comercial: “A inteligência comercial é fundamental, é preciso unificar os calendários de eventos, identificando quais são os mercados alvo”.

Vítor Santos
Agência AL

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