Deputado estadual Dirceu Dresch
O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, anunciou, na tarde desta segunda-feira (18), a publicação, no prazo de 60 dias, do edital de licitação do projeto técnico da ferrovia que ligará Chapecó ao porto de Itajaí, conectando o Oeste ao Litoral catarinense. O pronunciamento foi feito durante o seminário “Ferrovias e Desenvolvimento Regional”, realizado no auditório da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC).
Passos também comentou sobre a publicação na data de hoje da licitação do estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental do projeto de prolongamento da Ferrovia Norte-Sul, do trecho de Panorama (SP) até o porto de Rio Grande (RS). “Esta ferrovia que cortará parte dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul terá como destino certo a região de Chapecó. Considerando a expectativa em relação à ligação ferroviária do Oeste catarinense com o Litoral, até o porto de Itajaí, teremos uma ferrovia que tem um sentido longitudinal [Norte-Sul], e uma outra, perpendicular, com um traçado vertical. Chapecó será um grande entroncamento ferroviário”, afirmou o ministro.
A construção dessas duas ferrovias é uma antiga reivindicação da região Oeste catarinense, em função da distância que se encontra das áreas produtoras de milho e soja – os principais insumos do setor agroindustrial – e dos grandes mercados consumidores. “Compramos 2 milhões de toneladas de milho de outros estados, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Goiás. Hoje o saco de milho custa R$ 12 e para trazer de Goiás são mais R$ 12. Ou a ferrovia vem até nós, ou vamos fechar as portas, não temos outra saída”, disse o vice-presidente estratégico da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Mário Lanznaster.
Segundo informações da ACIC, a região importa mais de 5 milhões de toneladas de grãos por ano. Sua produção agroindustrial soma mais de 500 mil toneladas de produtos como carnes, grãos e lácteos transportados todo mês.
A proposta é que a Ferrovia Norte-Sul garanta o transporte de insumos às agroindústrias e a Ferrovia da Integração facilite o escoamento da produção agroindustrial via portos. “Não há nada mais importante para o futuro dessa região do que a ferrovia que traga a matéria-prima para os produtores”, falou o secretário de Estado de Infraestrutura, Valdir Cobalchini. “É uma necessidade premente, não se pode esperar mais. Precisamos trazer o grão do Centro-Oeste, produzir proteína animal e levar para o centro consumidor, por meio dos portos catarinenses”, complementou o prefeito de Chapecó, José Claúdio Caramori (PSD). A implantação das ferrovias deve aumentar a competitividade regional e evitar a migração de empresas catarinenses para o centro do país devido à dependência de matéria-prima.
O seminário “Ferrovias e Desenvolvimento Regional” foi promovido pela Frente Parlamentar das Ferrovias do Congresso Nacional, presidida pelo deputado federal Pedro Uczai (PT/SC). Conforme o parlamentar, os principais benefícios de projetos ferroviários são a redução do custo de logística, a regionalização do desenvolvimento, a redução de consumo de combustíveis e da emissão de poluentes, a desoneração de investimentos federais em rodovias e a redução no número de acidentes rodoviários. “Queremos integrar o Brasil por ferrovias porque esse é um projeto estratégico para o futuro do país. É um transporte mais seguro, mais barato, ambientalmente sustentável, que atrai novos investimentos e mantém as empresas do setor econômico nas suas regiões”, destacou Uczai.
O evento contou com o apoio da Frente Parlamentar Catarinense das Ferrovias, coordenada pelo deputado Dirceu Dresch (PT). De acordo com o parlamentar, há uma mobilização para incluir na licitação do projeto técnico da Ferrovia da Integração, entre Chapecó e Itajaí, o projeto de viabilidade técnica do trecho até o município de Dionísio Cerqueira. “A expectativa é que também junto seja licitado o projeto de viabilidade técnica até Dionísio Cerqueira, uma perspectiva futura da nossa ferrovia bioceânica”, salientou Dresch.
O encontro reuniu lideranças políticas, empresariais e sindicais dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul. Prestigiaram o evento os deputados federais Celso Maldaner (PMDB/SC) e Valdir Colatto (PMDB/SC); os deputados estaduais Luciane Carminatti (PT), Daniel Tozzo (PSDB) e Mauro de Nadal (PMDB); o superintendente regional do DNIT/SC, João José dos Santos, e a secretária executiva do Ministério do Planejamento, Eva Maria Dalchiavon.
A Frente Parlamentar das Ferrovias do Congresso Nacional, composta por 212 senadores e deputados, tem realizado desde fevereiro de 2011 diversos eventos para debater projetos ferroviários. O próximo seminário será realizado em Belo Horizonte (MG).
Brasil – Os investimentos em ferrovias no país em 2012 devem passar dos R$ 30 bilhões. O orçamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é de R$ 20 bilhões. Também estão comprometidos mais R$ 10,5 bilhões de recursos do governo federal. Além disso, as concessionárias de ferrovias devem aplicar outros R$ 3,8 bilhões neste ano.
Segundo o ministro, a meta para 2020 é ampliar a malha ferroviária brasileira de 29 mil quilômetros de extensão para cerca de 40 mil quilômetros. “O setor precisa avançar celeremente para que o nosso país tenha rede estrutural de bitola larga que atenda às necessidades de desenvolvimento. Com o crescimento do Brasil, é necessário pensar em projetos de grandes corredores no país”, concluiu Passos. (Ludmilla Gadotti)
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