Em evento na Alesc, ministra critica que mulheres gerentes ganham 25% menos que homens
A titular do Ministério das Mulheres, Aparecida Gonçalves, criticou, em palestra realizada nesta sexta-feira (12), na Alesc, que de acordo com os relatórios de transparência previstos na lei de igualdade salarial, as mulheres gerentes ganham 25% menos que os homens.
“Queriam nos proibir de trazer à tona os relatórios de transparência porque na entrada as mulheres ganham 19,4% a menos que os homens e na função de gerente a diferença é de 25%. Isso é a cara do Brasil desigual, por isso a igualdade precisa voltar à nossa luta, é causa prioritária”, defendeu Cida Gonçalves.
A ministra chocou a plateia ao informar que na Câmara dos Deputados 17 mulheres votaram contra a lei da igualdade salarial e que no Senado foi questionada por um senador “se a ministra queria que ele pagasse o mesmo salário para um gerente homem e para uma gerente mulher”.
Cida Gonçalves também revelou que a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e a Confederação Nacional das Indústrias (CNI) protocolaram ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a lei da igualdade salarial.
“A briga é política, nós mulheres vamos ter de fazer o debate sobre o salário, não podemos deixar ficar nesse nível de coisas. No 1º de Maio vamos discutir com prioridade a lei da igualdade salarial. Tem de entrar na negociação coletiva salarial, não podemos ficar quietas ganhando menos tendo mais competência”, sublinhou a ministra.
Luta contra a misoginia
Cida Gonçalves também conclamou as mulheres que lotaram o auditório Antonieta de Barros a resistirem à misoginia, ou seja, à discriminação, preconceito, ódio e à aversão praticada contra mulheres pelo fato serem mulheres.
“Enfrentar a misoginia é prioritário para enfrentar todas as formas de discriminação e preconceito, precisamos que a população saiba que existe o ódio contra as mulheres e precisamos que os homens estejam com a gente”, avaliou a ministra das Mulheres.
A palavra das parlamentares
Luciane Carminatti (PT) também criticou o pagamento maior para homens e elogiou as mulheres presentes no seminário.
“São pessoas que lutam para construir um estado de justiça e democrático. Aqui não há convidadas para falar mal das feministas, não estão aqui para divagar sobre preconceitos, nem para dividir a sociedade ou para hierarquizar. Aqui as mulheres não são suportes, não estão ao lado, mas na linha de frente dos enfrentamentos que precisamos fazer”, afirmou Carminatti, que destacou a luta contra a violência política e a desigualdade salarial.
Já a deputada federal Ana Paula Lima (PT/SC) ponderou o retorno do respeito às mulheres nas estruturas do governo federal.
“O governo encaminhou para o Congresso lei a igualdade salarial, que agora precisa ser respeitada e colocada em prática, mas também precisamos das delegacias 24 horas, porque sabemos que as agressões ocorrem mais a noite e nos finais de semana”, apontou representante do Vale do Itajaí em Brasília.
A vereadora Cristiane Loureiro, de Blumenau, concordou com Ana Paula.
“Nós temos delegacia de plantão, mas não para mulheres, então não estão preparadas para atender as mulheres. Nós já escutamos a frase “o que você fez para apanhar?”. A gente não quer uma delegacia que nos julguem, mas que nos escutem”, frisou a vereadora.
Cobrança ao governo do Estado
A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Rosaura Rodrigues, cobrou do governo do Estado uma política para as mulheres
“Nosso estado só tem o nome de mulher, porque as políticas públicas para as mulheres não estão acontecendo. Em 2022 foram assassinadas 57 mulheres, em 2023, 56 e em 2024 até agora já foram nove. Esse número vai crescer e quero perguntar o que nós vamos fazer para diminuir isso, perguntar ao governador qual é a política que vai ser feita para diminuir isso. O estado não tem sequer um esboço de plano para as mulheres”, disparou Rosaura Rodrigues.
AGÊNCIA AL