Microcrédito completa 15 anos no estado com R$ 1,5 bi emprestado
A concessão de microcrédito aos que não têm garantias para ofertar aos bancos em troca de dinheiro completou 15 anos no estado. De acordo com dados da Associação das Organizações de Microcrédito e Microfinanças de Santa Catarina (Amcred), nesse período foram realizadas 473 mil operações, com R$ 1,5 bilhão emprestado. O êxito foi comemorado pelo Poder Legislativo, que realizou sessão especial na noite de terça-feira (18) para homenagear a Amcred e as instituições parceiras.
Reno Caramori (PP), que sugeriu a homenagem, lembrou que no final da década de 1990 foram criados os primeiros “bancos de microcrédito” e que em 1999 o Badesc foi encarregado de fomentar a criação de mais agências e injetar recursos por meio do programa Crédito de Confiança.
“Foi no segundo governo de Esperidião Amin”, explicou Reno, que destacou “a capacitação dos tomadores de crédito” como uma das causas do êxito e o fato de que os governos posteriores, de Luiz Henrique da Silveira e Raimundo Colombo, continuaram e aprimoraram o programa. “A inadimplência é de apenas 3%”, ressaltou o deputado.
Crédito é oxigênio
O diretor do Banco Central (Bacen), Luiz Edson Feltrim, elogiou o programa catarinense. “Um modelo para o Brasil”. Para justificar a importância da iniciativa comparou o empréstimo de dinheiro pelas instituições ao ar que respiramos. “O crédito é como o oxigênio, se falta, morremos. Quando falta crédito, as empresas e os empreendedores morrem”, afirmou Feltrim, completando que o microcrédito gera empregos e renda. “Cria um círculo virtuoso para o desenvolvimento, quero parabenizar o estado.”
Wellington Roberto Bielecki, diretor-presidente do Badesc, ponderou o “espírito empreendedor catarinense” e a capacidade das instituições de substituírem as garantias exigidas na rede bancária pela credibilidade do projeto financiado. “Temos condições de visualizar o que é viável e o que dá certo”, ensinou Bieleckc, explicando que o “Sebrae capacita, ensina como fazer para sobreviver no mercado atual”.
A presidente da Amcred, Isabel Baggio, contou que no início, ainda em 1998, quando estruturou o Banco da Família, em Lages, poucos acreditavam na iniciativa. “Isso não vai dar certo, é impossível, é algo que não é atingível”, revelou, apontando em seguida para Amadeu Trentini, também pioneiro do microcrédito, em Blumenau, presente na sessão. “Olhamos para trás e vemos que as coisas não foram tão fáceis”, afirmou.
Segundo essa lageana visionária, atualmente os problemas são mais complexos. “Mas hoje o Bacen está conosco, um reconhecimento da importância do programa. Agora temos políticas públicas adequadas à criação de um ambiente favorável ao microcrédito”, avaliou, ressaltando o papel da regulação, exercida pelo Banco Central, da adoção de metodologia de crédito pelas instituições e da orientação aos tomadores pelo Sebrae.
Isabel Baggio enumerou as prioridades atuais do microcrédito: a implementação do Fundo Garantidor, que será instituído pelo Badesc; a busca de parceiros que aportem novos recursos; e a consolidação da Central de Risco, que está em fase de execução, para a avaliação do risco das operações. “São ações estruturantes, regras de governança institucionalizadas, com registros contábeis padronizados e transparentes”, declarou a presidente da Amcred.
Prestigiaram a sessão o prefeito de Chapecó, José Cláudio Caramori, o gerente do BNDES, Paulo Roberto Monteiro, além de representantes da Fiesc e das agências de microcrédito, como o Banco do Planalto Norte, Banco do Vale, Banco do Empreendedor e Banco Acredite.
Homenageados
- Isabel Baggio, presidente da Ancred
- Alcides Andrade, presidente da Fampesc
- Sérgio Gargioni, da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapesc)
- Anacleto Ortigari, diretor técnico do Sebrae/SC
- Wellington Roberto Bielecki, diretor-presidente do Badesc
- Uwe Stotz, representante da Facisc
- Paulo Roberto Monteiro, do departamento de economia solidária do BNDES
- Eliseu Fernandez Dias, representante da Oikocredit Investing in People
Agência AL