Livro infantil traz memórias sobre a ancestralidade afro-brasileira
Com mais de 30 anos de atuação no teatro, cinema e docência, a arte-educadora Solange Adão também se dedica à arte de contar histórias. No livro A casa do meu avô, lançado nesta quarta-feira (21), na Assembleia Legislativa, ela narra as vivências e memórias de uma menina de 10 anos, muito ligada ao avô, em um cotidiano repleto de simbologias do universo afro-brasileiro.
“O livro é sobre o cuidado que ela tem com a ancestralidade da família. Ela é muito ligada ao avô e a tudo o que o avô faz e promove na comunidade, sobre o atendimento que esse babalorixá avô realiza com as pessoas.”
Antônia foi o nome dado à menina, porque o pai era um admirador de Antonieta de Barros, primeira mulher a assumir uma cadeira no legislativo catarinense. A mãe, contudo, queria que, quando nascesse a primeira filha, fosse chamada de Antônia. “Mas, como ela é uma boa menina de Iansã (senhora dos ventos e das tempestades), ela queria ser chama de Iansã. Ela sempre diz na escola: ‘Imagina se meu nome fosse Iansã? Olha que bonito.’ Quando acaba ela não é nem Iansã, nem Antônia. Os amigos chamam ela de Toninha.”, descreve a autora.
Solange também conta como surgiu a inspiração para escrever o livro, de certa forma autobiográfico. “Eu pensei essa personagem como se fosse uma menina cuidando daquilo que nos foi deixado. O cuidado com os santos, com o altar, a questão do atendimento às pessoas, o guento, o chá, as benzeduras, a arca caída, porque ela teve arca caída quando era criança e o médico não curou, quem curou foi o avô. Seu papai Noel é negro. Aliás, é seu avô. Ele esquece de colocar as botas, não gosta de colocar as botas e fica de sandália, então ela desconfia que é o avô. Eu faço uma analogia entre minha vida infantil (meu pai era o papai Noel lá em casa) e a vida dessa menina que eu criei, a partir de uma fantasia construída na minha memória afetiva”.
Agência AL