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22/08/2019 - 13h48min

Maternidade de Joinville desenvolve projeto inédito no mundo

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João Alfredo Dietrich, médico oftalmologista
FOTO: Bruno Collaço / AGÊNCIA AL

Um projeto que é novidade em escala mundial vem sendo desenvolvido desde 2016 na Maternidade Darcy Vargas, em Joinville, ajuda a identificar problemas congênitos nos bebês. É a fotografia digital da retina, uma espécie de aperfeiçoamento do exame do reflexo vermelho, já conhecido e obrigatório em todo o país para bebês entre 10 e 30 dias de vida.

“Esse exame digital pode captar doenças que passam despercebidas no reflexo vermelho”, explicou o médico oftalmologista João Alfredo Dietrich. Na sessão ordinária desta quinta-feira (22), ele ocupou a tribuna do plenário da Assembleia Legislativa para falar da novidade.

De acordo com Dietrich, o exame permite identificar doenças graves como sífilis, toxoplasmose, HIV, citomegalovírus e rubéola congênita. “Uma vez detectadas, podem ser tratadas e diminui o déficit visual destas crianças, proporcionando uma vida mais normal na fase adulta e que não impacte no aprendizado escolar e na vida profissional, na escolha da sua profissão.”

Outra vantagem apontada pelo especialista é a formação de um banco de dados de imagens que será atualizado a cada ano, proporcionando ao médico perceber as modificações que ocorrem no fundo do olho com o passar do tempo. “Muitas vezes nos consultórios detectamos alterações de fundo de olho que não entendemos como aconteceu, mas ela já é uma sequela, é congênita”, afirmou. “Quando não temos essa imagem e atendemos essa pessoa já adolescente ou adulto, consideramos como sendo um problema e passamos a investigar, quando não há a necessidade de investigar porque a criança nasceu com esse problema.”

Pioneirismo
Quem começou o trabalho foi a enfermeira Nancy Dietrich, que trabalha na Maternidade Darcy Vargas, em parceria com a oftalmologista Patricia Cagliari. “Os casos em que no exame do fundo de olho ela tinha visto alguma hemorragia ou lesão por toxoplasmose, me pedia para fotografar”, contou a enfermeira.

De acordo com Nancy, o exame permite detectar lesões sem a necessidade de contato com a parte interna do olho. “Antes era preciso anestesiar o bebê. Agora a gente faz com a mãe amamentando. A satisfação foi muito grande quando vimos que poderíamos identificar lesões que podem interferir na vida do recém-nascido. A gente começou a salvar e melhorar a qualidade de vida destas crianças.”

A pesquisa virou um programa de triagem, pois as mães com sífilis, toxoplasmose, suspeitas de citomegalovírus, rubéola e HIV, por exemplo, são passadas para a enfermeira fotografar porque é provável que algo vai aparecer. “A foto é enviada por email para um especialista, a família fica sabendo o que acontece com o filho, o que aumenta a adesão ao tratamento.”

"Made in Joinville"
O deputado Kennedy Nunes (PSD), proponente da suspensão de sessão para que o médico falasse do projeto, contou que ficou fascinado pela história. “É um exame ‘made in Joinville’, feito numa maternidade pública, por uma funcionária pública do governo do Estado”, comemorou o parlamentar.

A ideia agora é expandir o projeto para todo o Estado. “A intenção não é só mostrar para Santa Catarina. Queremos que a Comissão de Saúde da Casa fale com o governo para instaurar em todas as maternidades esse tipo de trabalho”, revelou Nunes.

 

 

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