Marlene Fengler é a 1ª mulher a presidir a Escola do Legislativo
FOTO: Solon Soares/Agência AL
A deputada Marlene Fengler (PSD) foi nomeada nesta quarta-feira (27) presidente da Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, considerada o braço pedagógico da Assembleia Legislativa. É a primeira vez que uma mulher assume a presidência da instituição, até então comandada pelos ex-presidentes da Alesc.
Na visão da deputada, a Escola do Legislativo tem uma função extremamente importante porque dá uma contribuição real para a sociedade, capacitando servidores, criando oportunidades de qualificação para os cidadãos por meio de cursos a distância e presenciais, e amplificando os debates em torno de várias questões em diferentes áreas, como saúde, meio ambiente, mobilidade, cidadania e participação política, entre outras.
Um dos desafios que a parlamentar identifica na gestão da Escola é a ampliação da oferta de cursos EaD. Atualmente, são oferecidos 22 cursos nessa modalidade, que somente em fevereiro tiveram mais de 7 mil inscritos. "A intenção é aproveitar também os cursos ofertados hoje apenas no formato presencial e adaptá-los à plataforma a distância", explica Marlene.
Na opinião da parlamentar, esse avanço ampliará o número de pessoas que poderão se beneficiar das diversas atividades organizadas pela Escola do Legislativo em todo o Estado, como seminários, palestras, congressos e debates, além dos cursos de formação e de qualificação.
Mais participação dos jovens
Também está nos planos da presidente criar estratégias para estimular a participação das mulheres e dos jovens na política. Como ex-coordenadora da unidade, Marlene considera que a Escola atua bem com o público infanto-juvenil – em programas como o de formação de vereadores mirins e o Parlamento Jovem – mas há um degrau a vencer na aproximação com a juventude.
“É um público que está se formando, entrando no mercado de trabalho, que está numa fase em que o senso crítico é mais aguçado e tem a capacidade não só de criticar, mas de propor as mudanças. Esse é o público em que a gente precisa chegar. Eles querem mudança, mas é preciso ter orientação para que a mudança aconteça. E só vai acontecer se eles se envolverem”, ressalta.
Um dos projetos idealizados por Marlene quando foi coordenadora da Escola, entre 2017 e 2018, foi a realização do Hackathon Cívico, iniciativa reconhecida nacionalmente com a conquista do Prêmio Comunidade 2018 concedido pela Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de Contas (Abel), em 2018. O hackathon reuniu no Palácio Barriga Verde, no final de junho de 2018, quase 30 universitários catarinenses durante três dias de imersão para debater e apresentar propostas viáveis e inovadoras para problemas reais e relevantes nas áreas de saúde, educação e segurança, usando recursos de tecnologia, design e jogos. A deputada acredita que a experiência poderá ser reeditada e replicada regionalmente.
Mulheres, política e o combate à violência
Marlene também pretende fortalecer parcerias entre a Escola do Legislativo e outras instituições para, entre outras questões, aprofundar o debate sobre a participação das mulheres na política e da violência contra as mulheres. A baixa representativa política das mulheres, que são mais da metade da população e do eleitorado do país, deve ser debatida em todos os seus aspectos, na opinião da parlamentar, que integra a maior Bancada Feminina da história da Alesc, com apenas cinco parlamentares entre os 40 eleitos.
"A participação política da mulher também é uma construção. Desde o direito ao voto feminino, há 87 anos, houve conquistas, mas é inegável que há muito ainda para avançar e romper com os fatores que inibem a presença feminina no universo político", diz a deputada, lembrando que há estereótipos que associam o homem ao espaço público e a atuação da mulher ao espaço privado. "É preciso avançar na promoção do debate e da reflexão que possam provocar mudanças profundas na cultura e nos costumes da sociedade, no sentido de contribuir para que as mulheres se identifiquem como detentoras de espaço e de legitimidade na política, inclusive dentro das estruturas partidárias", sintetiza.
Outra preocupação da parlamentar é ampliar a participação da Escola do Legislativo no debate sobre a violência contra as mulheres, suas causas, prevenção, rede de apoio e acolhimento. Santa Catarina é o segundo estado com maior índice de violência doméstica, atrás apenas do Rio Grande do Sul. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, nos últimos quatro anos foram registrados 192 feminicídios no estado.
"Podemos ter ótimas políticas públicas, punição aos agressores, mas se essas políticas não incorporarem uma perspectiva de prevenção, pensando em como é possível alterar condutas sociais e culturais, não vamos resolver o problema", pondera Marlene ao ressaltar que à frente da Escola pretende fortalecer parcerias institucionais e com entidades que atuam em defesa dos direitos das mulheres para que sejam criados mecanismos que tirem do papel para a realidade, políticas públicas abrangentes de apoio e orientação às vítimas.
Qualificação dos servidores
A Escola do Legislativo tem forte atuação na operacionalização de eventos que as comissões e deputados realizam. A nova presidente quer implementar uma dinâmica de trabalho que transcenda essa demanda.
Para a qualificação dos servidores, que é uma das bases de atuação da Escola, pretende promover atualização do quadro de cursos oferecidos e a adequação dos horários, para possibilitar efetiva participação. Quanto às atividades de qualificação dos legislativos de todo o estado (mandatários em câmaras de vereadores e servidores), a Escola continuará recebendo as demandas e planejando oferecer atividades regionais, de modo a aprimorar o aproveitamento de recursos humanos e materiais.
“Queremos fazer mais com menos, otimizar as ferramentas que temos, que são muitas e muito boas, e o capital humano. Isso é gestão”, diz Marlene.
Quem é nova presidente da Escola
Marlene Fengler nasceu em Itapiranga, no Extremo Oeste. Filha de agricultores, aos 17 anos trocou o campo e, sozinha, deixou a casa dos pais para estudar e trabalhar em Florianópolis. É formada em Letras pela UFSC e tem pós-graduação em políticas públicas, pela Fundação Internacional e Ibero-americana de Administração e Políticas Públicas, na Espanha.
Parlamentar em seu primeiro mandato, atua na política há mais de duas décadas. Foi chefe de gabinete na Câmara de Deputados, no Senado e na Assembleia Legislativa. Na Alesc, foi a primeira mulher a ocupar a chefia de gabinete da Presidência em duas ocasiões. Entre 2017 e 2018 coordenou a Escola do Legislativo, braço pedagógico da Alesc. Marlene é casada e mãe de um menino de 10 anos.