Livro “O estado autoritário e a pedagogia do silêncio” é lançado na Alesc
FOTO: Rodolfo Espínola/Agência AL
Em meio à polêmica envolvendo o governo e a comemoração do aniversário do golpe de 1964, que comemorou 55 anos no domingo (31), a mestre em educação e militante política Áurea Oliveira Silva, 76 anos, lançou na noite desta segunda-feira (1), na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, o livro "O estado autoritário e a pedagogia do silêncio – 1964-1979". A obra, com uma visão de esquerda, expõe a repressão política-ideológica instaurada em 1964 no Brasil e sua repercussão em Santa Catarina até 1979, quando ocorreu a Novembrada.
A autora diz que com o livro questiona como a repressão física e psicológica do Estado, em colaboração da sociedade civil, provoca o silêncio, a alienação e o exílio interno e externo. “Como, por meio de seus aparelhos repressivos e ideológicos, educou os indivíduos a aprender a calar, ao silêncio. Incita-nos, enfim, a refletir sobre a pedagogia do silêncio.”
Segundo ela, a obra, por meio de entrevistas, trata da luta contra a ditadura, a solidariedade, as dores, as perdas sociais e individuais, além de explanar a estratégia de organização desse estado sem direitos que oprimiu, violentou e silenciou.
O livro, resultado de sua dissertação de mestrado, começou a ser escrito há 20 anos, mas somente no ano passado, com o resultado das eleições presidenciais, que a mestre e militante política resolveu publicar seu trabalho. Com 160 páginas, de acordo com a autora, ele relata sobre o exílio interno, tendo como referência o caos nacional, e com uma visão do que aconteceu em Santa Catarina neste período da história brasileira.
O livro tem o preço sugerido de R$ 40 e pode ser adquirido pelo site da editora Insular ou na Livraria Livros e Livros.
A autora
Áurea nasceu em Uruçuca, no Sul da Bahia. Em Salvador, participou do grêmio estudantil do ginásio Duque de Caxias e aos 19 anos foi para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, onde trabalhou nas favelas pelas comunidades eclesiais de base.
Perseguida, fugiu para Ilhéus (BA), mais tarde retornando para São Paulo. Foi operária e militou em fábricas, sendo presa no Dops e Oban. Solta, ingressou na Ação Popular e viveu um exílio interno até março de 1973, quando se exilou no Chile.
O golpe contra o presidente chileno Salvador Allende a levou para o Canadá e Moçambique. Com a Anistia, em 1980, retorno ao Brasil. Estudou na UFMS e na Unicamp, onde graduou-se em Pedagogia e mestre em educação pela UFSC.