Lideranças da Serra apoiam instalação de porto seco na região
FOTO: Solon Soares/Agência AL
Lideranças políticas e empresariais da Serra catarinense deixaram claro, de forma unânime, que são favoráveis à instalação de um porto seco na região. A manifestação ocorreu durante audiência pública da Comissão de Legislação Participativa promovida pela Assembleia Legislativa na cidade de Lages, na noite desta quinta-feira (11).
O encontro reuniu prefeitos, vereadores, empresários e representantes de entidades como Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures), Fiesc, Facisc, Conselho Regional de Administração, Sebrae, Exército Brasileiro, Senai, Fecomércio, Instituto Federal de Educação e das universidades públicas e privadas. Apesar do frio, o auditório da Associação Empresarial de Lages (Acil) esteve na maior parte da audiência praticamente com um bom público.
E nem mesmo a análise rígida do delegado da Receita Federal em Lages, Carlos Alberto Padliskas, tirou o ânimo dos participantes. “Nós da Receita não somos contra nem a favor. Apenas fazemos uma análise técnica [de situações como essa]. Em nenhum lugar do Brasil um porto seco representou a atração de empresas. Isso não quer dizer que não possa ocorrer aqui, mas é pouco provável”, avaliou. De acordo com ele, a entidade só pode se manifestar com os resultados de um estudo de viabilidade técnica sobre a instalação da Estação Aduaneira do Interior (Eadi), popularmente chamado de porto seco.
Proponente da audiência pública, o deputado Marcius Machado (PL), que preside a Comissão de Legislação Participativa, comemorou a presença do secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, Ricardo de Gouvêa, no debate. “Nós contamos com ele para ajudar a [sensibilizar o governo do Estado para] fazer o projeto de viabilidade. Assim podem seguir os trâmites legais por meio de uma licitação que nos permitirá conseguir empresários que venham investir no porto seco”, afirmou antes de citar que a concessão seria por um prazo de 25 anos, prorrogáveis por mais dez.
Para o secretário, a ideia é importante. “Temos que buscar o desenvolvimento de nossas regiões, interiorizando o trabalho aduaneiro e desafogando os portos marítimos de Santa Catarina”, citou concordando que é possível a atração de empresas dos mais variados ramos para a Serra.
O diretor regional do Sebrae em Lages, Altemir Agostini, destacou que as exportações da Amures e das associações dos municípios da Região do Contestado (Amurc) e do Meio-Oeste Catarinense (Ammoc) representam de 5% a 6% do total exportado por Santa Catarina – em 2018 isso representou US$ 170,89 milhões, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Por isso, na visão de Agostini, o porto seco representa uma elevação nessa taxa, pois permitiria a internacionalização ainda maior dos pequenos negócios instalados nas cidades englobadas nas três regiões. Outra vantagem, segundo ele, é que há espaço físico abundante na Serra para as instalações físicas.
“A ação do Parlamento ao promover essa audiência pública referenda a necessidade de ampliarmos a economia na Serra, que precisa se desenvolver, ter geração de emprego e renda e a viabilidade da instalação de um porto seco é fundamental”, assegurou o deputado Marcius Machado. O parlamentar comentou ainda que Lages ou Correia Pinto poderiam receber o equipamento, por estarem um ponto estratégico.
“Temos as BRs 116, 282 e 470 perto, estamos próximos do Rio Grande do Sul e do Paraná, do grande Oeste. Isso vai beneficiar, além da região Serrana, o estado de Santa Catarina como um todo, pois a gente vai trazer inúmeros recursos, que vão aquecer a economia”, afirmou.
Potencial maior
Uma das participantes da audiência foi a pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Janete Ely, que defendeu a tese de que um porto seco seria apenas uma parte do potencial para a região. Segundo ela, estudos da instituição mostram que o ideal seria um projeto maior, com a implantação de um Centro de Integração Logística em Lages.
“Um equipamento que trabalha com armazenagem e o transporte de produtos e também com a aduana, que faz o embaraço e desembaraço de mercadorias. Defendemos isso, pois a região aqui tem os menores índice populacional, de Desenvolvimento Humano e o menor PIB do estado. Por isso, há a necessidade de impulso maior para a economia e o Centro de Integração tem o potencial para atrair mais empresas por causa do aumento no número de serviços que surgiriam”, explicou. A ideia, concluiu o deputado Marcius Machado pode representar uma elevação na demanda inicial, que é o porto seco.