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30/10/2014 - 11h40min

Legislativo celebra 100 anos de nascimento de Jorge Lacerda

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Familiares de Lacerda recebem dos deputados Joares Ponticelli (e) e Edison Andrino placa em homenagem ao ex-governador. FOTO: Solon Soares/Agência AL

Sessão especial realizada na noite desta quarta-feira (29) celebrou o centenário de nascimento do ex-governador Jorge Lacerda (1914-1958), morto prematuramente em acidente aéreo próximo a Curitiba, recém-iniciado o terceiro ano de governo, aos 43 anos de idade. “Se tivesse uma vida longa poderia ter alçado voos mais altos”, declarou o presidente da sessão, Joares Ponticelli (PP). Edison Andrino (PMDB), que sugeriu a homenagem, afirmou que Jorge Lacerda foi uma rara combinação de homem de letras e político. “Um poeta político, um político poeta”, definiu.

Com efeito, desde cedo Jorge Lacerda encontrou prazer nas letras. Essa paixão arrastou-o da medicina para o jornalismo, que exerceu plenamente no diário “A Manhã”, do Rio de Janeiro, quando dirigiu por 10 anos o suplemento Letras e Artes. Nessa época, Lacerda conviveu com a elite intelectual brasileira – Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Lygia Fagundes Telles, Cecilia Meirelles, Cândido Portinari, entre outros. Também cultivou amigos poderosos, como Assis Chateaubriand, o condestável daqueles tempos.

“Possuía uma inteligência fulgurante”, afirmou Andrino, que conheceu pessoalmente o ex-governador. “O primeiro restaurante da Lagoa da Conceição foi de meu pai, ele teve o privilégio de receber muitas vezes o governador Jorge Lacerda, sua esposa, dona Kyrana e os filhos. Iam no aniversário de casamento, no aniversário dos filhos, às vezes ia junto o doutor Paulo Fontes, era a união da antiga UDN”, lembrou Andrino, completando que para ir do centro de Florianópolis até a Lagoa “era uma epopeia”.

O integralismo de Plínio Salgado abriu as portas da política para o ex-governador. Apesar de perseguidos pelo Estado Novo de Getúlio Vargas, os integralistas, com a redemocratização de 1945, reagruparam-se e fundaram o Partido da Representação Popular (PRP). Jorge Lacerda seguiu os companheiros e em 1950 conquistou uma cadeira da representação catarinense na Câmara dos Deputados, em uma coligação com a UDN de Irineu Bornhausen.

Logo Jorge Lacerda atraiu a atenção da imprensa nacional. Em 1951 ele fez um pronunciamento na Câmara que ficou conhecido como do “discurso das dragas”. “Ele defendeu o serviço de dragagem dos portos nacionais para entrada de grandes navios”, contou Roberto Lacerda Westrupp, neto do ex-governador, concluindo que o avô comparou o Brasil, que possuía sete dragas, à Argentina, que dispunha de 40. Segundo Roberto, o economista João Paulo dos Reis Veloso, que foi ministro do Planejamento oito anos, confidenciou-lhe que Lacerda “conseguiu com este discurso uma cobertura incrível”.

De acordo com Andrino, o carisma de Lacerda levou a UDN a lançá-lo candidato ao governo. “Ele foi eleito em 1956 em uma das mais disputadas eleições, venceu por uma diferença de 3 mil votos, ganhou por causa do seu prestígio pessoal”, justificou.

O professor César Luiz Pasold, biógrafo de Jorge Lacerda, revelou que conheceu o ex-governador em ação. “Minha família residia na rua Marechal Guilherme, onde hoje é o edifício Canadá, tínhamos um hotel ali. Havia uma festa de São Benedito na Igreja Nossa Senhora do Rosário e lembro que meu pai, eleitor da UDN, gritou ‘venha Césinha que o nosso governador está aqui’. Ele estava em uma barraquinha, cumprimentou todos, foi até a janela do hotel cumprimentar meu pai e fez um aceno para mim. Aquele abanar hoje considero uma espécie de bênção”, descreveu Passold.

Para Edison Andrino, Lacerda foi um precursor das audiências públicas. “Toda quinta-feira recebia as pessoas no palácio, as filas dobravam quarteirões, recebia a todos”, informou, destacando que no último discurso, o ex-chefe do Executivo manifestou surpresa e conforto com a imagem que os visitantes guardavam do estado. “O que tem surpreendido os que nos visitam – falou Jorge Lacerda – é o regime de liberdade política. Que Deus me inspire para que continue procedendo assim por todo o governo, para que possa descer as escadarias (do palácio) com a consciência de que nenhum ato do governo levou desespero e lágrimas aos lares catarinenses”.

Jornalista, humanista e estadista
Durante a sessão especial o jornalista Moacir Pereira lançou a obra “Jorge Lacerda: jornalista, humanista e estadista”. É uma coletânea de discursos, artigos, críticas do ex-governador, bem como depoimentos de intelectuais, políticos e empresários da época, além de amigos, colegas e membros do primeiro escalão do governo. Moacir redigiu uma introdução e o professor Salomão Ribas Junior apresentou a obra. “É o retrato de um homem que honrou a política e até hoje é motivo de grande orgulho”, resumiu o jornalista.

Solenidade concorrida
Os convidados que lotaram o Plenário Deputado Osni Régis e ficaram fascinados com a emoção demonstrada pelo neto do ex-governador, Roberto Lacerda, ao ler, na tribuna, trechos de discursos do avô. “Fiquei comovido com a devoção que este menino tem pelo avô”, confessou Moacir, explicando que para livrar-se do assédio do neto de Lacerda e do seu próprio filho, Moacir “Moa” Pereira Cardoso, aceitou escrever o livro.

Além das filhas Zoê e Cristina, prestigiaram a sessão especial familiares do ex-governador, autoridades, ex-colaboradores, amigos e admiradores, entre eles Salomão Ribas Junior, presidente da Academia Catarinense de Letras; Ademir Arnon, presidente da Associação Catarinense de Imprensa; e Nelson Santiago, secretário de Estado da Comunicação.

Também compareceram o presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHGSC), Augusto César Zeferino, o ex-deputado Fernando Bastos, a ex-prefeita Angela Amin e Paulo Oliveira de Andrade, diretor dos Correios e Telégrafos, que na oportunidade lançou selo comemorativo ao centenário de nascimento de Jorge Lacerda.

Vítor Santos
Agência AL

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