Justiça lança ferramenta Busca Ativa para estimular adoção tardia
Mais de 360 crianças e adolescentes acolhidos, aptos mas sem perspectiva de adoção, podem ter a chance de ganhar uma nova família com a criação da ferramenta Busca Ativa, lançada na manhã desta quinta-feira (12) pela Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. O sistema vai possibilitar que as famílias habilitadas a adotar uma criança no estado (que são mais de 3 mil) pesquisem e vejam imagens das crianças e adolescentes abrigados.
O juiz-corregedor Rodrigo Tavares Martins explicou que o alvo principal do programa são as crianças e adolescentes na faixa de 8-18 anos, os grupos de irmãos e crianças com deficiência, três grupos que em geral não possuem pretendentes e passam longos anos nos abrigos. “Atualmente, quando um habilitado se inscreve e é chamado para adoção, ele não conhece a criança que está adotando. Com essa ferramenta, o habilitado já inscrito e na fila de adoção vai poder acessar pela internet o sistema Busca Ativa, conhecer as crianças que estão disponíveis para adoção e obter mais informações sobre elas, inclusive com fotos e vídeos.”
O estado tem hoje 1.530 crianças e adolescentes em 130 abrigos. Desses, 361 estão disponíveis para adoção, mas em geral não correspondem às características que as famílias adotantes procuram - crianças brancas com até três anos. "Se forem vistas, quem sabe essas crianças tenham a chance de ganhar uma família", cogita o juiz-corregedor. Ele informou que as crianças e adolescentes abrigados serão consultados se autorizam a divulgação de suas imagens no Busca Ativa e, nos próximos 90 dias, as equipes técnicas vão abastecer o sistema com imagens das crianças que queiram participar.
O promotor João Luiz de Carvalho Botega, coordenador do Centro Operacional da Infância e Juventude, opinou que a criação do sistema é uma conquista importante para que essas crianças e adolescentes sejam vistos. “O Estatuto da Criança e do Adolescente, que completa 28 anos amanhã, estabelece que toda criança tem direito a uma família. Nenhuma criança deveria crescer em um abrigo”, enfatizou.
O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Rodrigo Collaço, complementou que o sistema mostrará esse grupo de crianças que acaba não sendo visto e não sendo escolhido. “Muitas vezes as crianças ficam até os 18 anos nesses abrigos e saem sem profissão, sem família. Queremos dar visibilidade a essas crianças que hoje estão escondidas nos abrigos públicos, mostrar que se forem adotadas vão tornar uma família feliz porque são crianças ótimas”, disse.
O acesso às imagens e informações sobre as crianças e adolescentes abrigados será facultado somente às famílias cadastradas e habilitadas à adoção, mediante liberação de login e senha.
Agência AL