Jorge Bornhausen relembra sua trajetória política em sessão solene na Assembleia
Uma noite para relembrar fatos antigos e recentes da vida política brasileira. Assim foi a sessão solene de outorga do título de Cidadão Catarinense a Jorge Konder Bornhausen, realizada na noite desta quarta-feira (29) no Palácio Barriga Verde. A homenagem ao ex-senador e ex-governador, reuniu lideranças políticas, eclesiásticas e empresariais.
A solenidade foi proposta pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Gelson Merísio (PSD), com o apoio dos demais parlamentares, com base em um projeto de lei de 2004, de iniciativa do então deputado estadual Jorginho Melo.
O secretário estadual de Planejamento, Felipe Melo, filho de Jorginho, representou o pai na cerimônia. Ele destacou que a homenagem tem por objetivo relembrar a trajetória de uma figura política cujo nome ultrapassa as fronteiras do estado. “Apesar de já ter passado 30 anos do seu governo, não há catarinense ou brasileiro que não lembre de seu nome”, disse.
Falando em nome dos 40 deputados, José Nei Ascari (PSD) ressaltou iniciativas do governo Bornhausen, como a pavimentação de mais de mil quilômetros de rodovias, a instalação de 13 mil quilômetros de cabeamentos elétricos, o fortalecimento do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) e o programa Pó de Giz, voltado à educação. “A educação, sua prioridade entre as prioridades, não foi só o marco de seu governo, mas uma ação que fez de Santa Catarina um estado modelo”.
Da mesma forma, Gelson Merísio afirmou que Bornhausen deixa um legado de “respeito, conhecimento e esforço cotidiano, que contribuiu para que Santa Catarina se destacasse entre os estados brasileiros”.
A busca da conciliação
Da tribuna, o homenageado fez um relato de sua vida e trajetória política, fortemente ligada à história política do país. Bornhausen afirmou que o fato de ser carioca de nascimento ainda causa surpresa a muitas pessoas que o conhecem, devido a sua identidade com Santa Catarina. O fato, disse, se deve à vitória da revolução promovida por Getúlio Vargas, em 1930, que forçou seu pai, Irineu Bornhausen, então prefeito de Itajaí, e outros integrantes de sua família, como o tio Adolfo Konder, governador do estado, a se exilarem no Rio de Janeiro. “Foi a política quem me fez nascer no Rio de Janeiro, mas sempre fui catarinense de coração”.
A política entrou em sua vida quando começou a participar de reuniões políticas do seu pai, partidário da UDN, e trabalhando na campanha política de seu primo, Antonio Carlos Konder Reis, em 1965.
Ele confidenciou que em 1979, seu primeiro ano como governador, 45% da população catarinense avaliava sua gestão como péssima ou ruim, o que o levou a redobrar os esforços à frente do cargo. Foram obras do seu governo a duplicação da Beira Mar Norte, a construção do Centro Integrado de Cultura, o Terminal Rodoviário Rita Maria, em Florianópolis, a Fundação Catarinense de Educação Especial, em São José e inúmeras escolas técnicas pelo estado.
“Meu maior orgulho, porém, foi promover a primeira campanha de vacinação contra a poliomielite em Santa Catarina, sob a batuta do cientista Albert Sabin, iniciativa seguida pelos demais estados e que contribuiu para a erradicação desta doença no país”.
Ao final, após pontuar sua passagem nos diversos cargos públicos em que atuou como senador, ministro e embaixador, o “kaiser” da política brasileira afirmou que sempre buscou a conciliação em tudo o que fez. “Cumpri com sobriedade e honradez as missões que me foram dadas. Mas atualmente não estou filiado a nenhuma agremiação partidária e só dou conselhos a quem me pede, e ainda assim, não sei se estão certos”, disse.
O homenageado
Jorge Konder Bornhausen nasceu em 1º de outubro de 1937, no Rio de Janeiro, filho de Irineu Bornhausen e de Maria Konder Bornhausen. Formado em Direito na PUC-RJ, com especializações pela Fundação Getúlio Vargas e Universidade de Paris, Jorge estabeleceu-se como advogado no município de Blumenau.
Sua experiência na vida pública começou em 1967 atuando como vice-governador de Santa Catarina na gestão de Ivo Silveira. Posteriormente, ocupou cargos no Banco do Estado e Santa Catarina (Besc) e na Companhia de Desenvolvimento de Santa Catarina (Codesc).
Em 1979, assumiu o governo estadual, cargo em que permaneceu até 1982, quando foi eleito senador pela primeira vez, pelo PDS.
Em Brasília, foi ministro da Educação entre 1986 e 1987, membro do Conselho da República em 1990 e ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República de 1992 a 1994.
Entre 1996 e 1998, durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso na presidência, atuou como embaixador do Brasil em Portugal. Em 2002, reelegeu-se novamente para o Senado, onde permaneceu até 2010, quando encerrou a vida pública.
Bornhausen também foi fundador do DEM (antigo PFL), partido que presidiu em âmbito nacional durante quase duas décadas. Em 2011, auxiliou informalmente na criação do PSD. (Alexandre Back)