Jasc preserva modalidade trazida pelos colonizadores alemães
Além de incentivar a prática do esporte e o congraçamento entre as cidades, os Jogos Abertos de Santa Catarina (Jasc) também servem para preservar hábitos trazidos pelos imigrantes que colononizaram o sul do Brasil. Uma das modalidades em disputa na 54ª edição do evento, realizada desde sábado (15) em Itajaí, é o punhobol, uma espécie de precursor do vôlei, introduzida no país pelos colonizadores alemães.
O esporte, também chamado de faustball, surgiu na Itália, mas desenvolveu-se na Alemanha, no século passado. Consiste numa disputa entre dois times de cinco jogadores cada, num campo de grama que mede 50 metros x 20 metros. Esse campo é dividido ao meio por uma fita ou rede que fica a 2 metros de altura do solo (para homens) ou a 1,90 metro (mulheres). Todas as jogadas são efetuadas com o punho fechado e as defesas são feitas com o antebraço.
Conforme Hugues Torres, presidente da Federação Catarinense de Punhobol, a prática do punhobol se resume ao Sul do país, sendo Santa Catarina o estado com o maior número de equipes formadas. Estima-se que nos três estados sulistas haja cerca de 1 mil jogadores de punhobol.
"É um esporte que está crescendo", afirma Torres. "Na próxima semana, vamos realizar a quarta edição do Campeonato Escolar de Punhobol, em Blumenau. Teremos 22 equipes de cinco municípios de Santa Catarina. Isso é um grande feito para nós, pois, ao levarmos o punhobol para as escolas, fazemos uma grande evolução".
O dirigente lembra que o esporte não requer grandes investimentos. A modalidade tem uma bola específica, que já é fabricada no Brasil e encontrada nos grandes centros. "O punhobol é gostoso de assistir e fácil de se jogar, pois os atletas têm liberdade para se movimentar em campo", afirma.
Destaque mundial
Aurélio Freitas é árbitro de punhobol e veio de Curitiba (PR) para auxiliar nas partidas dos Jasc em Itajaí. Ele lembra que, embora pouco praticada no Brasil, a modalidade rendeu mais títulos mundais que o vôlei de quadra. "O Brasil pode ser considerada uma potêncio no punhobol", comenta.
Ele acredita que a disseminação no território nacional do punhobol só não foi maior por causa da 2ª Guerra Mundial. "Por causa dos conflitos, os alemães se afastaram dos grandes centros. Havia equipes de punhobol em São Paulo, por exemplo. Hoje não existe mais", diz. Porto Alegre e Novo Hamburgo (RS) também mantêm um trabalho permanente em clubes.
Prática
Em Santa Catarina, Blumenau e São Bento do Sul estão entre as cidades que mais se destacam no trabalho de base no punhobol. Jacson Carniel, técnico do time que representou São Bento do Sul nos Jasc de Itajaí, pratica a modalidade desde 1994. "Descobri o punhobol quando fui chamado para a escolinha da modalidade em São Bento do Sul", conta.
Carniel comenta que mesmo em São Bento, onde o esporte é mais praticado, muitas pessoas o desconhecem. "Causa um certo estranhando quando a gente fala que joga punhobol. As pessoas sabem que é um esporte, mas não fazem ideia de como é que se pratica", explica.
Os atletas do time de São Bento que participaram dos Jasc de Itajaí são todos amadores e têm que conciliar o esporte com outra profissão. Normalmente, os treinamentos são feitos três vezes por semana, após o expediente, e só são intensificados quando se aproxima uma competição.
Resultados
Nos Jasc de Itajaí, as disputas do punhobol começaram no último sábado e envolveram sete cidades: São Bento do Sul, Pomerode, Itajaí, Florianópolis, Blumenau, Joinville e Timbó. Nesta segunda-feira (17), foram disputadas as semifinais e as finais da competição.
Nas semifinais, Florianópolis derrotou São Bento do Sul por 3 sets a 1, enquanto Blumenau superou Itajaí por 3 a 0. Com isso, Blumenau e Florianópolis disputariam a medalha de ouro, em partida programada para o final da tarde desta segunda.
Agência AL